Investigação

Homem que matou e enterrou esposa insiste na versão de que ela se suicidou

Para a polícia, a versão não se sustenta. Em novo depoimento, Marcelo Inácio disse aos investigadores que Elane Rodrigues pediu a ajuda dele para enterrá-la. "Não tem lógica e cabimento esse depoimento", afirmou o delegado-chefe da 16ª DP

Elane da Silva Rodrigues estava desaparecida desde janeiro -  (crédito: Cedida ao Correio)
Elane da Silva Rodrigues estava desaparecida desde janeiro - (crédito: Cedida ao Correio)

A Polícia Civil (PCDF) colheu um novo depoimento do homem acusado de matar e enterrar o corpo da companheira no Assentamento Oziel Alves III, no Núcleo Rural Pipiripau II, em Planaltina. Marcelo Inácio da Conceição, 41 anos, responde por ocultação de cadáver e pelo feminicídio de Elane da Silva Rodrigues, 36, com quem manteve um casamento de mais de 10 anos.

Em uma nova oitiva prestada aos policiais civis da 16ª Delegacia de Polícia (Planaltina), Marcelo sustentou a versão de que a vítima pretendia suicidar-se e pediu ajuda a ele para enterrá-la, pois, segundo ele, a mulher não queria comunicar ninguém da decisão, tampouco ser velada pela família. A versão, no entanto, não é contundente e foi descartada pela polícia.

"Ele contou que a vítima deu a entender que acabaria com a vida de três pessoas e teria questionado se ele preferia um ou três cadáveres, em uma suposta menção a ele e aos dois filhos do casal, de 9 e 1 ano", detalhou o delegado-chefe da unidade, Richard Valeriano.

O corpo de Elane foi localizado na quarta-feira pelos agentes, após o próprio autor indicar o local, no assentamento. Inicialmente, ele contou que a vítima havia saído de casa em 15 de janeiro e pegado uma carona para se mudar para o Paraná. "Ele chegou em casa dizendo à mãe, aos filhos e ao irmão que a mulher havia abandonado a família", disse o delegado. A polícia descobriu que, neste mesmo dia, Elane saiu da residência rumo ao Centro de Referência de Assistência Social (Cras) em busca de benefício governamental.

Marcelo saiu logo atrás. Preocupados com a demora, os familiares do homem foram procurar o casal e encontraram a garrafa de água gelada de Elane no banco de uma parada de ônibus. O pintor voltou para casa sozinho e contou a versão de que a mulher havia fugido. Neste tempo, ele se ou por Elane em conversas no WhatsApp para despistar a polícia e enganar os parentes, incluindo a filha de 17 anos da vítima, fruto de outro relacionamento. O Correio apurou que uma das mensagens enviadas à jovem dizia: "Sai do meu pé. Eu vou sumir e não quero mais contato."

De acordo com o delegado, após a descoberta das mensagens, Marcelo contou a história de que Elane queria suicidar-se. "Não tem lógica e cabimento esse depoimento. Mesmo que fosse, o correto era ele ter comunicado as autoridades, e não ocultar o corpo. Outra coisa é o galho que ele apontou onde teria ocorrido o suicídio. Os peritos comprovaram que não aria o peso de uma pessoa", declarou o policial.

Marcelo deve ar por audiência de custódia hoje. Ele responde por feminicídio e ocultação de cadáver. Nos próximos dias, a polícia vai colher o depoimento de familiares do autor e da vítima para entender o histórico do relacionamento do casal e fechar o inquérito.

 

postado em 03/04/2025 21:55 / atualizado em 04/04/2025 07:00
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