
Não durou nem 24 horas. A decisão do Departamento de Segurança Interna de impedir a Universidade de Harvard de matricular e aceitar estudantes internacionais foi suspensa até uma audiência preliminar, na próxima quinta-feira (29/5). A juíza Allison Burroughs, do tribunal federal de Massachusetts, considerou a medida inconstitucional. O anúncio da decisão judicial ocorreu pouco depois de Harvard ter processado o governo do republicano Donald Trump.
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Dos 10.158 estudantes e acadêmicos de 144 países matriculados em Harvard neste ano, 318 são brasileiros. Trump ficou furioso com o fato de Harvard, lar de 162 ganhadores do Prêmio Nobel, ter recusado sua exigência de que a universidade se submeta à supervisão de issões e contratações.
Professor de história e de política social da Universidade de Harvard, Alex Keyssar disse ao Correio que os advogados de Trump provavelmente sabiam que a proibição seria suspensa. "A ameaça de que ela possa ser restabelecida a qualquer momento ainda paira sobre a universidade e os alunos. Nada está definido ou certo", advertiu.
Segundo Keyssar, muitos dos os adotados pelo governo Trump sobre vários temas foram de legalidade duvidosa e acabaram suspensos. "No entanto, algumas dessas supensões foram canceladas ou revertidas. Então, a ameaça permanece."
Represálias
Trump acusa Harvard de ser um foco de simpatizantes da ideologia liberal progressista e de antissemitas. A Casa Branca chegou a acenar com uma "revisão" de US$ 9 bilhões (cerca de R$ 51 bilhões) em financiamento federal para Harvard, depois de congelar uma primeira parcela de US$ 2,2 bilhões (ou R$ 12,4 bilhões) em subsídios. O governo federal também bloqueou o ree de US$ 60 milhões (em torno de R$ 339 milhões) em contratos oficiais e deportou uma cientista da Faculdade de Medicina.
A julgar pela reação da Casa Branca, a guerra entre Harvard e Trump parece longe do fim. Stephen Miller, vice-chefe de gabinete do presidente republicano, não mediu palavras para atacar a magistrada Allison Burroughs. "Uma juíza comunista criou um direito constitucional para que estrangeiros sejam itidos em universidades americanas financiadas com dólares dos impostos americanos", alfinetou.
Alan Garber, presidente de Harvard, qualificou a empreitada americana contra a instituição de "ação ilegal e injustificada". "Coloca em perigo o futuro de milhares de estudantes e acadêmicos da Universidade de Harvard e funciona como advertência para inúmeras pessoas da universidade de todo o país que vieram aos Estados Unidos para continuar sua educação e realizar seus sonhos", declarou.
Defesa
No perfil oficial da rede social X, a instituição de ensino superior publicou: "Sem seus estudantes internacionais, Harvard não é Harvard". Também repostou uma nota de 5 de maio, segundo a qual Harvard "continuará a se defender contra a interferência ilegal do governo, que visa sufocar a pesquisa e a inovação, as quais tornam os americanos mais seguros e protegidos".
Washington reforça segurança após ataque a funcionários da embaixada de Israel
Escolas e edifícios públicos de Washington amanheceram, ontem, com a segurança reforçada, depois do assassinato de um casal de funcionários da Embaixada de Israel (foto), na noite de quarta-feira (21/5). O cidadão israelense Yaron Lichinsky e a americana Sarah Lynn Milgrim foram supreendidos por tiros disparados a curta distância por Elias Rodríguez, 30 anos, morador de Chicago, diante do Museu Judaico, a cerca de 1.600m da Casa Branca. Uma das testemunhas do ataque, Yoni River Kalin contou ao Correio que estava no museu quando escutou os tiros, às 21h07 (22h07 no horário de Brasília). "Foram entre 10 e 15 disparos. Eu não estava ciente de onde eles vinham. Washington é uma cidade grande, e tiros não são incomuns. A equipe de segurança começou a mover as pessoas em direção à parte de trás do prédio, além de fechar janelas e portas. Foi então que o atirador voltou para o museu. Acreditávamos que ele fosse testemunha do crime. Ele estava encharcado e claramente abalado. Isso é que acontece quando se mata duas pessoas: o rosto dele apresentava-se pálido. O assassino não falou com ninguém, ficou sentado em um banco e um de meus colegas, sem saber, entregou-lhe água e perguntou se ele estava bem. Quando a polícia chegou, uns cinco minutos depois, ele disse que fez aquilo por Gaza e começou a gritar 'Libertem a Palestina!'", afirmou Yoni.