
O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, trocaram acusações, ontem, depois que a Polícia Federal (PF) realizou a Operação Vigilância Aproximada, que realizou buscas e apreensões em endereços relacionados ao deputado Alexandre Ramagem (PL-RJ) — que teria montado, na Agência Brasileira de Inteligência (Abin), um esquema de monitoramento ilegal de autoridades apontadas como inimigas de Jair Bolsonaro. O desentendimento começou quando o dirigente partidário cobrou do senador uma ação enfática contra o que classifica como uma "perseguição" de instituições de Estado ao ex-presidente da República.
Costa Neto começou criticando Pacheco de "falta de autoridade" por não impedir a entrada de policiais federais nos gabinetes de parlamentares. "Esse negócio de ficar entrando nos gabinetes é uma falta de autoridade do Congresso. Rodrigo Pacheco deveria reagir e tomar providências", cobrou. "Isso é pura perseguição e pode acabar elegendo o Ramagem com mais facilidade no Rio de Janeiro", acusou.
Pacheco, que vem mantendo equidistância dos episódios que envolvem deputados do PL com investigações conduzidas pela PF — dias antes de Ramagem, o deputado Carlos Jordy (RJ) também foi alvo de uma operação relacionada à organização para a tentativa de golpe de Estado em 8 de janeiro de 2023 —, rebateu Costa Neto. Acusou-o de "não ser capaz de organizar minimamente a oposição". "Difícil manter algum tipo de diálogo com quem faz da política um exercício único para ampliar e obter ganhos com o Fundo Eleitoral", criticou.
O senador foi além: afirmou que Costa Neto "a pano" para os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). "Defende publicamente impeachment de ministro do Supremo para iludir seus adeptos, mas, nos bastidores, a pano quando trata do tema", provocou.
Covardia
Em tréplica, o presidente do PL — que enxerga estar havendo uma "caçada" à oposição — disse que jamais foi covarde e voltou a acusar Pacheco de falta de comprometimento com os princípios do Parlamento. "ei a vida toda defendendo a isonomia dos Três Poderes. Nunca fui covarde de me calar quando um Poder não respeita o outro. Isso vale para todos os lados. Sigo indignado com a falta de pulso para defender a imunidade de um parlamentar. Se o Senado tivesse um presidente comprometido, não iria perder tempo para reclamar de presidente de partido", rebateu.
Os bolsonaristas têm cobrado de Pacheco e do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), posição contra as operações federais relacionadas a Jordy e a Ramagem. No início da semana, o deputado convocou uma reunião de líderes para, na próxima segunda-feira, discutir pautas da Casa. Os mandados cumpridos para recolher provas e indícios nos gabinetes de Jordy e Ramagem serão um dos temas.
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