
Modinha entre influencers fitness e de saúde, a própolis é muito usada em shots, principalmente nos que prometem aumento da imunidade, e em chás. Embora seja muito usada diariamente, poucos sabem quais são, de fato, as propriedades da substância e como ela deve e pode ser ingerida para garantir benefícios para a saúde.
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A origem do nome é grega — quer dizer defesa da cidade — e o significado diz muito sobre o que é a própolis. Usada para proteger e esterilizar a colmeia, é uma resina produzida pelas abelhas a partir do material coletado em flores, brotos, folhas e cascas de plantas. A essas substâncias, elas acrescentam secreções salivares, pólen e cera.
Com a própolis pronta, as abelhas a usam para higienizar os favos e as paredes internas da colônia. Elas cobrem animais mortos que não conseguem remover, evitando que eles se decomponham e contaminem o ninho. A resina também é usada sobre as aberturas da colmeia, para vedá-las ou reduzi-las, promovendo a regulação da temperatura e evitando a entrada de inimigos naturais.
Dados da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) do Meio-Norte apontam que a substância tem inúmeras propriedades farmacológicas, incluindo atuação bactericida, antifúngica, analgésica, cicatrizante, anti-inflamatória, antiviral e antioxidante, entre outras.
Existem diversos tipos de própolis, como a verde, a vermelha e a marrom. Essas variações, segundo o pesquisador Daniel Santiago, acontecem a depender do tipo de abelha que produz a substância, a sua localização geográfica e os tipos de plantas a partir das quais elas tiram os ativos.
Cada uma delas tem suas particularidades. A mais comum no Brasil, a verde, é produzida a partir da planta chamada de vassourinha ou alecrim-do-campo e se destaca pelas propriedades antimicrobianas, cicatrizante, anti-inflamatória e antioxidante. É muito usada no combate a inflamações.
Já a vermelha tem chamado atenção por sua utilização na saúde feminina e na beleza da pele. Originária dos manguezais do Norte e Nordeste do Brasil, tem uma composição química única, com flavonoides prenilados e antraquinonas, que potencializa seus benefícios, sobretudo o combate aos radicais livres, retardando, assim, o envelhecimento celular. Estudos mostram, inclusive, o potencial antitumoral e de regulação hormonal da própolis vermelha — especialmente benéfica para quem sofre com os sintomas da TPM e cólicas menstruais intensas. Também ajuda a aliviar sintomas da menopausa.
A própolis marrom tem especial atuação nas células de defesa do corpo, sendo uma boa opção para quem precisa combater sintomas de infecções ativas, como gripe.
Sabedoria antiga
O uso da própolis pela humanidade não é novidade, registros mostram que civilizações antigas, como os egípcios, usavam a resina nos embalsamentos por causa das suas funções antissépticas. Era um componente importante da medicina dos gregos, romanos, incas e outros povos, sendo usada em diversos preparos. Mas há algum tempo, a própolis ganhou mais popularidade.
Um estudo publicado pela Embrapa Meio-Norte, assinado pelos pesquisadores da área de química industrial e engenharia agrônoma, Ana Lúcia Horta Barreto, Maria Teresa do Rêgo Lopes, Fábia de Mello Pereira e Bruno de Almeida Souza, demonstra que, nos últimos anos, os extratos de própolis tiveram um aumento expressivo em produtos farmacêuticos, cosméticos e de higiene pessoal, atendendo uma demanda do mercado por produtos mais naturais.
O médico nutrólogo Timotheos Wu, CEO da Miya Kea, empresa de produtos naturais, ressalta que a própolis tem propriedades imunomoduladoras, o que faz com que o ativo seja muito usado nos chamados shots de imunidade.
Mas esse uso não pode ser indiscriminado. Muitas pessoas ainda acreditam que produtos naturais podem ser consumidos sem limites e que sempre fazem bem, o que não é verdade. O consumo de própolis em excesso pode ocasionar danos nos fígado, que fica sobrecarregado filtrando substâncias que o corpo não precisa. Pessoas com diabetes também precisam tomar cuidado com os compostos que levam mel e açúcar, além dos extratos alcoólicos.
Para começar, os especialistas ensinam que, na hora de comprar um extrato ou qualquer outro produto de própolis, é importante verificar o rótulo e a certificação e registro do Ministério da Agricultura. Em seguida, Timotheos alerta que pessoas que tenham alergia a outros produtos apícolas e compostos como pólen ou resinas precisam ter cuidado extra e evitar o consumo. Ele também recomenda que grávidas, lactantes e crianças com menos de 2 anos de idade consultem um médico antes de consumir própolis.
Como consumir
Extrato
É a forma mais comum de ingerir a substância. A própolis é diluída em água ou álcool, sendo a segunda a que mais conserva e concentra os ativos e benefícios. O extrato pode ser misturado em sucos, receitas e shots.
Cápsulas
Oferecem mais praticidade e garantem mais exatidão na dosagem, evitando excessos se tomadas conforme indicação.
Balas pastilhas
Auxiliam no alívio imediato de sintomas, principalmente dores de garganta.
Gotas
Podem ser usadas para gargarejo ou colocadas direto na boca para tomar.
Gel ou creme cicatrizante
Indicados para aplicação de feridas e machucados na pele, ajudando na cicatrização e reduzindo o risco de inflamação.