
A capital fluminense será palco de um dos maiores eventos musicais do ano neste sábado (3), quando Lady Gaga sobe ao palco montado na Praia de Copacabana, no Rio de Janeiro, para um espetáculo inédito e gratuito. A expectativa é que mais de 1,5 milhão de pessoas compareçam à orla para prestigiar a apresentação da artista norte-americana, marcando um momento icônico em sua trajetória.
O show no Brasil integra a nova fase da carreira da cantora, que lançou no último dia 7 de março seu oitavo álbum de estúdio. Gaga já deu sinais do que o público pode esperar em suas performances recentes no Coachella, nos Estados Unidos, e no México, no último dia 26 de abril. Em ambas as ocasiões, ela apresentou um setlist dividido em atos teatrais, que misturam novidades do disco com sucessos consagrados.
A estrutura do show é pensada como uma ópera pop dividida em cinco atos, com títulos dramáticos e atmosferas distintas. No primeiro segmento, Of Velvet and Vice, Gaga inicia a noite com faixas como “Bloody Mary”, “Poker Face” e “Scheiße”, unindo ado e presente em um mix provocativo. O segundo ato, And She Fell Into a Gothic Dream, traz sucessos como “Paparazzi” e “Alejandro”, além das novas “Perfect Celebrity” e “Disease”.
No terceiro ato, intitulado The Beautiful Nightmare That Knows Her Name, a cantora entrega faixas inéditas como “Killah” e “Zombieboy”, evidenciando a estética sombria que permeia o novo trabalho. Já em To Wake Her Is to Lose Her, Gaga emociona com canções como “Born This Way” e “Shallow”, encerrando com “Vanish Into You”, uma balada melancólica que tem conquistado os fãs.
O grand finale, Eternal Aria of the Monster Heart, promete arrepiar o público com a icônica “Bad Romance”, consolidando a noite como um verdadeiro espetáculo à altura do apelido que ela mesma cunhou: Mother Monster.
O evento em Copacabana é não só uma celebração da nova era musical de Lady Gaga, como também um marco de o democrático à arte, ao levar gratuitamente um dos maiores nomes do pop mundial para as areias de uma das praias mais emblemáticas do planeta.
Opera pop: o conceito usado para trabalhos de Lady Gaga
No palco do Coachella, Lady Gaga não apenas se apresentou — ela encenou um espetáculo que muitos já consideram um marco na fusão entre música pop e teatro lírico. O show, carregado de teatralidade e dividido em atos, foi amplamente descrito como uma “ópera rock” ou “ópera dark pop”, evidenciando como o conceito clássico de ópera se transformou para dialogar com a estética contemporânea.
Esse mesmo conceito também aparece no novo projeto de Miley Cyrus. A cantora define seu álbum visual Something Beautiful como uma verdadeira “ópera pop”, reforçando a tendência de transformar álbuns musicais em narrativas cinematográficas e completamente cantadas. A primeira parte da obra, batizada de “Ato 1”, já foi apresentada com faixas como “Prelude”, “Something Beautiful” e “End of the World” — todas entrelaçadas sem espaço para diálogos falados, seguindo à risca o formato operístico.
Historicamente, a ópera surgiu na Itália do século XVII, com a obra Dafne de Jacopo Peri, considerada o ponto de partida do gênero. Desde então, a ópera se estabeleceu como uma forma artística que une canto, encenação e música orquestral em uma narrativa contínua. Ao contrário do teatro musical moderno, onde canções se intercalam com falas, a ópera se caracteriza por não conter diálogos falados — toda a comunicação acontece por meio da música.
Lady Gaga e Miley Cyrus, portanto, não estão apenas inovando dentro da música pop — estão resgatando uma tradição erudita e recontextualizando-a para as novas gerações. Seus projetos não apenas encantam os fãs com visual e som, mas também ampliam os horizontes do que pode ser considerado música popular.
Se antes a ópera era restrita a teatros e públicos seletos, agora ela pulsa no centro da cultura pop, embalando multidões em festivais e plataformas de streaming. O clássico e o moderno, enfim, se encontram — e cantam juntos.