{ "@context": "http://www.schema.org", "@graph": [{ "@type": "BreadcrumbList", "@id": "", "itemListElement": [{ "@type": "ListItem", "@id": "/#listItem", "position": 1, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/", "name": "In\u00edcio", "description": "O Correio Braziliense (CB) é o mais importante canal de notícias de Brasília. Aqui você encontra as últimas notícias do DF, do Brasil e do mundo.", "url": "/" }, "nextItem": "/politica/#listItem" }, { "@type": "ListItem", "@id": "/politica/#listItem", "position": 2, "item": { "@type": "WebPage", "@id": "/politica/", "name": "Política", "description": "Governo Lula, Congresso, Judiciário: as notícias para ficar bem informado sobre os Três Poderes ", "url": "/politica/" }, "previousItem": "/#listItem" } ] }, { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/politica/2024/08/6919060-analise-delfim-netto-foi-um-camaleao-na-politica.html", "name": "Análise: Delfim Netto foi um camaleão na política", "headline": "Análise: Delfim Netto foi um camaleão na política", "description": "", "alternateName": "Nas Entrelinhas", "alternativeHeadline": "Nas Entrelinhas", "datePublished": "2024-08-13T03:55:00Z", "articleBody": "<p class="texto">A ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher esteve no Brasil em 1994, no governo Itamar Franco, quando o Plano Real ainda era um "experimento econômico". Estava em pleno curso a transição à nova moeda, e o xis do problema era o comportamento da inflação. Thatcher fora convidada por Jorge Paulo Lemann, ainda dono do banco Garantia, que viria a ser vendido para o Credit Suisse, em 1998.</p> <p class="texto">A Dama de Ferro lotou o auditório do Maksoud Plaza, um edifício de 23 andares na região central de São Paulo, que ainda era uma referência de tradição e glamour para artistas, celebridades e autoridades, cenário de novelas e palco de shows históricos. Thatcher tinha deixado de ser ministra havia quatro anos, mas era a principal referência para os que desejavam fazer a reforma do Estado brasileiro, com a privatização das empresas estatais, como ocorreria nos anos seguintes. O Brasil era a 10ª economia do mundo.</p> <p class="texto">O petista Luiz Inácio Lula da Silva era o favorito nas eleições para presidente da República, mas começara a perder a eleição, por se recusar a apoiar o governo Itamar e apostar no fracasso do Plano Real, induzido pela economista Maria da Conceição Tavares. O ex-governador Orestes Quércia (PMDB), que havia deixado o Palácio dos Bandeirantes com um acervo de obras de infraestrutura, prometia um plano de metas inspirado em Juscelino Kubitschek. Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o ex-ministro da Fazenda, ungido candidato por Itamar, já tinha o apoio do antigo PFL e tentava esvaziar ou remover candidatos concorrentes. Um deles era Paulo Maluf, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo da antiga Arena, o então PDS (hoje PP), o candidato derrotado por Tancredo Neves, em 1985, no colégio eleitoral.</p> <p class="texto">Abordei o ex-ministro Delfim Netto na saída da palestra de Thatcher: "Novidades?". Um dos caciques do PDS, já deputado, Delfim me pegou pelo braço e sussurrou: "Na terça-feira, haverá uma reunião na casa do Maluf para retirar a candidatura dele e apoiar Fernando Henrique. Apareça por lá por volta das 11". Os políticos da antiga Arena começavam a se mover em direção a Fernando Henrique, com medo de Lula e por adesão ao Plano Real.</p> <p class="texto">Cheguei à redação crente que estava com a manchete do jornal. No aquário, o chefe de redação e o editor de política sorriram. "Daqui a pouco vamos entrevistar o Maluf", disseram. Não deu outra, o ex-prefeito disse que a candidatura dele era irremovível. Mesmo assim, fui conferir: houve a reunião na terça-feira. Na saída, quando perguntei a Maluf se retiraria a candidatura, ele negou. Esperidião Amin (PP-SC), então presidente do PDS, também. Mas Delfim piscou o olho e sorriu. Liguei para ele. "Maluf vai desistir, pediu apenas para ter uma conversa com Fernando Henrique antes de anunciar", confidenciou-me. Não deu outra.</p> <h3>De Geisel a Dilma</h3> <p class="texto">Como "animal político", Delfim Netto era um camaleão, capaz de transitar de uma posição para outra e se adaptar às circunstâncias, como artífice das conexões do grande empresariado paulista com o poder. Graças a isso, se manteve influente por tanto tempo, mesmo sendo um dos signatários do Ato Institucional nº 5, que institucionalizou o fascismo durante o regime militar.</p> <p class="texto">"Eu estou plenamente de acordo com a proposição que está sendo analisada no Conselho. E, se Vossa Excelência me permitisse, direi mesmo que creio que ela não é suficiente", o mesmo ministro que fez essa afirmação na reunião (gravada) de do decreto que lançou o país na sua maior escuridão política, mais tarde, seria aliado de Fernando Henrique Cardoso, fora afastado da Universidade de São Paulo, e conselheiro dos presidentes Lula e Dilma Rousseff, ambos perseguidos pelo regime militar.</p> <p class="texto">Delfim Netto foi o mais jovem ministro da Fazenda a ocupar o cargo, aos 38 anos, quando assumiu a pasta, em 1967, e comandou a economia nos governos militares de Costa e Silva e Médici. Foi o pai do chamado "milagre econômico", cuja estratégia teve como pilares a ampliação da presença do Estado na economia, o aumento das exportações e a captação de investimentos estrangeiros. Para justificar a concentração de renda, cunhou a frase famosa: "É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo".</p> <p class="texto">Após deixar o cargo na Fazenda, ocupou o posto de embaixador do Brasil na França, em 1975, durante o governo de Ernesto Geisel. No governo de João Figueiredo, assumiu o Ministério da Agricultura e, em seguida, o do Planejamento. Depois da redemocratização, foi eleito deputado federal por cinco mandatos consecutivos e permaneceu como figura de destaque nos meios econômico e político. O simples oportunismo não explica essa transversalidade política. Delfim foi um protagonista da "revolução iva" da modernização brasileira, na qual o positivismo foi o caldo de cultura da direita e, depois, da esquerda. Delfim acreditava no Estado como principal indutor do progresso. Isso explica o seu camaleônico transformismo político.</p> <p class="texto"> </p> <p class="texto"><div class="read-more"> <h4>Saiba Mais</h4> <ul> <li> <a href="/politica/2024/08/6918963-diplomatas-aprovam-indicativo-de-greve-inedito-no-itamaraty-as-vesperas-do-g20.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/04/19/fachada_ministerio_mcamgo_abr_100420231818_18-36337383.jpg?20240812220144" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Política</strong> <span>Diplomatas aprovam indicativo de greve inédito no Itamaraty às vésperas do G20</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/politica/2024/08/6918699-stf-ouvira-organizacoes-da-sociedade-que-atuam-contra-violencia-domestica.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/02/28/stf-35216293.jpg?20240812154128" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Política</strong> <span>STF ouvirá organizações da sociedade que atuam contra violência doméstica</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/politica/2024/08/6918639-congresso-retoma-trabalho-em-meio-a-campanha-eleitoral-de-municipios.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/07/01/pzzb2083-38577268.jpg?20240718080508" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Política</strong> <span>Congresso retoma trabalho em meio à campanha eleitoral de municípios</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/politica/2024/08/6918606-mauro-vieira-recebe-no-itamaraty-o-embaixador-expulso-da-nicaragua.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/08/12/mauro_vieira_embaixador_nicaragua-39393430.jpg?20240812144531" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Política</strong> <span>Mauro Vieira recebe no Itamaraty o embaixador expulso da Nicarágua</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/politica/2024/08/6918493-veja-quais-sao-as-prioridades-de-lula-em-semana-de-esforco-concentrado.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/08/12/padilha_coletiva_planalto__2_-39392519.jpg?20240812124135" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Política</strong> <span>Veja quais são as prioridades de Lula em semana de esforço concentrado</span> </div> </a> </li> </ul> </div></p> <p class="texto"> <br /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/08/12/1200x801/1_imagea-39390329.jpg?20240812232333?20240812232333", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/08/12/1000x1000/1_imagea-39390329.jpg?20240812232333?20240812232333", "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/08/12/800x600/1_imagea-39390329.jpg?20240812232333?20240812232333" ], "author": [ { "@type": "Person", "name": "Luiz Carlos Azedo", "url": "/autor?termo=luiz-carlos-azedo" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } }, { "@type": "Organization", "@id": "/#organization", "name": "Correio Braziliense", "url": "/", "logo": { "@type": "ImageObject", "url": "/_conteudo/logo_correo-600x60.png", "@id": "/#organizationLogo" }, "sameAs": [ "https://www.facebook.com/correiobraziliense", "https://twitter.com/correiobraziliense.com.br", "https://instagram.com/correio.braziliense", "https://www.youtube.com/@correio.braziliense" ], "Point": { "@type": "Point", "telephone": "+556132141100", "Type": "office" } } ] } { "@context": "http://schema.org", "@graph": [{ "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Início", "url": "/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Cidades DF", "url": "/cidades-df/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Politica", "url": "/politica/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Brasil", "url": "/brasil/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Economia", "url": "/economia/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Mundo", "url": "/mundo/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Diversão e Arte", "url": "/diversao-e-arte/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Ciência e Saúde", "url": "/ciencia-e-saude/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Eu Estudante", "url": "/euestudante/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Concursos", "url": "/euestudante/concursos/" }, { "@type": "SiteNavigationElement", "name": "Esportes", "url": "/esportes/" } ] } 5ji4h

Análise 24v5q Delfim Netto foi um camaleão na política
Nas Entrelinhas

Análise: Delfim Netto foi um camaleão na política 1r6e68

Delfim foi um protagonista da modernização brasileira, na qual o positivismo foi o caldo de cultura da direita e, depois, da esquerda g1g9

A ex-primeira-ministra britânica Margaret Thatcher esteve no Brasil em 1994, no governo Itamar Franco, quando o Plano Real ainda era um "experimento econômico". Estava em pleno curso a transição à nova moeda, e o xis do problema era o comportamento da inflação. Thatcher fora convidada por Jorge Paulo Lemann, ainda dono do banco Garantia, que viria a ser vendido para o Credit Suisse, em 1998.

A Dama de Ferro lotou o auditório do Maksoud Plaza, um edifício de 23 andares na região central de São Paulo, que ainda era uma referência de tradição e glamour para artistas, celebridades e autoridades, cenário de novelas e palco de shows históricos. Thatcher tinha deixado de ser ministra havia quatro anos, mas era a principal referência para os que desejavam fazer a reforma do Estado brasileiro, com a privatização das empresas estatais, como ocorreria nos anos seguintes. O Brasil era a 10ª economia do mundo.

O petista Luiz Inácio Lula da Silva era o favorito nas eleições para presidente da República, mas começara a perder a eleição, por se recusar a apoiar o governo Itamar e apostar no fracasso do Plano Real, induzido pela economista Maria da Conceição Tavares. O ex-governador Orestes Quércia (PMDB), que havia deixado o Palácio dos Bandeirantes com um acervo de obras de infraestrutura, prometia um plano de metas inspirado em Juscelino Kubitschek. Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o ex-ministro da Fazenda, ungido candidato por Itamar, já tinha o apoio do antigo PFL e tentava esvaziar ou remover candidatos concorrentes. Um deles era Paulo Maluf, ex-governador e ex-prefeito de São Paulo da antiga Arena, o então PDS (hoje PP), o candidato derrotado por Tancredo Neves, em 1985, no colégio eleitoral.

Abordei o ex-ministro Delfim Netto na saída da palestra de Thatcher: "Novidades?". Um dos caciques do PDS, já deputado, Delfim me pegou pelo braço e sussurrou: "Na terça-feira, haverá uma reunião na casa do Maluf para retirar a candidatura dele e apoiar Fernando Henrique. Apareça por lá por volta das 11". Os políticos da antiga Arena começavam a se mover em direção a Fernando Henrique, com medo de Lula e por adesão ao Plano Real.

Cheguei à redação crente que estava com a manchete do jornal. No aquário, o chefe de redação e o editor de política sorriram. "Daqui a pouco vamos entrevistar o Maluf", disseram. Não deu outra, o ex-prefeito disse que a candidatura dele era irremovível. Mesmo assim, fui conferir: houve a reunião na terça-feira. Na saída, quando perguntei a Maluf se retiraria a candidatura, ele negou. Esperidião Amin (PP-SC), então presidente do PDS, também. Mas Delfim piscou o olho e sorriu. Liguei para ele. "Maluf vai desistir, pediu apenas para ter uma conversa com Fernando Henrique antes de anunciar", confidenciou-me. Não deu outra.

De Geisel a Dilma 722f1y

Como "animal político", Delfim Netto era um camaleão, capaz de transitar de uma posição para outra e se adaptar às circunstâncias, como artífice das conexões do grande empresariado paulista com o poder. Graças a isso, se manteve influente por tanto tempo, mesmo sendo um dos signatários do Ato Institucional nº 5, que institucionalizou o fascismo durante o regime militar.

"Eu estou plenamente de acordo com a proposição que está sendo analisada no Conselho. E, se Vossa Excelência me permitisse, direi mesmo que creio que ela não é suficiente", o mesmo ministro que fez essa afirmação na reunião (gravada) de do decreto que lançou o país na sua maior escuridão política, mais tarde, seria aliado de Fernando Henrique Cardoso, fora afastado da Universidade de São Paulo, e conselheiro dos presidentes Lula e Dilma Rousseff, ambos perseguidos pelo regime militar.

Delfim Netto foi o mais jovem ministro da Fazenda a ocupar o cargo, aos 38 anos, quando assumiu a pasta, em 1967, e comandou a economia nos governos militares de Costa e Silva e Médici. Foi o pai do chamado "milagre econômico", cuja estratégia teve como pilares a ampliação da presença do Estado na economia, o aumento das exportações e a captação de investimentos estrangeiros. Para justificar a concentração de renda, cunhou a frase famosa: "É preciso fazer o bolo crescer para depois dividi-lo".

Após deixar o cargo na Fazenda, ocupou o posto de embaixador do Brasil na França, em 1975, durante o governo de Ernesto Geisel. No governo de João Figueiredo, assumiu o Ministério da Agricultura e, em seguida, o do Planejamento. Depois da redemocratização, foi eleito deputado federal por cinco mandatos consecutivos e permaneceu como figura de destaque nos meios econômico e político. O simples oportunismo não explica essa transversalidade política. Delfim foi um protagonista da "revolução iva" da modernização brasileira, na qual o positivismo foi o caldo de cultura da direita e, depois, da esquerda. Delfim acreditava no Estado como principal indutor do progresso. Isso explica o seu camaleônico transformismo político.

 

 

Mais Lidas 2y6064