
Cefaleia nada mais é que o termo técnico para a tão popular dor de cabeça. Esse sintoma tão comum pode ter inúmeras causas, desde as mais comuns, como a cefaleia do tipo tensional e a enxaqueca, assim como causas bem incomuns, como doenças neurológicas que a maioria das pessoas nunca nem ouviu falar. A Sociedade Internacional de Cefaleia classifica a cefaleia em mais de 150 tipos e estima-se que cerca de 60% dos homens e 75% das mulheres apresentem pelo menos um episódio de dor de cabeça por mês.
A cefaleia do tipo tensional já teve diferentes nomes, como cefaleia por contração muscular, cefaleia do estresse e cefaleia psicogênica. Essa multiplicidade de nomes reflete em parte os diferentes critérios diagnósticos utilizados ao longo dos anos e as diferentes formas de entender a causa desse tipo de dor de cabeça. É difícil dizer o quanto a cefaleia do tipo tensional faz parte da vida de crianças e adolescentes, já que são heterogêneos os resultados de estudos epidemiológicos, mas chegam a mostrar uma prevalência que vai de 10 até 80%.
No Brasil, um estudo epidemiológico, envolvendo adultos das cinco regiões geográficas, constatou uma prevalência de cefaleia do tipo tensional de 13%, um pouco maior entre os homens (15.4%), quando comparado às mulheres (9.5%) . Chamou a atenção o fato de que os jovens na faixa etária entre 18 e 29 anos eram os que apresentavam o diagnóstico com maior prevalência. As crianças costumam apresentar crises de cefaleia do tipo tensional já por volta dos sete anos, com crises que costumam durar cerca de duas horas e usam medicações para dor em média uma vez por mês.
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Estudos confirmam aquilo que o bom senso já indicava: adolescentes com hábitos de vida pouco saudáveis têm mais dores de cabeça, incluindo a cefaleia do tipo tensional. Os resultados mostram que sedentarismo, sobrepeso e tabagismo estão associados de forma independente à frequência de dor de cabeça experimentada pelos adolescentes. Além disso, esses fatores têm efeito aditivo: os que apresentam mais fatores têm mais dor de cabeça.
Já é bem reconhecido que o estresse emocional é um dos fatores que mais desencadeiam crises de dor de cabeça e, de forma geral, qualquer atitude que promova um melhor estado de equilíbrio do corpo e da mente ajuda a evitar crises. Um sono regular deve fazer parte desta receita e os pais podem ajudar muito quando impõem limites no tempo de exposição dos filhos às mídias eletrônicas.
Para as crianças, brincar é fundamental. A rotina de mini-executivos que muitas delas enfrentam com seus múltiplos cursos não combina com um dia a dia sem dor de cabeça. E a pressão psicológica que um adolescente vivencia para ter um resultado de sucesso no vestibular, PAS, Enem? Pressão que muitas vezes já começa anos antes do início das provas.
*Ricardo Afonso Teixeira é Doutor em Neurologia pela Unicamp e neurologista do Instituto do Cérebro de Brasília
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