
Militares ucranianas sequestradas pela Rússia estão sendo torturadas e humilhadas por soldados russos, de acordo com sobreviventes. Algumas foram inclusive obrigadas a marchar nuas na neve em frente aos inimigos, relataram quatro ex-prisioneiras ao jornal britânico The Telegraph.
"Eles nos levaram para os chuveiros com sacos sobre nossas cabeças, onde fomos forçadas a nos despir. Tivemos que andar nuas na frente dos homens e de todos os outros, curvadas, sob água gelada", relatou Larysa Kycherenko, de 53 anos, que foi militar da Guarda Nacional da Ucrânia.
Segundo ela, as prisioneiras tiveram ainda que cantar o hino russo enquanto estavam nuas. "Nós retornamos às celas em lágrimas, completamente perturbadas. (...) Para eles, não éramos nada", completou.
A Organização das Nações Unidas identificou pelo menos 48 centros de detenção para militares na Rússia. A Procuradoria-Geral da Ucrânia, por sua vez, relatou que nove a cada 10 prisioneiros de guerra que voltam para o país sofreram violência física e psicológica.
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Valentyna Zubko, médica militar de 30 anos, foi capturada na Usina Siderúrgica de Illich durante o cerco em Mariupol. Ela disse que estava preparada para morrer, mas não para ser torturada.
A ucraniana ou cinco meses em quatro prisões diferentes. Ficou amontoada com outras 15 pessoas em uma cela destinadas a abrigar apenas duas. Conforme ela, era comum a tática de tortura chamada "trenzinho", na qual prisioneiros de guerra são obrigados a se alinhar curvados e andar entre guardas inimigos, que os espancam. "Eles nos batiam por diversão", ressaltou Zubko.
A sargento da 56ª Brigada Mecanizada Snizhana Vasylivna Ostapenko, de 23 anos, relatou que as forças russas também usavam tortura com choque. "Durante os interrogatórios, se eu respondesse de uma forma que eles não gostassem, eles me eletrocutavam", declarou.
A guerra na Ucrânia começou em 24 de fevereiro de 2022 e completa três anos na segunda-feira.