
Fruto de uma residência realizada por 22 artistas, o espetáculo De férias com o fim é um convite para experimentar o apocalipse. Em cartaz no Ateliê Eco-Arte Balaio do Cerrado, a peça é descrita pela coordenadora da residência, Gabriela Rabelo, como uma "experiência imersiva interativa" na qual o público poderá escolher três opções e circular por propostas e cenários que simulam vários tipos de fim do mundo.
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Realizado com a intenção de refletir sobre o impacto das mudanças climáticas e o futuro que a humanidade prepara para o planeta, o projeto nasceu da pesquisa de Gabriela durante um mestrado em direitos humanos e cidadania. Durante abril e março, os 22 artistas foram convidados a refletir sobre o tema coletivamente para daí extrair a dramaturgia. "A estrutura da dramaturgia da peça é uma costura entre os trabalhos individuais dos artistas", avisa a coordenadora. "O público é convidado a entrar numa proposta de futuro distópico onde é forçado a escolher três pacotes em relação ao fim do mundo". O trabalho não tem diretor, apenas a consultoria cênica de Fernanda Alpino.
O primeiro pacote apocalíptico oferecido ao público contém uma proposta mais festiva, na qual o fim do mundo é celebrado com uma festa. No segundo pacote, a ideia é fazer um ritual ancestral e enfrentar o caos final com os olhos voltados para a ancestralidade. "Aqui falamos sobre afrofuturismo, questões indígenas, futurismo", avisa Gabriela. "O terceiro pacote é uma experiência mais individualizada, uma proposta mais individual. Essa dramaturgia é uma expectativa de como o público vai analisar o que é o fim do mundo para ele. Cada um pode escolher o que acredita ser o fim do mundo."
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No elenco, há um misto de artistas convidados com outros selecionados em uma chamada aberta. O circuito apocalíptico será encenado por Gabriela Rabêlo (Briu), Nathália Azoubel, Tassiana Rodrigues, Larissa Souza, Íris Marwell, Cainan Rodrigues, Catu, Coletivo Kilombra, Erica Rodrigues, Oli, Maria Vitória Carballar, Gaspar e Kosha.
A intenção é que, no final, o público enxergue a possibilidade de refletir criticamente sobre a temática. Para Gabriela, encarar o impacto da mudança climática é inevitável e quem vive no cerrado do Planalto Central tem responsabilidade extra. "Esse projeto também vem do meu mestrado e, dentro da minha pesquisa, defendo a justiça ambiental como uma justiça em prol dos direitos humanos. A partir disso, a gente entende que o cerrado é um local importantíssimo para essa discussão, já que aqui temos o berço das águas e a gente vai percebendo a importância do nosso impacto nessa luta por justiça climática", explica Gabriela.