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Testemunhas oculares, em depoimento a historiadores, garantem que partiu dele a afirmação de que, pela Constituição, a interinidade do governo deveria ser ada ao vice-presidente José Sarney, e não ao presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães. O ministro João Leitão de Abreu e os juristas Affonso Arinos, Paulo Brossard e Miguel Reale reforçaram o que o militar dissera.</p> <p class="texto"><strong><a href="https://whatsapp.com/channel/0029VaB1U9a002T64ex1Sy2w">Siga o canal do Correio no WhatsApp e receba as principais notícias do dia no seu celular</a></strong></p> <p class="texto">Gaúcho de Cruz Alta, estava à frente do III Exército (RS) quando recebeu o convite para assumir o ministério. Conforme frisa o jornalista Elio Gaspari, em <em>A Ditadura acabada</em>, Leônidas compunha — com Francisco Dornelles, na Fazenda; José Hugo Castello Branco, no Gabinete Civil; e Fernando Lyra, na Justiça — o eixo que “realmente contava” dos três que Tancredo estabeleceu para o governo. 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Quando toca o telefone, era o general Ivan (de Souza Mendes, escolhido por Tancredo para chefiar o Serviço Nacional de Informação/SNI). (...) Quando começou a falar, perguntei: ‘O que está acontecendo? Tua voz está horrorosa’. ‘Leônidas, o presidente está no hospital e não tem condições de assumir amanhã’. (...) Peguei o carro e me mandei para lá (...). Cheguei a uma sala onde estava um grupo de homens reunidos — o Ulysses Guimarães, o (presidente do Senado, José) Fragelli, o Sarney (...). Quando cheguei ao centro, me dei conta de qual era a discussão: quem iria assumir. (...) Disse assim: ‘Mas, qual é a dúvida? Os artigos 76 e 77 da Constituição de 1969 são bem claros: quem assume é o Sarney.’ E foi o que se decidiu. Dizem que foi o (ministro do Gabinete Civil, João) Leitão (de Abreu), que foi não sei quem… Coisa nenhuma. Ninguém discutiu. Imediatamente, foi tomada a decisão. Esse episódio (...) é ratificado pelo Ulysses”.</p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/politica/2025/03/7085364-democracia-viva-e-sob-permanente-vigilancia.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/03/15/675x450/1_68688-48098269.jpg?20250316081641" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Política</strong> <span>Democracia viva e sob permanente vigilância</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/politica/2025/03/7085373-mulheres-e-democracia-a-luta-que-ainda-nao-acabou.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/03/15/557-48098251.jpg?20250316081651" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Política</strong> <span>Mulheres e democracia: a luta que ainda não acabou</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/politica/2025/03/7085244-posse-de-sarney-mostrou-que-nossa-democracia-nao-e-para-principiantes.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/03/15/464663424-48098182.jpg?20250315230524" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Política</strong> <span>Posse de Sarney mostrou que nossa democracia não é para principiantes</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/politica/2025/03/7084933-especial-40-anos-de-democracia-nova-republica-comeca-com-medos-e-receios.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/03/13/cbpfot011120110203-47994917.jpg?20250315083002" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Política</strong> <span>Especial 40 anos de democracia: Nova República começa com medos e receios</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/politica/2025/03/7083985-40-anos-de-democracia-a-manobra-para-evitar-que-sarney-assuma.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2025/03/13/cbpfot011120110202-47994957.jpg?20250314063136" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Política</strong> <span>Especial 40 anos de democracia — Parte 4: a manobra para evitar que Sarney assuma</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/politica/2025/03/7083981-40-anos-de-democracia-saida-esta-na-constituicao.html"> <amp-img src="/dapressmidia/CB/NAC/2015/11/13/media/CBNFOT131120151189.jpg?20250314063101" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Política</strong> <span>Especial 40 anos de democracia — Parte 3: saída está na Constituição, mas não há convicção</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p> <p class="texto">Leônidas, porém, dá a entender que pairava, ainda assim, a dúvida sobre ser Sarney o interino. 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Eram três degraus entre a biblioteca e o lugar onde estávamos. Veio com o livro aberto e disse: ‘Estes artigos 76 e 77 são bem claros.’ E acabou o problema”.</p> <p class="texto">FHC, porém, relata diferentemente a conversa na casa de Leitão de Abreu. “Houve aquela discussão: ‘É o senhor quem o substitui (o Tancredo), dr. Ulysses’, disse o Leitão. ‘Eu não. É o Sarney.’ Resolvemos ler a Constituição juntos. Ulysses, Leitão e Fragelli podiam opinar. O general Leônidas e eu, não: nem advogados somos. O general foi claro: ‘Vocês (dirigindo-se aos três) decidem.’ A decisão foi que seria o Sarney mesmo quem, pela Constituição, deveria tomar posse. Ainda houve uma pergunta sobre se Figueiredo aria a faixa, mas Leitão foi claro: ‘Presidente só a a faixa para outro presidente’”, disse FHC ao jornalista Ricardo Noblat, como publicado no <em>Observatório da Imprensa</em>, em 15 de março de 1985.</p> <h3>A certeza</h3> <p class="texto">Segundo Leônidas, jamais existiu disputa entre Sarney e Ulysses sobre quem tomaria posse. Regina Echeverria observa, em <em>Sarney, a Biografia</em>, que o jurista Saulo Ramos teve de agir para demover um grupo de forçar a situação para que Ulysses assumisse — sendo que, caso essa fosse a saída constitucional, teria convocado eleição em 30 dias, como garantiu ao jornalista Luiz Gutemberg em Moisés, codinome Ulysses Guimarães — Uma Biografia.</p> <p class="texto">O general afasta a hipótese de que a unção de Sarney era uma saída de conveniência, que reunia argumentos jurídicos e acomodações políticas. “Nunca vi nenhuma ambição, nenhuma luta entre Ulysses e Sarney para ser o presidente. Os dois foram muito elegantes. Em nome da verdade, não vi (...). E há outra coisa que gosto de dizer: perguntavam-me se tinha levado Sarney à Presidência porque era meu amigo. Não faça essa confusão. Foi porque estava seguindo o texto constitucional. (...) Devemos à paciência, à tolerância e até à inteligência do Sarney termos ado por esse período com bastante tranquilidade. Não com tranquilidade total, mas com bastante. De vez em quando, o Sarney via suas ideias completamente rebatidas. Ouvia-me muito, dialogava muito comigo. (...) Foi muito tolerante”, frisou Leônidas.</p> <p class="texto">No depoimento de 23 de fevereiro de 2025 ao <strong>Correio Braziliense</strong>, Sarney lembra-se da importância de Leônidas na agem da ditadura para a democracia: “Estabeleci que a transição seria feita com as Forças Armadas e não contra as Forças Armadas. Quer dizer: elas deveriam colaborar no processo de transição democrática. E realmente colaboraram. 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Como um general de quatro estrelas garantiu a posse de Sarney 3vn6w
40 ANOS DA DEMOCRACIA

Como um general de quatro estrelas garantiu a posse de Sarney 5y539

General Lêonidas Pires Gonçalves, ministro do Exército à época, é visto como o personagem que sinalizou a saída, pela Constituição em vigor, para a indecisão sobre quem assumiria o governo no lugar de Tancredo Neves 31q6b

O general Leônidas Pires Gonçalves é apontado por aqueles que estavam no Hospital de Base, na antessala da internação de Tancredo Neves, como o homem que mostrou o caminho a seguir sobre quem assumiria o comando do país com a impossibilidade do presidente eleito. Testemunhas oculares, em depoimento a historiadores, garantem que partiu dele a afirmação de que, pela Constituição, a interinidade do governo deveria ser ada ao vice-presidente José Sarney, e não ao presidente da Câmara dos Deputados, Ulysses Guimarães. O ministro João Leitão de Abreu e os juristas Affonso Arinos, Paulo Brossard e Miguel Reale reforçaram o que o militar dissera.

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Gaúcho de Cruz Alta, estava à frente do III Exército (RS) quando recebeu o convite para assumir o ministério. Conforme frisa o jornalista Elio Gaspari, em A Ditadura acabada, Leônidas compunha — com Francisco Dornelles, na Fazenda; José Hugo Castello Branco, no Gabinete Civil; e Fernando Lyra, na Justiça — o eixo que “realmente contava” dos três que Tancredo estabeleceu para o governo. Nesse “primeiro time”, prestigiava-se os militares (e mantinha-se com eles o canal aberto) via Leônidas; escalava-se dois homens de total confiança (Dornelles e José Hugo) para postos-chave; e trazia-se para o centro das decisões os autênticos do MDB — por meio de Lyra.

O susto 2l192m

Isso tudo esteve a ponto de ruir com a internação de Tancredo. Em depoimento ao programa Memória Política, da TV Câmara, Leônidas relata o episódio sobre a dúvida a respeito de quem tomaria posse em 15 de março de 1985. “(A posse de Sarney) tem muitos pais, mas me considero o mais legítimo deles. Porque, se fizerem um exame de DNA, verão que é o meu. Considero-me dono daquele episódio”, salientou, na entrevista de 2001.

É o general quem relata: “Tinha sido convidado para ministro e estava havendo um jantar, para mim, na Academia de Tênis. Quando toca o telefone, era o general Ivan (de Souza Mendes, escolhido por Tancredo para chefiar o Serviço Nacional de Informação/SNI). (...) Quando começou a falar, perguntei: ‘O que está acontecendo? Tua voz está horrorosa’. ‘Leônidas, o presidente está no hospital e não tem condições de assumir amanhã’. (...) Peguei o carro e me mandei para lá (...). Cheguei a uma sala onde estava um grupo de homens reunidos — o Ulysses Guimarães, o (presidente do Senado, José) Fragelli, o Sarney (...). Quando cheguei ao centro, me dei conta de qual era a discussão: quem iria assumir. (...) Disse assim: ‘Mas, qual é a dúvida? Os artigos 76 e 77 da Constituição de 1969 são bem claros: quem assume é o Sarney.’ E foi o que se decidiu. Dizem que foi o (ministro do Gabinete Civil, João) Leitão (de Abreu), que foi não sei quem… Coisa nenhuma. Ninguém discutiu. Imediatamente, foi tomada a decisão. Esse episódio (...) é ratificado pelo Ulysses”.

Leônidas, porém, dá a entender que pairava, ainda assim, a dúvida sobre ser Sarney o interino. Segundo o general, formaram-se três grupos de pessoas que tomaram destinos diferentes. O dele seguiu para a residência de Leitão de Abreu, na Granja do Ipê.

“Quando ia entrando no automóvel, chegou um senhor que, docemente, me perguntou: ‘Poderia ir com o senhor, general?’ Estávamos indo para a casa do ministro Leitão, o presidente do Senado, que era o Fragelli; Ulysses, que era o presidente da Câmara; e eu. Olhei para os dois e não disseram nada. ‘Pode sim.’ Ele disse: ‘Sou o senador Fernando Henrique Cardoso.’ Fomos juntos. Quando chegamos lá, disse a ele qual era a finalidade daquela missão”, lembra.

O general acrescenta: “Cheguei lá e disse: ‘Dr. Leitão, viemos para avisar que amanhã… etc. etc.’. Ele estava cansado de saber, porque era um grande constitucionalista. Mas o (presidente) João Figueiredo não queria ar o poder para o Sarney. Disse a ele: ‘O senhor tem a Constituição aí?’ (...) ‘Tenho.’ Ele estava cansado de saber. Subiu. (...) Eram três degraus entre a biblioteca e o lugar onde estávamos. Veio com o livro aberto e disse: ‘Estes artigos 76 e 77 são bem claros.’ E acabou o problema”.

FHC, porém, relata diferentemente a conversa na casa de Leitão de Abreu. “Houve aquela discussão: ‘É o senhor quem o substitui (o Tancredo), dr. Ulysses’, disse o Leitão. ‘Eu não. É o Sarney.’ Resolvemos ler a Constituição juntos. Ulysses, Leitão e Fragelli podiam opinar. O general Leônidas e eu, não: nem advogados somos. O general foi claro: ‘Vocês (dirigindo-se aos três) decidem.’ A decisão foi que seria o Sarney mesmo quem, pela Constituição, deveria tomar posse. Ainda houve uma pergunta sobre se Figueiredo aria a faixa, mas Leitão foi claro: ‘Presidente só a a faixa para outro presidente’”, disse FHC ao jornalista Ricardo Noblat, como publicado no Observatório da Imprensa, em 15 de março de 1985.

A certeza 2z6q1y

Segundo Leônidas, jamais existiu disputa entre Sarney e Ulysses sobre quem tomaria posse. Regina Echeverria observa, em Sarney, a Biografia, que o jurista Saulo Ramos teve de agir para demover um grupo de forçar a situação para que Ulysses assumisse — sendo que, caso essa fosse a saída constitucional, teria convocado eleição em 30 dias, como garantiu ao jornalista Luiz Gutemberg em Moisés, codinome Ulysses Guimarães — Uma Biografia.

O general afasta a hipótese de que a unção de Sarney era uma saída de conveniência, que reunia argumentos jurídicos e acomodações políticas. “Nunca vi nenhuma ambição, nenhuma luta entre Ulysses e Sarney para ser o presidente. Os dois foram muito elegantes. Em nome da verdade, não vi (...). E há outra coisa que gosto de dizer: perguntavam-me se tinha levado Sarney à Presidência porque era meu amigo. Não faça essa confusão. Foi porque estava seguindo o texto constitucional. (...) Devemos à paciência, à tolerância e até à inteligência do Sarney termos ado por esse período com bastante tranquilidade. Não com tranquilidade total, mas com bastante. De vez em quando, o Sarney via suas ideias completamente rebatidas. Ouvia-me muito, dialogava muito comigo. (...) Foi muito tolerante”, frisou Leônidas.

No depoimento de 23 de fevereiro de 2025 ao Correio Braziliense, Sarney lembra-se da importância de Leônidas na agem da ditadura para a democracia: “Estabeleci que a transição seria feita com as Forças Armadas e não contra as Forças Armadas. Quer dizer: elas deveriam colaborar no processo de transição democrática. E realmente colaboraram. Com isso, nós voltamos as Forças Armadas aos quartéis. Demos a elas a função que eu disse a Leônidas — aliás, o melhor ministro do Exército que já tivemos. (...) E as Forças Armadas (...) abandonaram aquela coisa de, não tendo o que fazer, buscavam a política, na qual elas se metiam”, frisou.

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