
A notícia da escolha de Robert Francis Prevost como novo papa foi recebida pelos bispos brasileiros com entusiasmo. Segundo os dirigentes da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que representa todos os bispos do país, Leão XIV tem proximidade com a instituição e tinha até viagem marcada ao Brasil.
Ele seria pregador na 62ª Assembleia Geral dos Bispos de 2025, que seria realizada entre o fim de abril e o início de maio, mas foi adiada por causa da morte do papa Francisco. “Quando nós o convidamos (em fevereiro, quando Prevost os recebeu durante visita à Cúria Romana), ele imediatamente aceitou”, disse ontem Dom Ricardo Hoepers, secretário-geral da instituição.
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“Ele tem um carinho, um amor muito grande pelo Brasil. De todos os dicastérios que a presidência visitou, a conversa com o cardeal Prevost, agora Papa Leão XIV, foi o lugar em que nós ficamos por mais tempo conversando. Foram os dois que a Presidência (da CNBB) conversou por mais tempo: o papa Francisco, que seria 15 minutos e ficou quase uma hora conosco, e o cardeal Prevost, que nos atendeu no dicastério para os bispos”, completou. “O carinho, a preocupação que ele tem com o Brasil, a iração que ele tem pelo nosso trabalho, nos traz muita alegria. Ele nos conhece profundamente. Para nós, do episcopado do Brasil, é um grande presente. O papa Leão XIV conhece o Brasil e, com certeza, teremos todo o apoio dele naquilo que faz parte do nosso trabalho”, completou Hoepers. Prevost esteve no Brasil algumas vezes. Quando era prior geral dos Agostinianos, veio em dois anos seguidos, 2012 e 2013, visitando a comunidade em Belo Horizonte (MG) e em Guarulhos (SP).
A CNBB divulgou, também, uma mensagem aberta ao papa Leão XIV, na qual diz que o Brasil acolhe sua chegada “de coração aberto” e coloca os bispos brasileiros à disposição de seu pastoreio. “O Brasil acolhe sua eleição com o coração aberto. Foram dias intensos de oração, em que todas as nossas comunidades se uniram para rezar pelo sufrágio da alma do papa Francisco, e depois dos novemdiales, pelo Conclave, para que o Espírito Santo conduzisse o Colégio Cadinalício”, diz um trecho da mensagem. “Queremos caminhar em comunhão com seu ministério, com espírito sinodal e missionário, para fazer da Igreja cada vez mais uma casa de portas abertas, onde todos se sintam acolhidos, amados e valorizados, especialmente os pobres”, continua a entidade.
Polêmicas
Em uma coletiva de imprensa, os dirigentes da CNBB elogiaram o novo pontífice e despistaram sobre os posicionamentos políticos do novo pontífice. Segundo Dom Ricardo Hoepers, o discurso do novo papa deixou claro que uma de suas prioridades será a busca pela paz no mundo. “Ele é um homem que escuta, que está atento ao que se diz. Eu tenho certeza de que isso será fundamental na conversa com os grandes governantes, com os grandes homens que estão à frente dos países em crise”, avaliou Hoepers.
Os representantes da CNBB também responderam a perguntas sobre as acusações de que Prevost teria acobertado abusos sexuais no Peru. Em 2023, ele foi acusado por três mulheres, que alegaram ter sido abusadas por dois padres quando eram crianças. Na época dos fatos, ele era da diocese de Chiclayo, no Peru. Segundo a CNBB, foi o próprio Prevost quem levou os casos ao Vaticano, onde o processo ainda tramita. “Importante que o processo foi para a frente e foi o próprio Prevost, à época, que organizou o processo e levou até Roma, para que fosse investigado até as últimas consequências”, salientou.