
João Doria — empresário, ex-prefeito e ex-governador de São Paulo
A 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas — a COP30, marcada para novembro de 2025 em Belém, no Pará, coloca o Brasil no epicentro das discussões sobre sustentabilidade, um dos principais desafios globais do mundo atual. Sediar o evento será uma oportunidade histórica para o Brasil. O país deve não apenas liderar as negociações climáticas, mas também mostrar ao planeta que é possível conciliar crescimento econômico com sustentabilidade ambiental.
Para que essa agenda positiva se efetive na prática, é preciso clareza nas prioridades e alinhamento entre diversos setores da sociedade.
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O primeiro ponto a ser destacado é a preservação da Amazônia, que ocupa 60% do território brasileiro. A região é um dos maiores reservatórios de biodiversidade do planeta, desempenhando papel fundamental na regulação do clima mundial. O Brasil precisa lidar com o complexo equilíbrio entre a preservação ambiental e o desenvolvimento socioeconômico de uma região que ainda enfrenta enormes desafios de pobreza e desigualdade. Atender aos interesses legítimos das populações locais é mais do que um desafio, é um dever do governo brasileiro, aliás, de todos nós.
Essas oportunidades vêm com a riqueza natural do Brasil, que inclui recursos essenciais para a transição energética global, como minérios raros e uma matriz energética limpa, com destaque para hidrelétricas e biocombustíveis. O país tem condições de liderar essa transição, mas, para que isso aconteça, é necessário que os recursos naturais se convertam em benefícios econômicos sustentáveis, respeitando os compromissos climáticos. E atendendo principalmente a população mais vulnerável do país.
O Brasil assumiu, por meio do NDC — Contribuição Nacionalmente Determinada, o compromisso de reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 67% até 2035, em relação aos níveis de 2005. Esse compromisso está alinhado com o Acordo de Paris, mas sua efetividade dependerá de um pacto nacional, que envolve governo, iniciativa privada e sociedade civil.
Ao liderar a organização da COP em Belém, o competente governador do Pará, Helder Barbalho oferece acertadamente uma amostra de como esse alinhamento entre os setores da sociedade é importante. Para adaptar a cidade de Belém para receber cerca de 40 mil visitantes para o evento, Helder buscou recursos públicos para as obras, motivou a iniciativa privada, reorganizou a cidade e vem preparando a população paraense. Mesmo com todo esse esforço, o governador Helder sabe os problemas que vai enfrentar na COP.
O Brasil tem a responsabilidade de concretizar compromissos como a rastreabilidade da produção agropecuária, uma estratégia fundamental para garantir que a agricultura brasileira não contribua para o desmatamento ilegal. Já a indústria precisa adotar tecnologias limpas e uma matriz energética que contribua para a descarbonização.
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O financiamento da transição climática é outra questão importante, especialmente diante das dificuldades fiscais globais. No entanto, a criação de um mercado global de carbono pode ser uma solução viável. Esse mercado permitiria que países e empresas compensassem suas emissões por meio de investimentos em tecnologias limpas. E há clara disposição do setor produtivo em colaborar.
O Brasil, com sua abundante oferta de energia renovável, pode se tornar um grande exportador de produtos energéticos de baixo carbono, como hidrogênio verde e combustíveis sustentáveis para a aviação. Isso não só contribuirá para o combate às mudanças climáticas, mas também abrirá novas perspectivas de crescimento econômico para o país.
Nesse cenário, o Brasil tem potencial para transformar os desafios climáticos em novas oportunidades de crescimento sustentável. Essa conferência será uma vitrine global para demonstrar nosso compromisso com o futuro do planeta, provando que, diante do maior desafio do século 21, o Brasil é parte da solução. Não podemos perder essa vaga na história.
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