
Na delação premiada, cujo sigilo foi derrubado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), o tenente-coronel Mauro Cid disse à Polícia Federal que entregou US$ 86 mil em espécie, de forma parcelada, para o ex-presidente Jair Bolsonaro após a venda de relógios de luxo e dos kits de joias que pertenciam à União.
A suposta apropriação indevida de bens do país é alvo de uma investigação da PF. O inquérito apura se Bolsonaro e ex-assessores tentaram trazer ilegalmente presentes dados ao país. A corporação aponta que os itens teriam ido diretamente para o acervo pessoal do ex-chefe do Executivo.
Conforme o depoimento, os valores foram apurados após a venda de relógios das marcas Rolex e Patek Philippe para a loja Precision Watches, da Filadélfia (Estados Unidos) — no valor total de US$ 68 mil. Outros US$ 18 mil, apurados com a venda de um kit de joias Chopard a uma loja localizada em Miami.
De acordo com a investigação, as joias eram avaliadas por especialistas em leilões. Depois, Cid recebia o pagamento. Por fim, o dinheiro era encaminhado em espécie para Bolsonaro. Pelo caso, foram indiciadas 12 pessoas.
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A apuração mostra que Bolsonaro tinha planos para uma parcela do dinheiro das vendas. Ele pretendia usar os valores para pagar a condenação judicial em litígio à deputada federal Maria do Rosário (PT-RS), além de saldar as multas das infrações de trânsito causadas pelas motociatas.
Cid contou que o ex-chefe do Executivo se queixava financeiramente e havia solicitado o levantamento dos valores dos presentes da União para vendê-los.
"Jair Bolsonaro estava reclamando dos pagamentos de condenação judicial em litígio com a deputada federal Maria do Rosário e gastos com as mudanças e transporte do acervo que deveria arcar, além de multas de trânsito por não usar o capacete nas motociatas", disse o ex-ajudante de ordens. Afirmou, ainda, que fez pesquisas sobre valores e melhores lugares para venda dos itens de luxo.
Ele também disse ter recebido ordens do ex-presidente para inserir dados falsos de vacinação contra a covid-19 nos sistemas do Ministério da Saúde no nome dele (Jair Bolsonaro) e da filha, Laura. O militar confirmou que os certificados foram impressos e entregues em mãos ao ex-chefe do Planalto.