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Pensando nisso, a pesquisa, lan&ccedil;ada na &uacute;ltima ter&ccedil;afeira (30/4), em S&atilde;o Paulo, tra&ccedil;a caminhos para conciliar agenda ambiental, combate a desigualdades e inser&ccedil;&atilde;o produtiva.</p> <p class="texto">Realizado de julho a dezembro de 2023, o estudo envolveu revis&atilde;o de mais de 700 materiais, oficinas e entrevistas com especialistas. Alguns dos principais eixos econ&ocirc;micos abordados s&atilde;o: uso da terra, mudan&ccedil;as clim&aacute;ticas, energia e infraestrutura. 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Al&eacute;m disso, processos produtivos envolvidos nesses setores s&atilde;o concentrados nas m&atilde;os de grandes empresas, como aponta o diretor executivo do Instituto Veredas, Vah&iacute;d Vahdat.</p> <p class="texto">&ldquo;Nossa estrutura produtiva ainda &eacute; pouco intensiva em m&atilde;o de obra, sendo extremamente heterog&ecirc;nea e com brechas de produtividade. Ao se comparar Am&eacute;rica Latina e Uni&atilde;o Europeia, as microempresas daqui ocupam s&oacute; 6% dos processos produtivos, enquanto, na Uni&atilde;o Europeia, t&ecirc;m participa&ccedil;&atilde;o de quase 50%. O avan&ccedil;o tecnol&oacute;gico tamb&eacute;m torna as grandes empresas mais produtivas, mas n&atilde;o chega nas pequenas. A maior parte dos empregos nelas s&atilde;o de baixa qualidade e, enquanto a gente n&atilde;o superar esse problema, haver&aacute; desigualdades&rdquo;, pontua.</p> <h3>Racismo ambiental</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/05/02/675x450/1_whatsapp_image_2024_05_02_at_14_14_15__3_-36726796.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="Empresas defendem participa&ccedil;&atilde;o social em pautas ambientais e no combate &agrave; desigualdade"></amp-img> <figcaption>J&uacute;lia Giusti - <b>Empresas defendem participa&ccedil;&atilde;o social em pautas ambientais e no combate &agrave; desigualdade</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Em 2023, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domic&iacute;lios (Pnad) Cont&iacute;nua mostrou que 64 milh&otilde;es de pessoas viviam em inseguran&ccedil;a alimentar, condi&ccedil;&atilde;o que envolve incerteza quanto ao o de alimentos e fome. Em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; rede de abastecimento, 44% da popula&ccedil;&atilde;o n&atilde;o &eacute; atendida por rede de esgoto, enquanto 15% n&atilde;o t&ecirc;m o &agrave; &aacute;gua tratada, segundo dados do Sistema Nacional de Informa&ccedil;&otilde;es sobre Saneamento (SNIS), em 2021. No mesmo ano, o deficit habitacional atingiu quase seis milh&otilde;es de brasileiros, o que inclui domic&iacute;lios prec&aacute;rios e alto custo de alugu&eacute;is.</p> <p class="texto">Andr&eacute;ia Louback, diretora-executiva do Centro Brasileiro de Justi&ccedil;a Clim&aacute;tica (CBJC), explica que as mudan&ccedil;as clim&aacute;ticas afetam, principalmente, minorias sociais, como pessoas pretas e pardas, que s&atilde;o quase 56% da popula&ccedil;&atilde;o brasileira, de acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE). Para ela, o racismo ambiental provoca alta ocupa&ccedil;&atilde;o de pessoas de cor em zonas de sacrif&iacute;cio, &aacute;reas ambientalmente prejudicadas, seja pela explora&ccedil;&atilde;o econ&ocirc;mica, seja por falta de investimentos.</p> <p class="texto">Andr&eacute;ia defende a necessidade de ouvir as diferentes narrativas no combate &agrave;s injusti&ccedil;as clim&aacute;ticas: &ldquo;A gente fala de desigualdade de ra&ccedil;a, de g&ecirc;nero e de crise habitacional associada ao clima. Essa agenda &eacute; complexa e sempre deve ser tratada no plural. Na transi&ccedil;&atilde;o para a sustentabilidade, &eacute; preciso ouvir as realidades de vida, pois o meio ambiente &eacute; a &uacute;ltima fronteira dos direitos humanos&rdquo;.</p> <h3>Energia e infraestrutura</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/05/02/675x450/1_whatsapp_image_2024_05_02_at_14_14_15-36726841.jpeg" width="675" height="450" layout="responsive" alt="(Da esquerda para direita) Marcelo Furtado, Fabiana Prianti, Yael Sandberg e Vivianne Naigeborin "></amp-img> <figcaption>J&uacute;lia Giusti - <b>(Da esquerda para direita) Marcelo Furtado, Fabiana Prianti, Yael Sandberg e Vivianne Naigeborin </b></figcaption> </div></p> <p class="texto">O Brasil tem ampla utiliza&ccedil;&atilde;o de fontes renov&aacute;veis na matriz energ&eacute;tica, por&eacute;m os combust&iacute;veis f&oacute;sseis ainda predominam. O &iacute;ndice chega a quase 51%, segundo o Balan&ccedil;o Energ&eacute;tico de 2023, do Minist&eacute;rio de Minas e Energia, agravando o efeito estufa e a crise clim&aacute;tica. Com isso, cresce a urg&ecirc;ncia de se pensar pol&iacute;ticas de redu&ccedil;&atilde;o da emiss&atilde;o de gases poluentes, o que envolve, tamb&eacute;m, quest&otilde;es sociais e de infraestrutura.</p> <p class="texto">&ldquo;A produ&ccedil;&atilde;o de energia e&oacute;lica &eacute; uma estrat&eacute;gia importante para reduzir a nossa depend&ecirc;ncia de fontes f&oacute;sseis, mas a implanta&ccedil;&atilde;o de h&eacute;lices tem gerado questionamentos sobre sa&uacute;de p&uacute;blica local e quest&otilde;es econ&ocirc;micas. Al&eacute;m disso, contratos entre empresas e produtores s&atilde;o extremamente desvantajosos, com baixas remunera&ccedil;&otilde;es e aumento do custo de vida para a popula&ccedil;&atilde;o vulner&aacute;vel. Por isso, &eacute; preciso dar aten&ccedil;&atilde;o maior para a dimens&atilde;o social, para que tenhamos parques e&oacute;licos que criem oportunidades e se conectem com a regi&atilde;o&rdquo;, declara Vah&iacute;d Vahdat.</p> <p class="texto">Para o diretor do Instituto Ita&uacute;sa, Marcelo Furtado, mitigar as emiss&otilde;es de poluentes a pelo combate &agrave;s desigualdades, considerando sustentabilidade e inclus&atilde;o produtiva para adapta&ccedil;&atilde;o &agrave;s mudan&ccedil;as clim&aacute;ticas: &ldquo;Quais s&atilde;o os empregos e as oportunidades que v&atilde;o surgir nas ind&uacute;strias e nos postos de atua&ccedil;&atilde;o? Quais s&atilde;o os elementos para promover adapta&ccedil;&atilde;o? Investimentos devem combinar pol&iacute;ticas p&uacute;blicas inteligentes, a&ccedil;&atilde;o do setor privado e guiadas pelo interesse p&uacute;blico&rdquo;</p> <h3>Agenda produtiva</h3> <p class="texto">S&eacute;rgio Leit&atilde;o, advogado de temas socioambientais e fundador do Instituto Escolhas, que realiza pesquisas para o desenvolvimento sustent&aacute;vel, acredita que h&aacute; um &ldquo;deficit de democracia&rdquo;, devido a lacunas na forma&ccedil;&atilde;o ambiental das pessoas. Com isso, o meio ambiente funciona como &ldquo;moeda de troca&rdquo; no debate eleitoral.</p> <p class="texto">Segundo ele, a falta de pol&iacute;ticas mais espec&iacute;ficas voltadas ao setor desmotiva as pessoas a participar do debate ambiental, pois entendem que todas as pol&iacute;ticas servem para cercear suas oportunidades de desenvolvimento. 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Eu, Estudante 361s45

desenvolvimento

Inclusão produtiva: caminhos para uma economia sustentável 5b6vw

Agenda ambiental e empregabilidade da população vulnerável devem ser prioridades, aponta estudo 5r261a

Quando o assunto é sustentabilidade, a pauta da inclusão produtiva — ou seja, de pessoas em situação de vulnerabilidade socioeconômica — no mundo do trabalho ainda é pouco explorada. Muito se fala na formulação de políticas de redução da emissão de gases poluentes, transição energética e adoção de práticas sustentáveis em empresas. Porém, a falta de um olhar mais atento sobre os recursos humanos envolvidos e as desigualdades sociais cria lacunas de conhecimento e limitações para a promoção da sustentabilidade, explica Vivianne Naigeborin, superintendente da Fundação Arymax, instituição que atua em defesa da inclusão produtiva e uma das realizadoras do estudo Inclusão Produtiva e Transição para a Sustentabilidade: Oportunidades para o Brasil.

“Esse estudo surgiu do incômodo de observar que a transição para a sustentabilidade e o debate sobre as mudanças climáticas cresciam, ano a ano, mas que a população em vulnerabilidade social não estava incluída nesse debate, ou as soluções, nem sempre, consideravam os efeitos ambientais para essas populações”, afirma Vivianne. Pensando nisso, a pesquisa, lançada na última terçafeira (30/4), em São Paulo, traça caminhos para conciliar agenda ambiental, combate a desigualdades e inserção produtiva.

Realizado de julho a dezembro de 2023, o estudo envolveu revisão de mais de 700 materiais, oficinas e entrevistas com especialistas. Alguns dos principais eixos econômicos abordados são: uso da terra, mudanças climáticas, energia e infraestrutura. O objetivo é trazer para o debate público abordagens que considerem não só mudanças na estrutura ambiental, mas também ações que deem voz para questões sociais na busca pela sustentabilidade, com geração de empregos, renda e oportunidades no trabalho.

Como destaca Vivianne Naigeborin: “Não existe transição para a sustentabilidade sem pensar na inclusão produtiva, com visão sobre as pessoas e as desigualdades sociais”. Em conjunto com a Fundação Arymax, viabilizaram o estudo a B3 Social e os institutos Golden Tree e Itaúsa, que buscam soluções sustentáveis para o ambiente e a sociedade. A execução ocorreu pelo institutos Veredas e Cíclica, responsáveis pela promoção sustentável para formular políticas públicas.

Baixa qualidade 4y1e4h

A economia brasileira é focada na exploração de commodities para exportação, como minério de ferro, soja e carne. De acordo com o perfil de emissões do Brasil por setores, do Instituto de Energia e Meio Ambiente (IEMA), o desmatamento e a agropecuária têm grande participação na emissão de poluentes, contribuindo para o agravamento da crise climática. Além disso, processos produtivos envolvidos nesses setores são concentrados nas mãos de grandes empresas, como aponta o diretor executivo do Instituto Veredas, Vahíd Vahdat.

“Nossa estrutura produtiva ainda é pouco intensiva em mão de obra, sendo extremamente heterogênea e com brechas de produtividade. Ao se comparar América Latina e União Europeia, as microempresas daqui ocupam só 6% dos processos produtivos, enquanto, na União Europeia, têm participação de quase 50%. O avanço tecnológico também torna as grandes empresas mais produtivas, mas não chega nas pequenas. A maior parte dos empregos nelas são de baixa qualidade e, enquanto a gente não superar esse problema, haverá desigualdades”, pontua.

Racismo ambiental 4uk4w

Júlia Giusti - Empresas defendem participação social em pautas ambientais e no combate à desigualdade

Em 2023, a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua mostrou que 64 milhões de pessoas viviam em insegurança alimentar, condição que envolve incerteza quanto ao o de alimentos e fome. Em relação à rede de abastecimento, 44% da população não é atendida por rede de esgoto, enquanto 15% não têm o à água tratada, segundo dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS), em 2021. No mesmo ano, o deficit habitacional atingiu quase seis milhões de brasileiros, o que inclui domicílios precários e alto custo de aluguéis.

Andréia Louback, diretora-executiva do Centro Brasileiro de Justiça Climática (CBJC), explica que as mudanças climáticas afetam, principalmente, minorias sociais, como pessoas pretas e pardas, que são quase 56% da população brasileira, de acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para ela, o racismo ambiental provoca alta ocupação de pessoas de cor em zonas de sacrifício, áreas ambientalmente prejudicadas, seja pela exploração econômica, seja por falta de investimentos.

Andréia defende a necessidade de ouvir as diferentes narrativas no combate às injustiças climáticas: “A gente fala de desigualdade de raça, de gênero e de crise habitacional associada ao clima. Essa agenda é complexa e sempre deve ser tratada no plural. Na transição para a sustentabilidade, é preciso ouvir as realidades de vida, pois o meio ambiente é a última fronteira dos direitos humanos”.

Energia e infraestrutura 2p5p3p

Júlia Giusti - (Da esquerda para direita) Marcelo Furtado, Fabiana Prianti, Yael Sandberg e Vivianne Naigeborin

O Brasil tem ampla utilização de fontes renováveis na matriz energética, porém os combustíveis fósseis ainda predominam. O índice chega a quase 51%, segundo o Balanço Energético de 2023, do Ministério de Minas e Energia, agravando o efeito estufa e a crise climática. Com isso, cresce a urgência de se pensar políticas de redução da emissão de gases poluentes, o que envolve, também, questões sociais e de infraestrutura.

“A produção de energia eólica é uma estratégia importante para reduzir a nossa dependência de fontes fósseis, mas a implantação de hélices tem gerado questionamentos sobre saúde pública local e questões econômicas. Além disso, contratos entre empresas e produtores são extremamente desvantajosos, com baixas remunerações e aumento do custo de vida para a população vulnerável. Por isso, é preciso dar atenção maior para a dimensão social, para que tenhamos parques eólicos que criem oportunidades e se conectem com a região”, declara Vahíd Vahdat.

Para o diretor do Instituto Itaúsa, Marcelo Furtado, mitigar as emissões de poluentes a pelo combate às desigualdades, considerando sustentabilidade e inclusão produtiva para adaptação às mudanças climáticas: “Quais são os empregos e as oportunidades que vão surgir nas indústrias e nos postos de atuação? Quais são os elementos para promover adaptação? Investimentos devem combinar políticas públicas inteligentes, ação do setor privado e guiadas pelo interesse público”

Agenda produtiva 2r3m3h

Sérgio Leitão, advogado de temas socioambientais e fundador do Instituto Escolhas, que realiza pesquisas para o desenvolvimento sustentável, acredita que há um “deficit de democracia”, devido a lacunas na formação ambiental das pessoas. Com isso, o meio ambiente funciona como “moeda de troca” no debate eleitoral.

Segundo ele, a falta de políticas mais específicas voltadas ao setor desmotiva as pessoas a participar do debate ambiental, pois entendem que todas as políticas servem para cercear suas oportunidades de desenvolvimento. Assim, ele classifica como “imprescindível discutir a partir da necessidade de ganhar tempo, até que soluções duradouras sejam capazes de gerar empregos e oportunidades”.

Fabiana Prianti, head da B3 Social, pede por mais recursos na filantropia, concentrando diversos atores e viabilizando a sustentabilidade ambiental e combate às desigualdades sociais. Para ela, o caminho para uma economia verde também é por meio da educação: “A produção de conhecimento é essencial para qualificar o debate. As oportunidades vêm com o realinhamento da formação de profissionais, com olhar integrado sobre a janela de oportunidades da educação profissional tecnológica e o ensino superior”.

Além da conciliação entre as agendas ambiental e social, é importante destacar a “indissociabilidade entre dignidade humana e inclusão produtiva”, como diz a diretora executiva do Golden Tree, Yael Sandberg. Ela expõe: “Falar de desenvolvimento econômico, emprego, trabalho e educação tem como objetivo promover o bem-estar do ser humano, com respeito à diversidade e aos direitos”.

 

*Estagiária sob a supervisão de Marina Rodrigues