
LUCIO RENNÓ, decano de Pós-Graduação, UnB
DIANA PINHO, diretora de Pós-Graduação, UnB
A cada quatro anos, a Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) realiza a avaliação de todos os cursos de pós-graduação stricto sensu do Brasil — mestrados e doutorados acadêmicos e profissionais — de todas as instituições de ensino, públicas e privadas, distribuídas pelas 49 áreas de conhecimento/avaliação.
Trata-se de um processo de compilação e envio anual de dados por Programa de Pós-Graduação (PPG) em todas as universidades brasileiras para uma plataforma informatizada, seguido da análise de pares que compõem os comitês de área. Em sua maioria, os dados são de o público, sendo, assim, um enorme exercício de transparência ativa e prestação de contas à sociedade.
Cada curso recebe no quadriênio uma nota entre três, a mais baixa, e sete, a mais alta, baseada em uma avaliação multidimensional, que identifica e qualifica as condições da formação. A análise do desempenho dos PPGs leva em consideração a quantidade de discentes; a taxa de abandono; a produção acadêmica dos docentes e discentes vinculados ao curso — artigos, livros, apresentações de trabalho; a elaboração de teses e dissertações; o quantitativo e a colocação dos egressos do curso; a geração de inovação e parcerias nacionais e internacionais com o setor produtivo; o impacto social dos PPGs e seus esforços de planejamento e gerenciamento interno. Este processo detalhado e profundo faz o acompanhamento de toda a organização e produção da pós-graduação nacional.
A avaliação é utilizada como parâmetro para alocação de recursos financeiros e o dos PPGs, seus docentes e discentes a projetos específicos da Capes que distribuem bolsas e insumos de pesquisa. PPGs melhores avaliados recebem mais recursos. Entre outras coisas, a avaliação quadrienal, além de fornecer à sociedade um panorama do que há de melhor em termos de formação, é amplamente usada para financiar a pós-graduação.
A Universidade de Brasília (UnB) é líder de excelência nacional na pós-graduação. A UnB sempre aparece bem colocada entre as universidades públicas brasileiras nos rankings nacionais e internacionais. Além disso, vários docentes são lideranças mundiais em suas áreas de atuação. No ano de 2023, a UnB possuía um total de 102 programas de pós-graduação stricto sensu registrados na Plataforma Sucupira, sendo 80 programas na modalidade acadêmica, 12 programas na modalidade profissional e 10 na modalidade Rede. São mais de 1500 docentes e 8000 discentes.
Na última avaliação quadrienal, a UnB deu um salto de qualidade. Enquanto no quadriênio anterior eram 37,7% dos PPGs com notas 5, 6 e 7, hoje são 55,4% com notas superiores e habilitados a diversas fontes de financiamento na Capes. Houve uma redução dos PPGs com nota 3, de 21,2% para 10,9% e uma queda no número de programas nota 4, de 38,8% para 32,5%. Ou seja, vários de nossos programas 3 e 4 subiram de nota, fruto de esforço colaborativo e cooperativo, com base em planejamento e estratégia, em cada PPG e entre estes e a istração Central da UnB, que vem apoiando a formação e a produção científica com inúmeros editais de fomento e bolsas.
Para produzir conhecimento e ciência, o financiamento público é imprescindível. A UnB tem buscado inúmeras fontes de recursos para apoiar a pós-graduação. Além da Capes, do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Fundação de Apoio à Pesquisa do DF (FAP-DF), a UnB também usa recursos próprios e de emendas orçamentárias da bancada do DF para fomentar tanto a formação quanto a produção científica. A despeito disso, os valores são insuficientes. Ainda há um significativo deficit de bolsas de mestrado e doutorado, o que afeta a manutenção e permanência dos discentes.
Se as notícias sobre a melhora na pós-graduação da UnB são alvissareiras, o mesmo não pode ser dito no que tange a oferta de recursos orçamentários federais e distritais. As ameaças de corte no limitado orçamento das universidades, da Capes e CNPq, que estão na pauta do governo federal, são notícias preocupantes. A ampliação dos recursos da FAP-DF, hoje insuficientes para atender a crescente demanda e caminhando na direção do enxugamento, também deve estar em pauta. Para continuarmos a atingir excelentes resultados, precisamos lutar para o aumento do financiamento da pós-graduação, berço da formação e capacitação dos quadros mais bem qualificados na produção de conhecimento e ciência no Brasil.
Essa é uma pauta central para o Distrito Federal, uma vez que a UnB é uma instituição de destaque nacional e um patrimônio local. Assim, é fundamental que haja coordenação entre os atores financiadores e o reconhecimento de que o futuro do DF e sua área de influência a pelo apoio à UnB.
Gostou da matéria? Escolha como acompanhar as principais notícias do Correio:


Dê a sua opinião! O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores pelo e-mail [email protected]