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Não era exatamente um contraponto ao Iluminismo, mas expressava sua reação à preponderância da razão e do racionalismo absoluto. Movimento artístico e intelectual com implicações políticas e estéticas significativas, valorizou a natureza, a história, o individualismo e o intimismo. Dialogou, de formas distintas e não lineares, com o liberalismo (político e não econômico), o conservadorismo, o radicalismo e o socialismo.</p> <p class="texto"><strong>Artigos da série em parceria entre o Correio Braziliense e o Instituto Histórico e Geográfico (IHG-DF) sobre a criação de Brasília: </strong></p> <ul> <li><a href="/cidades-df/2025/04/7115550-os-bracos-o-traco-e-a-forma.html" target="_blank">Os braços, o traço e a forma</a></li> <li><a href="/cidades-df/2025/05/7129669-a-invencao-das-capitais-ii.html" target="_blank">O inventor das capitais</a></li> <li><a href="/cidades-df/2025/05/7141734-o-estadista-braziliense.html" target="_blank">O estadista braziliense*</a></li> <li><a href="/cidades-df/2025/05/7129669-a-invencao-das-capitais-ii.html" target="_blank">A inteligência, a bravura e a história</a></li> </ul> <p class="texto">É nesse longo, inquieto e exuberante século 19 que Alexander von Humboldt, Auguste de Saint-Hilaire e Adolfo Varnhagen contribuem para a compreensão e a integração do Brasil, notadamente para a identificação do Brasil Central, onde seria edificada a, longamente perquirida, capital do Brasil, Brasília. O prussiano Barão de Humboldt— polímata, geógrafo, naturalista e um dos líderes do Romantismo na Alemanha — nunca esteve no Brasil. Mas, entre 1799 e 1804, realizou uma viagem pela América do Sul, quando percorreu maisde 9.500 quilômetros, onde seria hoje a Venezuela, a Colômbia, o Peru, o Equador, o México e Cuba. Nas suas pesquisas e desbravamentos, Humboldte e o seu companheiro de aventura Aimé Bonpland foram dois dos primeiros cientistas a explorar, de forma abrangente, a Bacia Amazônica e coletaram mais de 60 mil espécies botânicas pela América Latina. Suas observações fundaram a geologia moderna, a climatologia, a meteorologia e a oceanografia. Realizavam, assim, “a descoberta cientifica do Novo Mundo”. Quando o jovem Charles Darwin embarcou no Beagle, para a sua grande viagem de pesquisa e exploração, levava na sua bagagem um exemplar da <em>Narrativa Pessoal</em> de Humboldt.</p> <p class="texto">O aprendizado botânico chegou a Saint-Hilaire com a leitura e o diletantismo, entre amigos, herborizando e fazendo longas caminhadas nos arredores de Orléans, na França, no final do século 18. A natureza, antes hostil, agora tinha lugar privilegiado na agradabilidade, na moralidade, na saúde e na imprescindibilidade para a humanidade. Em 1815, já em Paris e depois da sua interlocução com o maior botânico francês de então, Antoine-Laurentde Jussieu, Saint-Hilaire se integra ao seleto grupo de botânicos da França. 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O que liga Brasília a Humboldt 4v713a Saint-Hilaire e Varnhagen?
LEGADO BRASILIENSE

O que liga Brasília a Humboldt, Saint-Hilaire e Varnhagen? 4v5c14

Em mais um artigo que celebra o aniversário de Brasília, do Correio Braziliense e do Instituto Histórico e Geográfico do DF (IHGDF), pesquisadores destacam fatos que ligam os primórdios do surgimento da capital do país o4f1n

Por

Jorge Henrique Cartaxo — jornalista e diretor de Relações Institucionais do IHG-DF
Lenora Barbo — arquiteta e diretora do Centro de Documentação do IHG-DF

Especial para o Correio

No final do século 18, ados os primeiros tormentos do terror da Revolução sa (com os seus três momentos que têm início em 1789, com a Monarquia Constitucional, e terminam em 1799, com o Consuladode Napoleão), o Romantismo tem sua origem na Alemanha e espalha-se pela Europa e a América. Não era exatamente um contraponto ao Iluminismo, mas expressava sua reação à preponderância da razão e do racionalismo absoluto. Movimento artístico e intelectual com implicações políticas e estéticas significativas, valorizou a natureza, a história, o individualismo e o intimismo. Dialogou, de formas distintas e não lineares, com o liberalismo (político e não econômico), o conservadorismo, o radicalismo e o socialismo.

Artigos da série em parceria entre o Correio Braziliense e o Instituto Histórico e Geográfico (IHG-DF) sobre a criação de Brasília: 

É nesse longo, inquieto e exuberante século 19 que Alexander von Humboldt, Auguste de Saint-Hilaire e Adolfo Varnhagen contribuem para a compreensão e a integração do Brasil, notadamente para a identificação do Brasil Central, onde seria edificada a, longamente perquirida, capital do Brasil, Brasília. O prussiano Barão de Humboldt— polímata, geógrafo, naturalista e um dos líderes do Romantismo na Alemanha — nunca esteve no Brasil. Mas, entre 1799 e 1804, realizou uma viagem pela América do Sul, quando percorreu maisde 9.500 quilômetros, onde seria hoje a Venezuela, a Colômbia, o Peru, o Equador, o México e Cuba. Nas suas pesquisas e desbravamentos, Humboldte e o seu companheiro de aventura Aimé Bonpland foram dois dos primeiros cientistas a explorar, de forma abrangente, a Bacia Amazônica e coletaram mais de 60 mil espécies botânicas pela América Latina. Suas observações fundaram a geologia moderna, a climatologia, a meteorologia e a oceanografia. Realizavam, assim, “a descoberta cientifica do Novo Mundo”. Quando o jovem Charles Darwin embarcou no Beagle, para a sua grande viagem de pesquisa e exploração, levava na sua bagagem um exemplar da Narrativa Pessoal de Humboldt.

O aprendizado botânico chegou a Saint-Hilaire com a leitura e o diletantismo, entre amigos, herborizando e fazendo longas caminhadas nos arredores de Orléans, na França, no final do século 18. A natureza, antes hostil, agora tinha lugar privilegiado na agradabilidade, na moralidade, na saúde e na imprescindibilidade para a humanidade. Em 1815, já em Paris e depois da sua interlocução com o maior botânico francês de então, Antoine-Laurentde Jussieu, Saint-Hilaire se integra ao seleto grupo de botânicos da França. Nesse momento, teria encontrado e ficado amigo de Alexander von Humboldt — famoso e festejado em toda a Europa e nos EUA — que acompanharia e aria a reconhecer e elogiar a obra de Saint-Hilaire.

Auguste de Saint-Hilaire chega ao Brasil na delegação do Duque de Luxembourg, em 1816. O duque tinha a missão de negociar a devolução da Guiana sa, então sob o domínio português. Saint-Hilaire, membro do Muséum d’Histoire Naturelle, realizaria uma missão cientifica e naturalista. Em 1819, depois de percorrer o litoral norte do Rio de Janeiro e parte de Sabará, em Minas Gerais, o botânico de Orléans segue para a nascente do rio São Francisco. Depois, para a Capitania de Goiás, visitando Meia Ponte (Pirenópolis), Vila Boa (Goiás Velho), Jaraguá, Ouro Fino, Corumbá, Bom Fim (Silvânia) e Santa Luzia (Luziânia), entre outros povoados.

Nessa região, ele identificou, em documentos cartográficos, as nascentes dos grandes rios: São Francisco, Tocantins e Grande. Eles formam as três grandes bacias do Brasil.  Além das referências orográficas e hidrográficas e das coletas minerais e botânicas, Saint-Hilaire — discípulo de Humboldt — fazia anotações sobre a história, extensão e limites territoriais, superfícies, vegetação, clima, salubridade, população, istração pública e financeira, clero e instituições, tradições e costumes, ritos e celebrações, arquitetura, produção agrícola e hábitos alimentares. 

“Não havia, absolutamente, no Brasil um centro comum; era um círculo imenso cujos raios iam convergir bem longe da circunferência”, observaria, posteriormente, Saint-Hilaire, depois de percorrer o que viria a ser o Brasil Central. Acompanhando a grande tensão política que inquietava o Brasil (1816/1822) com os desencontros entre Lisboa e o Rio de Janeiro — então sede da Coroa Portuguesa — Saint-Hilaire compartilhava o mesmo pensamento de Hipólito da Costa e José Bonifácio, de que uma independência republicana certamente dividiria o país em estados conflitantes e bélicos, governados por pequenas tiranias.

Quando o jovem Francisco Adolfo de Varnhagen chega a Lisboa, no ano de 1825 — vindo do Brasil —, para estudar “Matemáticas no Real Colégio Militar da Luz”, a Independência ainda era instável, José Bonifácio estava exilado na França, Hipólito da Costa havia falecido, Saint-Hilaire publicava, na França, suas obras sobre o Brasile Alexander von Humboldt morava em Paris e era um dos maiores cientistas do seu tempo. Em 1839, conclui sua formação na Real Academia de Fortificação, Artilharia e Desenho. Mais do que um militar, entretanto, ele se destacaria como diplomata e historiador. Diplomata, atuou na Europa — na Espanha e na Áustria — e, no Rio de Janeiro, como consultor nas negociações sobre os limites das repúblicas hispano-americanas. Serviu ainda no Paraguai, na Venezuela, no Peru, no Equador e no Chile. Participou do Congresso de Estatística de São Petersburgo, em 1872, na função de vice-presidente da Comissão Permanente.

Historiador e pesquisador, Varnhagen teve uma atuação ampla e, não raro polêmica, mas nem por isso menos notável. Atuante no Instituto Históricoe Geográfico Brasileiro, publicou a sua História Geral do Brasil. Para ele, a história era um instrumento político fundamental na organização das nações, nos valores dos cidadãos e na ordem do Estado. Monarquista, nacionalista no estilo do seu tempo, católico, eurocêntrico e contra a integração dos índios, discordava da tese de Bonifácio.

O seu feito mais notável, entretanto, seria a sua grande defesa da integração do país, uma vez construída a nova capital no Planalto Central. A ideia não era original, mas o feito, sim! Como ilustram bem os textos e manifestações de Hipólito da Costa e José Bonifácio, a transferência da capital era um imperativo! Mas o gesto de Varnhagen tem mérito e valor histórico relevantes. Em seu Memorial Orgânico, de 1849-1850, defende a transferência e a edificação da nova capital, agora com as facilidades de comunicação com a construção de ferrovias, já em expansão na Europa.

Em 1877, deixa o seu posto em Viena com destino ao interior de Goiás, onde iria confirmar o sítio que abrigaria a nova capital. Já no Rio, segue de trem até Uberaba. De lá, em lombo de burro, até Formosa, a Lagoa Feia e Mestre d’Armas. Como dito antes, a ideia não era nova. Mas foi ele o primeiro homem de estado do Brasil a por os pés na mesma região onde seria construída Brasília, quase um século depois. Ao retornar, escreve sua última reflexão para o país: A questão da capital: marítima ou no interior?

O sorocabano Visconde de Porto Seguro não viveria para ver a publicação da sua obra histórica, densa e consistente e, nesse caso, oportuna e contemporânea. Adolfo Varnhagen faleceria em 1878, na cidade de Viena. O Romantismo perdia sua exuberância, a Belle Époque em Paris anunciava uma época longa de prosperidade, conservadorismo e o embelezamento da cidade com seus parques e seus boulevards egressos da grande reforma do Barão Haussmann.

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