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Nesta etapa, que marca a transi&ccedil;&atilde;o para a vida adulta e durante a qual cada decis&atilde;o influencia diretamente o futuro educacional e profissional, &eacute; comum dedicar-se aos estudos, ao trabalho ou aos dois, simultaneamente. No entanto, a crise sanit&aacute;ria mundial tem imposto mais obst&aacute;culos aos jovens brasileiros; afinal, a pandemia aumenta o risco de evas&atilde;o escolar (seja ainda no col&eacute;gio ou no curso t&eacute;cnico, seja na faculdade), bem como pressiona os &iacute;ndices de desemprego.</p> <p class="texto">Segundo o Instituto de Pesquisa Econ&ocirc;mica Aplicada (Ipea), cerca de 10,5 milh&otilde;es de jovens nem estudam, nem trabalham. Eles correspondem a quase 24% da popula&ccedil;&atilde;o de 15 a 29 anos. O risco &eacute; de que esse n&uacute;mero aumente. Mais de 54% dos 44,3 milh&otilde;es de jovens est&atilde;o empregados, sendo que quase 13% conciliam o trabalho com os estudos e 22% apenas estudam. Os n&uacute;meros foram calculados pelo Ipea a partir de dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estat&iacute;stica (IBGE) por meio da Pnad Cont&iacute;nua (2019) e da Pnad Covid19 (2020). Essa &uacute;ltima tem car&aacute;ter experimental durante a pandemia.</p> <p class="texto">&Eacute; comum observar per&iacute;odos de inatividade na trajet&oacute;ria de jovens, mas longo tempo improdutivo deixa cicatrizes irrepar&aacute;veis na carreira, conforme conclui o Ipea. E &eacute; justamente um alongamento do per&iacute;odo sem trabalho ou sem estudo que muitos jovens est&atilde;o enfrentando no Brasil com a pandemia. Quanto mais tempo longe da escola e do mundo do trabalho, maiores s&atilde;o os riscos de precariedade e exclus&atilde;o do mercado ao longo da vida. Jovens sem o &agrave; educa&ccedil;&atilde;o, forma&ccedil;&atilde;o e experi&ecirc;ncia profissional est&atilde;o cada vez mais afastados da esfera do trabalho decente.</p> <p class="texto">Os impactos da pandemia come&ccedil;am a mostrar a cara a esse grupo et&aacute;rio de modo mais severo. Levantamento do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) feito com 33.688 jovens de todo o pa&iacute;s revelou que quatro a cada 10 entrevistados perderam totalmente ou tiveram a renda diminu&iacute;da at&eacute; junho. Mais da metade afirmou que a renda continuou a mesma, mas 25% n&atilde;o estavam trabalhando antes da pandemia, portanto, seguem em situa&ccedil;&atilde;o de vulnerabilidade. Al&eacute;m disso, 27% dos jovens precisaram deixar o emprego por parada tempor&aacute;ria das atividades, por demiss&atilde;o ou fechamento do local de trabalho, e 33% buscaram uma forma de complementar a renda. Al&eacute;m disso, 24% dos jovens entre 15 e 29 anos pensam em n&atilde;o voltar &agrave; escola.</p> <h3>Desencorajamento</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/766x527/1_1-6270437.jpg" width="766" height="527" layout="responsive" alt="&quot;&Eacute; t&iacute;pico da juventude ficar um tempo sem trabalhar e depois voltar. Entretanto, durante a pandemia, percebe-se que, embora eles queiram trabalhar, as necess&aacute;rias medidas de isolamento social os t&ecirc;m impedido&quot; Enid Rocha, pesquisadora do Ipea"></amp-img> <figcaption>H&eacute;lio Monteiro/Divulga&ccedil;&atilde;o - <b>&quot;&Eacute; t&iacute;pico da juventude ficar um tempo sem trabalhar e depois voltar. Entretanto, durante a pandemia, percebe-se que, embora eles queiram trabalhar, as necess&aacute;rias medidas de isolamento social os t&ecirc;m impedido&quot; Enid Rocha, pesquisadora do Ipea</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Al&eacute;m de perderem em rendimentos, os jovens t&ecirc;m a motiva&ccedil;&atilde;o afetada, como mostra an&aacute;lise do Instituto de Pesquisa Econ&ocirc;mica Aplicada (Ipea): considerando o m&ecirc;s de julho, cerca de 54% dos nem-nem desistiram de procurar emprego, &iacute;ndice 8% maior do que o registrado em janeiro deste ano. A pesquisa revelou ainda que, entre os jovens que estavam desocupados h&aacute; mais de um ano (longo prazo), 61% afirmam que pararam de procurar emprego devido &agrave; pandemia. A mesma resposta foi dada por 62% dos desempregados em curto prazo. Daqueles que j&aacute; n&atilde;o estavam procurando emprego antes, cerca de 48% se dizem ainda mais desencorajados em raz&atilde;o da crise sanit&aacute;ria.</p> <p class="texto">Nota-se que a maioria dos nem-nem pertencentes &agrave; subcategoria de gravidez, sa&uacute;de ou incapacidade e afazeres dom&eacute;sticos afirma outros motivos para n&atilde;o procurar emprego no momento. &ldquo;A pandemia est&aacute; desmotivando os jovens a buscarem emprego&rdquo;, afirma Enid Rocha, pesquisadora do Ipea e respons&aacute;vel pelo estudo. &ldquo;Esse n&uacute;mero (de jovens desencorajados para procurar trabalho) pode aumentar muito. &Eacute; dif&iacute;cil arriscar uma propor&ccedil;&atilde;o, mas podemos dizer que esses jovens, por n&atilde;o estarem estudando nem trabalhando, ficar&atilde;o sem acumular experi&ecirc;ncia e educa&ccedil;&atilde;o. Ent&atilde;o, quando voltarem ao mercado, ser&atilde;o colocados para tr&aacute;s com rela&ccedil;&atilde;o &agrave; nova gera&ccedil;&atilde;o&rdquo;, completa.</p> <p class="texto">Economista e doutora em ci&ecirc;ncias sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Enid explica que &eacute; comum que os jovens nem-nem transitem dentro e fora do mercado de trabalho. &ldquo;&Eacute; t&iacute;pico da juventude ficar um tempo sem trabalhar e, depois, voltar. Entretanto, durante a pandemia, percebe-se que, embora eles queiram trabalhar, as necess&aacute;rias medidas de isolamento social os t&ecirc;m impedido&rdquo;, explica.</p> <h3>Sem procurar emprego</h3> <p class="texto">A totalidade dos jovens nem-nem (n&atilde;o trabalham, n&atilde;o estudam e n&atilde;o est&atilde;o em treinamento) divide-se em dois conjuntos. O primeiro inclui os que que integram a for&ccedil;a de trabalho porque est&atilde;o procurando emprego; ou seja, est&atilde;o desempregados, mas querem trabalhar e buscam oportunidades. O segundo conjunto &eacute; dos que est&atilde;o fora da for&ccedil;a de trabalho e n&atilde;o procuram emprego.</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/19-6270681.jpg" width="792" height="2279" layout="responsive" alt="Reprodu&ccedil;&atilde;o"></amp-img> <figcaption>Reprodu&ccedil;&atilde;o - <b>Reprodu&ccedil;&atilde;o</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Incluem-se nesse segundo grupo jovens desencorajados, que desistiram de procurar trabalho porque acham que n&atilde;o existe emprego para eles; jovens que t&ecirc;m responsabilidades familiares e n&atilde;o est&atilde;o dispon&iacute;veis para o mercado de trabalho; e ainda jovens com alguma incapacidade f&iacute;sica, problema de sa&uacute;de ou gravidez e que, por isso, n&atilde;o podem trabalhar. A for&ccedil;a de trabalho &eacute; composta por ocupados e desocupados (empregados e desempregados que procuram emprego).</p> <p class="texto">Antes da pandemia, a propor&ccedil;&atilde;o de jovens nem-nem fora da for&ccedil;a de trabalho j&aacute; era alta (57%). Com a crise sanit&aacute;ria, isso aumentou. A an&aacute;lise dos dados pelo Ipea revela que tamb&eacute;m cresceu a parcela dos jovens nem-nem desocupados. O que garante a subsist&ecirc;ncia dessas pessoas, muitas vezes, s&atilde;o ajudas do governo: em maio, a maior parte dos nem-nem recebia algum apoio entre Bolsa Fam&iacute;lia, Aux&iacute;lio Emergencial e Benef&iacute;cio de Presta&ccedil;&atilde;o Continuada (BPC).<br /></p> <h3>Recomenda&ccedil;&otilde;es</h3> <p class="texto">O Ipea produziu um conjunto de propostas para o governo pensando no per&iacute;odo p&oacute;s-covid-19, considerando os diferentes motivos pelos quais os jovens viveram longos per&iacute;odos de inatividade. Entre as estrat&eacute;gias sugeridas est&atilde;o a oferta de uma segunda chance de escolariza&ccedil;&atilde;o, como a amplia&ccedil;&atilde;o da Educa&ccedil;&atilde;o de Jovens e Adultos (EJA), maior oferta da educa&ccedil;&atilde;o infantil e busca ativa de quem est&aacute; desvinculado do mercado. &ldquo;Aproveitando toda a estrutura que o governo brasileiro tem e os programas existentes, seria poss&iacute;vel fazer uma a&ccedil;&atilde;o coordenada para alcan&ccedil;ar esses jovens&rdquo;, prop&otilde;e a pesquisadora do instituto Enid Rocha.</p> <p class="texto">Outro ponto importante &eacute; trabalhar as compet&ecirc;ncias socioemocionais dos jovens, pois estudos revelam que a aus&ecirc;ncia dessas habilidades afeta mais drasticamente essa parte da popula&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Os jovens nem-nem apresentam maiores dificuldades em rela&ccedil;&atilde;o &agrave; autoestima e a autoconfian&ccedil;a. Por isso, &eacute; muito importante ter programas de forma&ccedil;&atilde;o em habilidade socioemocionais. Afinal, muitos n&atilde;o sabem como se comportar em uma entrevista ou trabalhar em equipe&rdquo;, enumera. Confira o documento com todas as recomenda&ccedil;&otilde;es no <a href="https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/relatorio_institucional/200724_ri_o%20brasil_pos_covid_19_sumex.pdf">link</a>.<br /></p> <h3>Empecilhos ao emprego</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/766x527/1_2-6270448.jpg" width="766" height="526" layout="responsive" alt="Rec&eacute;m-formado em ci&ecirc;ncia pol&iacute;tica, Ronan come&ccedil;ou a procurar emprego antes da pandemia, mas a falta de experi&ecirc;ncia atrapalha"></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>Rec&eacute;m-formado em ci&ecirc;ncia pol&iacute;tica, Ronan come&ccedil;ou a procurar emprego antes da pandemia, mas a falta de experi&ecirc;ncia atrapalha</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Apesar de a baixa escolaridade ser um fator que diminui as chances de empregabilidade dos jovens, quem tem ensino superior tamb&eacute;m encontra dificuldade no mercado. Segundo pesquisa do N&uacute;cleo Brasileiro de Est&aacute;gios (Nube), feita com rec&eacute;m-formados entre 2014 e 2018, cerca de 45% dos graduados est&atilde;o desempregados. Embora a taxa de ocupa&ccedil;&atilde;o ultrae 50%, apenas cerca de 25% conseguiram trabalho na &aacute;rea de forma&ccedil;&atilde;o em menos de tr&ecirc;s meses. Enquanto isso, aproximadamente 21% migraram para outras &aacute;reas de atua&ccedil;&atilde;o diferentes da de forma&ccedil;&atilde;o. Dentre os desempregados, 18,76% est&atilde;o h&aacute; mais de um ano em busca de emprego.</p> <p class="texto">Para Helenice Accioly, coordenadora de Sele&ccedil;&atilde;o do Nube, o mercado est&aacute; dif&iacute;cil para profissionais de diversas &aacute;reas e n&iacute;veis de forma&ccedil;&atilde;o e n&atilde;o s&oacute; por causa da pandemia. &ldquo;A ideia de que quem tem ensino superior n&atilde;o fica sem emprego n&atilde;o faz mais sentido, pois, nos &uacute;ltimos anos, houve um crescimento no n&uacute;mero de pessoas nas universidades e aumentou a concorr&ecirc;ncia de candidatos com esse n&iacute;vel de forma&ccedil;&atilde;o&rdquo;, explica Helenice, formada em psicologia pela Universidade Paulista e p&oacute;s-graduada em psicopatologia e sa&uacute;de p&uacute;blica pela Universidade de S&atilde;o Paulo (USP).</p> <p class="texto">Por isso, a dica dela para alcan&ccedil;ar o t&atilde;o sonhado cargo &eacute; nunca parar de estudar, manter-se atualizado e criar uma boa rede de contatos, para assim, estar ciente das melhores possibilidades. &ldquo;O momento exige cada vez mais a qualifica&ccedil;&atilde;o do profissional&rdquo;, aconselha Helenice.</p> <h3><br />Falta de experi&ecirc;ncia</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/766x527/1_3-6270459.jpg" width="766" height="526" layout="responsive" alt="&quot;A ideia de que quem tem ensino superior n&atilde;o fica sem emprego n&atilde;o faz mais sentido, pois, nos &uacute;ltimos anos, houve um crescimento no n&uacute;mero de pessoas nas universidades e aumentou a concorr&ecirc;ncia de candidatos com esse n&iacute;vel de forma&ccedil;&atilde;o&quot; Helenice Accioly, coordenadora de sele&ccedil;&atilde;o do Nube"></amp-img> <figcaption> Nube / Divulga&ccedil;&atilde;o - <b>&quot;A ideia de que quem tem ensino superior n&atilde;o fica sem emprego n&atilde;o faz mais sentido, pois, nos &uacute;ltimos anos, houve um crescimento no n&uacute;mero de pessoas nas universidades e aumentou a concorr&ecirc;ncia de candidatos com esse n&iacute;vel de forma&ccedil;&atilde;o&quot; Helenice Accioly, coordenadora de sele&ccedil;&atilde;o do Nube</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Ainda segundo o estudo da Nube, a maioria (58,8%) dos rec&eacute;m-formados desempregados acredita que n&atilde;o conseguir&aacute; o &ldquo;sim&rdquo; nas entrevistas devido &agrave; falta de experi&ecirc;ncia necess&aacute;ria na &aacute;rea de atua&ccedil;&atilde;o. Esse &eacute; caso de Ronan Bento de Castro, 24 anos, formado h&aacute; menos de um ano em ci&ecirc;ncia pol&iacute;tica pela Universidade de Bras&iacute;lia (UnB). O foco dele &eacute; trabalhar em alguma firma de consultoria. A busca, sem resultado at&eacute; agora, come&ccedil;ou pouco antes da pandemia. &ldquo;Recebi o de algumas empresas dizendo que eu ainda n&atilde;o me encaixava no perfil&rdquo;, diz.</p> <p class="texto">Durante a gradua&ccedil;&atilde;o, o jovem estagiou em &oacute;rg&atilde;os p&uacute;blicos e dedicou-se a pesquisas e atividades complementares. &ldquo;Eu tenho dom&iacute;nio das ferramentas necess&aacute;rias. Por&eacute;m, percebo que as empresas d&atilde;o prefer&ecirc;ncia para ex-estagi&aacute;rios. A aus&ecirc;ncia de experi&ecirc;ncia no setor privado pode ter me comprometido&rdquo;, sup&otilde;e. Agora, ele tenta usar o tempo livre para aprimorar o perfil profissional e tirar projetos pessoais do papel, como estudar para ingressar em uma segunda gradua&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Entrei em associa&ccedil;&otilde;es, grupos de profissionais que atuam em Bras&iacute;lia, acompanho as m&iacute;dias, participo de lives e apresento meu perfil quando poss&iacute;vel. Estou esperan&ccedil;oso, mas n&atilde;o coloco minha energia somente nisso&rdquo;, conta.</p> <h3><br />Falta de oportunidades causa desmotiva&ccedil;&atilde;o</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/766x527/1_4-6270492.jpg" width="766" height="526" layout="responsive" alt="Emanuele precisou largar a faculdade para trabalhar e, agora, sem emprego h&aacute; quase quatro meses, desistiu de procurar uma vaga"></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>Emanuele precisou largar a faculdade para trabalhar e, agora, sem emprego h&aacute; quase quatro meses, desistiu de procurar uma vaga</b></figcaption> </div></p> <p class="texto"><br />Emanuele Silva, 20 anos, &eacute; exemplo da estat&iacute;stica que revela o aumento da desmotiva&ccedil;&atilde;o entre jovens. Desempregada desde maio, ela desistiu de procurar emprego ap&oacute;s n&atilde;o receber nenhum retorno das oportunidades em que se inscreveu. &ldquo;Mandei curr&iacute;culos, me cadastrei em sites de vagas e nenhuma empresa fez contato. N&atilde;o fui chamada para nenhuma entrevista&rdquo;, diz. O &uacute;ltimo trabalho foi como gerente de um lava-jato, do qual Emanuele pediu demiss&atilde;o. Na &eacute;poca, ela morava sozinha, mas hospedava em casa a m&atilde;e, que est&aacute; gr&aacute;vida e ava por dificuldades financeiras, e a irm&atilde; de 10 anos.</p> <p class="texto">&ldquo;Com essa pandemia, n&atilde;o deu para continuar (trabalhando l&aacute;). Eu ficava muito exposta e minha m&atilde;e est&aacute; em uma gravidez de risco. Ent&atilde;o, estava deixando de ter contato com ela para poder trabalhar&rdquo;, conta. Emanuele terminou o ensino m&eacute;dio em 2017 e teve diversos trabalhos, incluindo a subger&ecirc;ncia de um posto de gasolina. &ldquo;Trabalho desde muito nova, e o que voc&ecirc; me der para fazer eu fa&ccedil;o. Fui bab&aacute;, secret&aacute;ria, trabalhei tamb&eacute;m em escrit&oacute;rio de contabilidade, banca de verduras, vendi bolo no pote na rua&rdquo;, comenta. Na opini&atilde;o da jovem, a falta de oportunidades se d&aacute; em raz&atilde;o da pandemia e n&atilde;o do curr&iacute;culo, j&aacute; que ela fez cursos de ingl&ecirc;s e inform&aacute;tica b&aacute;sica.</p> <p class="texto">&ldquo;Como uma pessoa que tem esse tanto de experi&ecirc;ncia n&atilde;o consegue um emprego, nem mesmo um bico? Isso &eacute; problem&aacute;tico&rdquo;, pontua. Agora, desmotivada para buscar uma vaga formal, Emanuele planeja investir em um novo projeto. H&aacute; poucos meses, decidiu morar com o namorado, professor de cursinho para concursos e consultor legislativo, e deve ajud&aacute;-lo a preparar materiais de estudo. No entanto, as atividades do site s&oacute; devem come&ccedil;ar no fim deste m&ecirc;s e o retorno financeiro, a partir do ano que vem. &ldquo;At&eacute; l&aacute;, fico dependendo dele&rdquo;, conta.</p> <p class="texto">Mesmo com muitos receios, Emanuele se diz empolgada com o projeto. &ldquo;&Eacute; um tiro no escuro, pois &eacute; um trabalho muito diferente e sem carteira assinada, mas, se der certo, ser&aacute; muito bom para mim, pois terei tempo para voltar para a faculdade&rdquo;, diz. Em 2018, Emanuele iniciou o curso de sa&uacute;de coletiva na Universidade de Bras&iacute;lia (UnB), mas precisou trancar para continuar trabalhando. Agora, ela deseja voltar para o ensino superior, desta vez, para cursar letras portugu&ecirc;s e tornar-se professora.</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/20-6270691.jpg" width="776" height="1624" layout="responsive" alt="Reprodu&ccedil;&atilde;o"></amp-img> <figcaption>Reprodu&ccedil;&atilde;o - <b>Reprodu&ccedil;&atilde;o</b></figcaption> </div></p> <p class="texto"><br /><strong>Nem-nem ou sem-sem?</strong><br />H&aacute; institui&ccedil;&otilde;es e pesquisadores que sugerem trocar a terminologia &ldquo;nem&rdquo; por &ldquo;sem&rdquo;, usando o termo sem-sem (referindo-se a sem estudo e sem trabalho), j&aacute; que, para muitos, o que falta &eacute; oportunidade. Chamar essa popula&ccedil;&atilde;o de nem-nem traz uma falsa sensa&ccedil;&atilde;o de que os jovens est&atilde;o nessa situa&ccedil;&atilde;o porque querem ou de que s&atilde;o respons&aacute;veis por isso, sendo que, muitas vezes, n&atilde;o &eacute; essa a realidade e, em v&aacute;rios casos, trata-se de um quadro tempor&aacute;rio.</p> <h3><br />Como ficam os est&aacute;gios?</h3> <p class="texto">O est&aacute;gio &eacute; extremamente importante durante a vida acad&ecirc;mica. No entanto, trabalhar e estudar ao mesmo tempo durante a pandemia &eacute; uma tarefa que exige ainda mais for&ccedil;a de vontade. Isso porque a oferta de vagas de estagi&aacute;rio, assim como de emprego, caiu durante a crise sanit&aacute;ria em diversas institui&ccedil;&otilde;es. Antes da pandemia, a m&eacute;dia semanal de oportunidades no N&uacute;cleo Brasileiro de Est&aacute;gios era de aproximadamente 5 mil. Entre abril e junho, esse n&uacute;mero sofreu uma queda de 80%.</p> <p class="texto">Com a diminui&ccedil;&atilde;o da oferta de vagas, aumentou, consequentemente, a concorr&ecirc;ncia. Helenice Accioly, coordenadora de sele&ccedil;&atilde;o do N&uacute;cleo Brasileiro de Est&aacute;gios (Nube), diz que n&atilde;o h&aacute; como prever, com exatid&atilde;o, como estar&aacute; o quadro p&oacute;s-crise. &ldquo;Houve uma queda brusca no n&uacute;mero de postos abertos, alcan&ccedil;ando 92% em abril em rela&ccedil;&atilde;o ao mesmo per&iacute;odo do ano ado. Contudo, ocorreu uma gradativa melhora no quadro desde ent&atilde;o, chegando a 45% no m&ecirc;s de julho. Se a tend&ecirc;ncia de r&aacute;pida recupera&ccedil;&atilde;o perdurar, os estudantes podem ficar esperan&ccedil;osos&rdquo;, diz.</p> <p class="texto"><br />Pesquisa feita entre 3 e 14 de agosto mostra que quase metade dos jovens est&aacute; com dificuldade para achar uma vaga de estagi&aacute;rio, enquanto pouco mais da metade est&aacute; otimista. Confira como os candidatos se sentem nessa busca:<br /> <br /><strong>53,68%</strong> Sim, estou otimista e devo encontrar uma em breve</p> <p class="texto"><strong>40,24%</strong> Sim, mas n&atilde;o est&aacute; sendo f&aacute;cil</p> <p class="texto"><strong>4,16%</strong> Depende, at&eacute; quero, mas tem poucas oportunidades</p> <p class="texto"><strong>1,23%</strong> N&atilde;o, estou muito pessimista por conta da pandemia</p> <p class="texto"><strong>0,69%</strong> N&atilde;o, parei de procurar, s&oacute; voltarei quando tudo ar<br /></p> <p class="texto"><strong>Fonte:</strong> N&uacute;cleo Brasileiro de Est&aacute;gios (Nube)</p> <h3><br />Sete os at&eacute; o primeiro emprego</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/766x527/1_5-6270503.jpg" width="766" height="526" layout="responsive" alt="Hochmuller / Divulga&ccedil;&atilde;o"></amp-img> <figcaption>Hochmuller / Divulga&ccedil;&atilde;o - <b>Hochmuller / Divulga&ccedil;&atilde;o</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Diante do atual cen&aacute;rio e de uma concorr&ecirc;ncia que s&oacute; aumenta, inclusive entre candidatos com ensino superior completo, muitos se perguntam como conseguir o primeiro emprego dentro da &aacute;rea de forma&ccedil;&atilde;o. Confira dicas de Erika Linhares, palestrante e executiva especializada em habilidades comportamentais em organiza&ccedil;&otilde;es e pedagoga.<br /> <br /><strong>1.</strong> Procure est&aacute;gio o quanto antes enquanto estiver na faculdade. Assim, poder&aacute; adquirir alguma experi&ecirc;ncia. Pessoas que deixam para procurar emprego ap&oacute;s se formarem t&ecirc;m mais dificuldades do que aquelas que estagiaram durante o per&iacute;odo de estudo.<br /> <br /><strong>2.</strong> Cuidado com as altas expectativas. Nem sempre o primeiro emprego &eacute; a vaga dos sonhos ou o sal&aacute;rio &eacute; o imaginado. Regule as expectativas. Quem foca apenas em encontrar cargo e remunera&ccedil;&atilde;o ideais perde tempo. Continue buscando o que quer, mas n&atilde;o deixe de aproveitar oportunidades que aparecerem no caminho.<br /> <br /><strong>3.</strong> Saiba muito bem o que quer. Pesquise sobre o cargo que deseja conquistar e sobre as empresas onde deseja trabalhar. Busque informa&ccedil;&otilde;es sobre qual tipo de profissional a institui&ccedil;&atilde;o procura e com quais qualifica&ccedil;&otilde;es. Sabendo o que quer, trace seu plano e corra atr&aacute;s desse objetivo. Quem n&atilde;o sabe o que quer acaba n&atilde;o saindo do lugar.<br /> <br /><strong>4.</strong> Seja uma pessoa antenada. Entenda o mundo ao seu redor, leia not&iacute;cias, mantenha-se atualizado. Mesmo n&atilde;o tendo experi&ecirc;ncia profissional, &eacute; fundamental mostrar que est&aacute; inteirado do que tem ocorrido no Brasil e no mundo. Fa&ccedil;a cursos, participe de eventos na sua &aacute;rea, v&aacute; a feiras e palestras.<br /> <br /><strong>5.</strong> Fa&ccedil;a um bom curr&iacute;culo, mesmo sem ter experi&ecirc;ncia profissional. Descreva qual &eacute; a sua gradua&ccedil;&atilde;o, suas habilidades t&eacute;cnicas e quais l&iacute;nguas fala, por exemplo. Relate experi&ecirc;ncias acad&ecirc;micas not&aacute;veis e trabalhos volunt&aacute;rios. Fale sobre monografias, interc&acirc;mbios, participa&ccedil;&atilde;o em congressos e semin&aacute;rios. Lembre-se de situa&ccedil;&otilde;es em que se sentiu desafiado e conte como <br />solucionou problemas.<br /> <br /><strong>6.</strong> Preocupe-se com a sua marca pessoal. Cuide bem da imagem que est&aacute; ando aos outros e &agrave;s empresas. O curr&iacute;culo &eacute; uma propaganda de habilidades. Seja voc&ecirc; mesmo. N&atilde;o elabore mentiras para impressionar. Quanto mais sincero e honesto for, mais transmitir&aacute; verdade ao entrevistador. Conte tamb&eacute;m no curr&iacute;culo sobre sua capacidade de resolver problemas, de ter empatia, de saber inovar, etc. Hoje, as empresas contratam, demitem e promovem pessoas de acordo com as habilidades comportamentais.<br /> <br /><strong>7.</strong> Divulgue a si mesmo. Entre nos sites de empresas que gostaria de trabalhar e cadastre seu curr&iacute;culo. V&aacute; atr&aacute;s de ag&ecirc;ncias de emprego e ative seu networking. Fale com amigos, pessoas com quem estudou, professores etc. Fa&ccedil;a com que os outros lembrem de voc&ecirc; e saibam que est&aacute; procurando uma coloca&ccedil;&atilde;o.</p> <h3><br />Tr&ecirc;s perguntas para</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/766x527/1_6-6270514.jpg" width="766" height="526" layout="responsive" alt="IBM/Divulga&ccedil;&atilde;o"></amp-img> <figcaption>IBM/Divulga&ccedil;&atilde;o - <b>IBM/Divulga&ccedil;&atilde;o</b></figcaption> </div></p> <p class="texto"><br /><strong>Juliana Nobre,</strong> gerente de Cidadania Corporativa da International Business Machine Brasil (IBM) e especialista em responsabilidade social corporativa pela Funda&ccedil;&atilde;o Getulio Vargas (FGV)</p> <p class="texto"><strong>Por que o conhecimento tecnol&oacute;gico &eacute; t&atilde;o importante para os jovens?</strong><br />Atualmente, as tecnologias avan&ccedil;am em um ritmo muito acelerado, a demanda por profissionais com as habilidades necess&aacute;rias para atuar nesse mercado s&oacute; aumenta e um dos grandes desafios nesse cen&aacute;rio &eacute; preparar pessoas com essas compet&ecirc;ncias. Acredito que os jovens precisam ter o a um ensino que os tornem aptos a esta nova realidade, que &eacute; digital, deixando a experi&ecirc;ncia educacional mais pr&oacute;xima ao mundo de trabalho, que &eacute; bastante din&acirc;mico, e entendendo a aplicabilidade dessas novas tecnologias, como a Intelig&ecirc;ncia Artificial (IA), na resolu&ccedil;&atilde;o de problemas. Por isso, aqui na IBM, temos a educa&ccedil;&atilde;o como um de nossos pilares e seguimos investindo em iniciativas para fomentar o aprendizado no Brasil e capacitar esses profissionais do futuro. <br /> <br /><strong>A forma&ccedil;&atilde;o na &aacute;rea realmente traz mais oportunidades de emprego?</strong> <br />Atualmente, a tecnologia est&aacute; presente em quase todos os setores. Ela d&aacute; &agrave;s empresas uma vantagem competitiva. Um n&uacute;mero crescente de setores antes considerados &ldquo;n&atilde;o digitais&rdquo;, agora, adota pelo menos algum aspecto da tecnologia. De acordo com o &uacute;ltimo relat&oacute;rio do F&oacute;rum Econ&ocirc;mico Mundial, mais de 42% de todos os empregos sofrer&atilde;o altera&ccedil;&otilde;es significativas at&eacute; 2022 e exigir&atilde;o novas habilidades, como anal&iacute;tica avan&ccedil;ada, design thinking e soft skills. Jovens que t&ecirc;m esse conhecimento saem na frente, pois contam com as habilidades que s&atilde;o disputadas pelo mercado de tecnologia ou qualquer ind&uacute;stria que adote tecnologia em sua transforma&ccedil;&atilde;o digital. Isso os posiciona de forma competitiva em rela&ccedil;&atilde;o a sal&aacute;rios e posi&ccedil;&otilde;es de trabalho. <br /> <br /><strong>Como funcionam os cursos da IBM? Qualquer um pode se cadastrar?</strong> <br />Sim! O Open P-TECH &eacute; uma plataforma que apresenta diferentes tipos de conte&uacute;do de educa&ccedil;&atilde;o digital gratuita e &eacute; aberta a todos. Ela foi criada com o objetivo de capacitar jovens e educadores em compet&ecirc;ncias tecnol&oacute;gicas em &aacute;reas como seguran&ccedil;a cibern&eacute;tica, intelig&ecirc;ncia artificial e computa&ccedil;&atilde;o em nuvem, al&eacute;m de outras habilidades profissionais valorizadas no mercado de trabalho. Ap&oacute;s concluir os cursos, os alunos podem ganhar &ldquo;badges digitais&rdquo;, que s&atilde;o certificados. Esse tipo de reconhecimento pode ser inclu&iacute;do no curr&iacute;culo e auxiliar no processo de candidatura a uma vaga de emprego. Open P-TECH est&aacute; dispon&iacute;vel para estudantes, docentes e representantes de institui&ccedil;&otilde;es de ensino de todo o Brasil no link: www.ptech.org/open-p-tech.</p> <h3><br />A import&acirc;ncia da tecnologia para a carreira</h3> <p class="texto"><br />Especialistas concordam que a especializa&ccedil;&atilde;o &eacute; uma grande aliada dos jovens para ingressar no mercado de trabalho. Neste sentido, estar atendo &agrave;s mudan&ccedil;as tecnol&oacute;gicas &eacute; fundamental. Segundo estudo da International Business Machines Brasil (IBM), com a participa&ccedil;&atilde;o de alunos do ensino m&eacute;dio de 14 a 18 anos em diversos pa&iacute;ses, 66% dos estudantes afirmaram estar interessados em seguir carreira em tecnologia porque consideram que a maioria dos empregos exige inova&ccedil;&atilde;o. No Brasil, 70% dos entrevistados acreditam na import&acirc;ncia da intelig&ecirc;ncia artificial (IA) para a carreira, mas apenas 41% se sentem equipados para us&aacute;-la.</p> <h3><br />O empreendedorismo como sa&iacute;da</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/766x527/1_7-6270525.jpg" width="766" height="526" layout="responsive" alt="Gustavo Cez&aacute;rio, gerente da Unidade Cultura Empreendedora do Sebrae"></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>Gustavo Cez&aacute;rio, gerente da Unidade Cultura Empreendedora do Sebrae</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Devido &agrave; falta de oportunidades no mercado de trabalho, o empreendedorismo &eacute; visto como sa&iacute;da para driblar desemprego. Para Gustavo Cez&aacute;rio, gerente da Unidade Cultura Empreendedora do Servi&ccedil;o Brasileiro de Apoio &agrave;s Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mesmo em tempos de pandemia, &eacute; poss&iacute;vel investir no pr&oacute;prio neg&oacute;cio. &ldquo;Empreender &eacute; transformar ideias e oportunidades em algo de valor para o outro. Ent&atilde;o, isso tem muito a ver com capacidade de educa&ccedil;&atilde;o e entrega&rdquo;, afirma Cez&aacute;rio, mestre em rela&ccedil;&otilde;es internacionais pela Universidade de Bras&iacute;lia (UnB). Segundo ele, o empreendedorismo &eacute; um dos prop&oacute;sitos no novo ensino m&eacute;dio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que visa alcan&ccedil;ar o protagonismo juvenil. &ldquo;Destaca-se o jovem que escolhe o pr&oacute;prio caminho e itiner&aacute;rio&rdquo;, diz.</p> <p class="texto">No entanto, um bom empreendimento n&atilde;o nasce da noite para o dia e sem esfor&ccedil;os. &ldquo;Empreender &eacute; mais do que abrir um neg&oacute;cio. &Eacute; uma compet&ecirc;ncia que est&aacute; relacionada diretamente a saber valorizar ideias, ter leitura de contexto e oportunidade, conseguir mobilizar recursos e colocar a a&ccedil;&atilde;o em pr&aacute;tica&rdquo;, assegura Cez&aacute;rio. Por isso, continuar estudando tend&ecirc;ncias do nicho escolhido, as novas t&eacute;cnicas de trabalho e as transforma&ccedil;&otilde;es digitais &eacute; essencial. &ldquo;N&atilde;o paramos mais de estudar, o mundo muda muito r&aacute;pido e precisamos aprender n&atilde;o s&oacute; compet&ecirc;ncias t&eacute;cnicas (como gerir uma empresa), mas tamb&eacute;m e, sobretudo, compet&ecirc;ncias socioemocionais (como ser mais resiliente ou falar em p&uacute;blico com convencimento).&rdquo;<br /></p> <h3>Construindo uma marca</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/766x527/1_8-6270536.jpg" width="766" height="526" layout="responsive" alt="&quot;No in&iacute;cio, eu n&atilde;o gostava da &aacute;rea do com&eacute;rcio. Entretanto, sabendo que meus pais n&atilde;o tinham condi&ccedil;&otilde;es de pagar minha faculdade, vi que precisava fazer algo&quot; Talyssa Yamane, dona das lojas on-line Naz Pratas e Naz Drinks "></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>&quot;No in&iacute;cio, eu n&atilde;o gostava da &aacute;rea do com&eacute;rcio. Entretanto, sabendo que meus pais n&atilde;o tinham condi&ccedil;&otilde;es de pagar minha faculdade, vi que precisava fazer algo&quot; Talyssa Yamane, dona das lojas on-line Naz Pratas e Naz Drinks </b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Ap&oacute;s perder o est&aacute;gio em uma cl&iacute;nica m&eacute;dica por causa da pandemia, a estudante de nutri&ccedil;&atilde;o Talyssa Yamane, 19 anos, precisou rapidamente encontrar uma alternativa. Ela usava o dinheiro do est&aacute;gio para pagar as mensalidades do Centro Universit&aacute;rio Iesb. &ldquo;Eu fui demitida, n&atilde;o havia previs&atilde;o para quando voltariam a contratar e o meu curr&iacute;culo era muito cru para procurar outro emprego&rdquo;, relata. &ldquo;No in&iacute;cio, eu n&atilde;o gostava da &aacute;rea do com&eacute;rcio. Entretanto, sabendo que meus pais n&atilde;o tinham condi&ccedil;&otilde;es de pagar minha faculdade, vi que precisava fazer algo.&rdquo;</p> <p class="texto">Mesmo com pouco experi&ecirc;ncia, a jovem abriu n&atilde;o s&oacute; uma, mas duas lojas virtuais durante a crise sanit&aacute;ria. No Instagram, ela istra os perfis @nazdrinks e @nazpratas. O primeiro vende joias em prata e velas arom&aacute;ticas, enquanto o segundo &eacute; voltado a especiarias para drinks e destilados, al&eacute;m de caixas e copos personalizados da marca. Talyssa tinha certa experi&ecirc;ncia por causa do brech&oacute; da m&atilde;e dela, onde ajudava com as finan&ccedil;as. Mesmo assim, n&atilde;o se sentia preparada para empreender. &ldquo;Eu tinha muito medo. Era eu sozinha, muito nova e sem entendimento nenhum sobre nada. Eu mal sabia ar um cart&atilde;o&rdquo;, revela.</p> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/766x527/1_11-6270569.jpg" width="766" height="527" layout="responsive" alt="Arquivo Pessoal"></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>Arquivo Pessoal</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Por isso, o primeiro o foi estudar, assim como sugere Gustavo Cez&aacute;rio, gerente do Sebrae. Sem dinheiro para investir em cursos, ela pesquisou por conta pr&oacute;pria quest&otilde;es de engajamento da rede social em que trabalharia, design e marketing. &ldquo;Nem tudo d&aacute; para pagar para algu&eacute;m fazer. Ent&atilde;o, eu tive que colocar a cara a tapa e aprender sozinha&rdquo;, afirma. Em abril, a loja on-line de pratas estava pronta e, rapidamente, vendeu toda a cole&ccedil;&atilde;o. Meses depois, em agosto, incentivada pelos amigos, a apaixonada por drinks lan&ccedil;ou o segundo perfil.</p> <p class="texto">O movimento ainda n&atilde;o &eacute; forte, mas a ajuda a pagar as despesas. Agora istrando o pr&oacute;prio tempo, Talyssa conta que consegue dedicar-se mais aos estudos e a si mesma. Ela pensa em continuar investindo nas lojas para, no futuro, conciliar o empreendimento com a carreira que deseja seguir, que, muito provavelmente, ser&aacute; ligada ao setor istrativo da nutri&ccedil;&atilde;o. &ldquo;Hoje, gosto muito do que fa&ccedil;o. &Eacute; muito bom criar sua marca, ter ideias pr&oacute;prias e ver as pessoas elogiarem sua autenticidade&rdquo;, diz.</p> <h3><br />Quatro os para empreender</h3> <p class="texto">Segundo Gustavo Cez&aacute;rio, gerente da Unidade Cultura Empreendedora do Sebrae, o ciclo DIMI (Descoberta, Idea&ccedil;&atilde;o, Modelagem e Implanta&ccedil;&atilde;o) &eacute; essencial para quem deseja empreender. Entenda: <br /> <br /><strong>Descoberta:</strong> nesse primeiro momento, deve-se explorar novas ideias e analisar oportunidade. A pergunta a ser feita &eacute;: para o que quero empreender?</p> <p class="texto"><strong>Idea&ccedil;&atilde;o:</strong> ap&oacute;s descobrir qual ser&aacute; seu empreendimento, &eacute; importante ter autoconsci&ecirc;ncia da motiva&ccedil;&atilde;o do neg&oacute;cio e entender qual o prop&oacute;sito e como ele se encaixa na sua ideia.</p> <p class="texto"><strong>Modelagem:</strong> essa &eacute; uma fase de planejamento. Deve-se definir qual a proposta de valor do empreendimento e estabelecer qual modelo de neg&oacute;cio ser&aacute; seguido.</p> <p class="texto"><strong>Implanta&ccedil;&atilde;o:</strong> o empreendedorismo n&atilde;o pode ser apenas te&oacute;rico e requer o exerc&iacute;cio do fazer. Esse &eacute; o momento de errar e aprender com os erros. Afinal, s&atilde;o eles que nos permitem tentar novamente e iniciar uma nova fase.<br /></p> <h3>Os desafios de quem continua trabalhando</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/766x527/1_9-6270547.jpg" width="766" height="526" layout="responsive" alt="Lyvia retornou ao trabalho presencial nesta semana"></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>Lyvia retornou ao trabalho presencial nesta semana</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Segundo pesquisa do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), 73% dos jovens continuaram trabalhando. Entre eles, 30% tiveram altera&ccedil;&atilde;o na carga hor&aacute;ria desde o in&iacute;cio da pandemia, seja por aumento da jornada seja por redu&ccedil;&atilde;o. Para a assistente t&eacute;cnica da Funda&ccedil;&atilde;o de Amparo ao Trabalhador Preso do Distrito Federal (Funap/DF), Lyvia Hana Santos, 21, a carga hor&aacute;ria no teletrabalho tornou-se ainda maior do que quando atuava de modo presencial. &ldquo;Estamos na nossa casa, &eacute; mais confort&aacute;vel e n&atilde;o tem tanto isso de hor&aacute;rio para iniciar e terminar. Ent&atilde;o, enquanto tem trabalho, n&oacute;s estamos fazendo&rdquo;, relata a jovem comissionada que est&aacute; h&aacute; um ano do &oacute;rg&atilde;o. Com a implementa&ccedil;&atilde;o do home office, Lyvia viu a rotina mudar completamente.<br /> <br />&ldquo;Eu tive de me dividir em v&aacute;rias fun&ccedil;&otilde;es porque, al&eacute;m de prestar servi&ccedil;os para o meu trabalho, tenho de cuidar dos afazeres dom&eacute;sticos, ajudar a minha irm&atilde;, que recentemente deu &agrave; luz a g&ecirc;meas, e do meu irm&atilde;o mais novo, que est&aacute; estudando on-line. Est&aacute; sendo bem dif&iacute;cil&rdquo;, conta. Depois de quase cinco meses trabalhando de casa, a jovem voltou &agrave;s atividades presenciais na &uacute;ltima ter&ccedil;a-feira (1&ordm;/9). Segundo ela, o retorno f&iacute;sico assusta. &ldquo;Est&aacute;vamos isolados, tendo contato apenas com nossos familiares e, de repente, nos vemos em um mar de gente, com pessoas que tiveram contato com o novo coronav&iacute;rus e est&atilde;o &agrave; deriva do medo e da incerteza. Nas ruas, tamb&eacute;m, a gente percebe que as pessoas n&atilde;o respeitam tanto o distanciamento e o uso de m&aacute;scaras&rdquo;, observa Lyvia.<br /></p> <h3><br />Conciliando atividades</h3> <p class="texto"><div> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/09/06/766x527/1_10-6270558.jpg" width="766" height="526" layout="responsive" alt="Geisa concilia faculdade, emprego e est&aacute;gio de modo remoto"></amp-img> <figcaption>Arquivo Pessoal - <b>Geisa concilia faculdade, emprego e est&aacute;gio de modo remoto</b></figcaption> </div></p> <p class="texto">Imagine cursar faculdade, precisando dedicar tempo a projetos de pesquisa e o TCC, al&eacute;m de estagiar numa escola de ensino m&eacute;dio particular, ter um emprego fixo como professora de um curso pr&eacute;-vestibular e atuar numa plataforma de corre&ccedil;&atilde;o de quest&otilde;es. Essa &eacute; a rotina da estudante de letras da UnB Geisa de Fran&ccedil;a, 21. Com hor&aacute;rios variados ao longo da semana, &eacute; um pouco dif&iacute;cil detalhar o que ela faz ao longo do dia. A jovem tem conciliado diversas atividades de modo remoto desde o in&iacute;cio da pandemia.</p> <p class="texto">ando o dia inteiro em casa trabalhando sentada, Geisa ou a sentir mais dores na coluna. Por isso, tenta sempre iniciar o dia com alongamentos ou exerc&iacute;cios que ajudem a minimizar a dor. &ldquo;Quando n&atilde;o estou estudando, estou trabalhando, e vice-versa. S&oacute; eu consigo entender minha rotina&rdquo;, diz. &ldquo;Eu sempre fiz muitas coisas e preciso continuar fazendo, porque tenho minhas contas, estou me organizando para tentar um mestrado ano que vem. Ent&atilde;o, devo poupar dinheiro&rdquo;, justifica. &ldquo;O que intensificou mais a rotina acabou sendo a necessidade de adaptar as aulas para o modo on-line. Tive de pensar em novas metodologias&rdquo;, explica.</p> <p class="texto">De acordo com ela, um dos maiores desafios de conciliar as atividades remotamente &eacute; fazer a mente entender que o trabalho est&aacute; dentro de casa, ambiente que antes simbolizava o descanso. &ldquo;No come&ccedil;o, eu n&atilde;o estava dando conta de fazer tudo. Agora consigo, mas o planejamento &eacute; completamente diferente.&rdquo; Geisa voltou a fazer acompanhamento psicol&oacute;gico durante a pandemia. &ldquo;Eu tive crises de ansiedade muito fortes, fa&ccedil;o terapia on-line e tomo calmantes. Eu sou muito energizada. Ent&atilde;o, minha psic&oacute;loga trabalha com m&eacute;todos de relaxamento. Isso tem sido muito bom e me ajudado bastante&rdquo;, revela.</p> <p class="texto">O momento pede calma. A psic&oacute;loga e coordenadora do Nube, Helenice Accioly, lembra que a crise &eacute; ageira. Para manter o foco, ela aconselha tra&ccedil;ar objetivos de curto e longo prazo, sempre pensando nas poss&iacute;veis adapta&ccedil;&otilde;es e flexibiliza&ccedil;&otilde;es impostas pela situa&ccedil;&atilde;o atual. &ldquo;Apesar de n&atilde;o sabermos exatamente quando, tudo isso vai ar. O importante &eacute; aprender a lidar com as emo&ccedil;&otilde;es e evitar exigir muito de si mesmo agora. &Eacute; hora de buscar apoio entre amigos, familiares e n&atilde;o desistir. Enfim, continuar em frente, n&atilde;o deixar de correr atr&aacute;s, mas conhecer seus limites e, se necess&aacute;rio, dar alguns os para tr&aacute;s para manter a sa&uacute;de mental&rdquo;, indica.</p> <p class="texto">&nbsp;</p> <p class="texto"><strong>*Estagi&aacute;ria sob a supervis&atilde;o da subeditora Ana Paula Lisboa</strong></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://image.staticox.com/?url=https%3A%2F%2Fmidias.correiobraziliense.com.br%2F_midias%2Fjpg%2F2020%2F09%2F06%2F766x527%2F1_17-6270670.jpg", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Ana Lídia Araújo*" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 1v4z6a

Eu, Estudante 361s45

DESMOTIVAÇÃO

Pandemia desencoraja ainda mais jovens nem-nem na busca por emprego 61232p

Entre a população de 15 a 29 anos que nem trabalha nem estuda, aumentou a quantidade de pessoas que perderam a motivação para procurar trabalho 2z4k6y

Com ou sem pandemia, a juventude é uma fase marcada por mudanças e desafios. Nesta etapa, que marca a transição para a vida adulta e durante a qual cada decisão influencia diretamente o futuro educacional e profissional, é comum dedicar-se aos estudos, ao trabalho ou aos dois, simultaneamente. No entanto, a crise sanitária mundial tem imposto mais obstáculos aos jovens brasileiros; afinal, a pandemia aumenta o risco de evasão escolar (seja ainda no colégio ou no curso técnico, seja na faculdade), bem como pressiona os índices de desemprego.

Segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), cerca de 10,5 milhões de jovens nem estudam, nem trabalham. Eles correspondem a quase 24% da população de 15 a 29 anos. O risco é de que esse número aumente. Mais de 54% dos 44,3 milhões de jovens estão empregados, sendo que quase 13% conciliam o trabalho com os estudos e 22% apenas estudam. Os números foram calculados pelo Ipea a partir de dados coletados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) por meio da Pnad Contínua (2019) e da Pnad Covid19 (2020). Essa última tem caráter experimental durante a pandemia.

É comum observar períodos de inatividade na trajetória de jovens, mas longo tempo improdutivo deixa cicatrizes irreparáveis na carreira, conforme conclui o Ipea. E é justamente um alongamento do período sem trabalho ou sem estudo que muitos jovens estão enfrentando no Brasil com a pandemia. Quanto mais tempo longe da escola e do mundo do trabalho, maiores são os riscos de precariedade e exclusão do mercado ao longo da vida. Jovens sem o à educação, formação e experiência profissional estão cada vez mais afastados da esfera do trabalho decente.

Os impactos da pandemia começam a mostrar a cara a esse grupo etário de modo mais severo. Levantamento do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve) feito com 33.688 jovens de todo o país revelou que quatro a cada 10 entrevistados perderam totalmente ou tiveram a renda diminuída até junho. Mais da metade afirmou que a renda continuou a mesma, mas 25% não estavam trabalhando antes da pandemia, portanto, seguem em situação de vulnerabilidade. Além disso, 27% dos jovens precisaram deixar o emprego por parada temporária das atividades, por demissão ou fechamento do local de trabalho, e 33% buscaram uma forma de complementar a renda. Além disso, 24% dos jovens entre 15 e 29 anos pensam em não voltar à escola.

Desencorajamento 5h2i4o

Hélio Monteiro/Divulgação - "É típico da juventude ficar um tempo sem trabalhar e depois voltar. Entretanto, durante a pandemia, percebe-se que, embora eles queiram trabalhar, as necessárias medidas de isolamento social os têm impedido" Enid Rocha, pesquisadora do Ipea

Além de perderem em rendimentos, os jovens têm a motivação afetada, como mostra análise do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea): considerando o mês de julho, cerca de 54% dos nem-nem desistiram de procurar emprego, índice 8% maior do que o registrado em janeiro deste ano. A pesquisa revelou ainda que, entre os jovens que estavam desocupados há mais de um ano (longo prazo), 61% afirmam que pararam de procurar emprego devido à pandemia. A mesma resposta foi dada por 62% dos desempregados em curto prazo. Daqueles que já não estavam procurando emprego antes, cerca de 48% se dizem ainda mais desencorajados em razão da crise sanitária.

Nota-se que a maioria dos nem-nem pertencentes à subcategoria de gravidez, saúde ou incapacidade e afazeres domésticos afirma outros motivos para não procurar emprego no momento. “A pandemia está desmotivando os jovens a buscarem emprego”, afirma Enid Rocha, pesquisadora do Ipea e responsável pelo estudo. “Esse número (de jovens desencorajados para procurar trabalho) pode aumentar muito. É difícil arriscar uma proporção, mas podemos dizer que esses jovens, por não estarem estudando nem trabalhando, ficarão sem acumular experiência e educação. Então, quando voltarem ao mercado, serão colocados para trás com relação à nova geração”, completa.

Economista e doutora em ciências sociais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), Enid explica que é comum que os jovens nem-nem transitem dentro e fora do mercado de trabalho. “É típico da juventude ficar um tempo sem trabalhar e, depois, voltar. Entretanto, durante a pandemia, percebe-se que, embora eles queiram trabalhar, as necessárias medidas de isolamento social os têm impedido”, explica.

Sem procurar emprego 215n6d

A totalidade dos jovens nem-nem (não trabalham, não estudam e não estão em treinamento) divide-se em dois conjuntos. O primeiro inclui os que que integram a força de trabalho porque estão procurando emprego; ou seja, estão desempregados, mas querem trabalhar e buscam oportunidades. O segundo conjunto é dos que estão fora da força de trabalho e não procuram emprego.

Reprodução - Reprodução

Incluem-se nesse segundo grupo jovens desencorajados, que desistiram de procurar trabalho porque acham que não existe emprego para eles; jovens que têm responsabilidades familiares e não estão disponíveis para o mercado de trabalho; e ainda jovens com alguma incapacidade física, problema de saúde ou gravidez e que, por isso, não podem trabalhar. A força de trabalho é composta por ocupados e desocupados (empregados e desempregados que procuram emprego).

Antes da pandemia, a proporção de jovens nem-nem fora da força de trabalho já era alta (57%). Com a crise sanitária, isso aumentou. A análise dos dados pelo Ipea revela que também cresceu a parcela dos jovens nem-nem desocupados. O que garante a subsistência dessas pessoas, muitas vezes, são ajudas do governo: em maio, a maior parte dos nem-nem recebia algum apoio entre Bolsa Família, Auxílio Emergencial e Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Recomendações 5v5y1a

O Ipea produziu um conjunto de propostas para o governo pensando no período pós-covid-19, considerando os diferentes motivos pelos quais os jovens viveram longos períodos de inatividade. Entre as estratégias sugeridas estão a oferta de uma segunda chance de escolarização, como a ampliação da Educação de Jovens e Adultos (EJA), maior oferta da educação infantil e busca ativa de quem está desvinculado do mercado. “Aproveitando toda a estrutura que o governo brasileiro tem e os programas existentes, seria possível fazer uma ação coordenada para alcançar esses jovens”, propõe a pesquisadora do instituto Enid Rocha.

Outro ponto importante é trabalhar as competências socioemocionais dos jovens, pois estudos revelam que a ausência dessas habilidades afeta mais drasticamente essa parte da população. “Os jovens nem-nem apresentam maiores dificuldades em relação à autoestima e a autoconfiança. Por isso, é muito importante ter programas de formação em habilidade socioemocionais. Afinal, muitos não sabem como se comportar em uma entrevista ou trabalhar em equipe”, enumera. Confira o documento com todas as recomendações no link.

Empecilhos ao emprego 5x6x

Arquivo Pessoal - Recém-formado em ciência política, Ronan começou a procurar emprego antes da pandemia, mas a falta de experiência atrapalha

Apesar de a baixa escolaridade ser um fator que diminui as chances de empregabilidade dos jovens, quem tem ensino superior também encontra dificuldade no mercado. Segundo pesquisa do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), feita com recém-formados entre 2014 e 2018, cerca de 45% dos graduados estão desempregados. Embora a taxa de ocupação ultrae 50%, apenas cerca de 25% conseguiram trabalho na área de formação em menos de três meses. Enquanto isso, aproximadamente 21% migraram para outras áreas de atuação diferentes da de formação. Dentre os desempregados, 18,76% estão há mais de um ano em busca de emprego.

Para Helenice Accioly, coordenadora de Seleção do Nube, o mercado está difícil para profissionais de diversas áreas e níveis de formação e não só por causa da pandemia. “A ideia de que quem tem ensino superior não fica sem emprego não faz mais sentido, pois, nos últimos anos, houve um crescimento no número de pessoas nas universidades e aumentou a concorrência de candidatos com esse nível de formação”, explica Helenice, formada em psicologia pela Universidade Paulista e pós-graduada em psicopatologia e saúde pública pela Universidade de São Paulo (USP).

Por isso, a dica dela para alcançar o tão sonhado cargo é nunca parar de estudar, manter-se atualizado e criar uma boa rede de contatos, para assim, estar ciente das melhores possibilidades. “O momento exige cada vez mais a qualificação do profissional”, aconselha Helenice.

Falta de experiência j694v

Nube / Divulgação - "A ideia de que quem tem ensino superior não fica sem emprego não faz mais sentido, pois, nos últimos anos, houve um crescimento no número de pessoas nas universidades e aumentou a concorrência de candidatos com esse nível de formação" Helenice Accioly, coordenadora de seleção do Nube

Ainda segundo o estudo da Nube, a maioria (58,8%) dos recém-formados desempregados acredita que não conseguirá o “sim” nas entrevistas devido à falta de experiência necessária na área de atuação. Esse é caso de Ronan Bento de Castro, 24 anos, formado há menos de um ano em ciência política pela Universidade de Brasília (UnB). O foco dele é trabalhar em alguma firma de consultoria. A busca, sem resultado até agora, começou pouco antes da pandemia. “Recebi o de algumas empresas dizendo que eu ainda não me encaixava no perfil”, diz.

Durante a graduação, o jovem estagiou em órgãos públicos e dedicou-se a pesquisas e atividades complementares. “Eu tenho domínio das ferramentas necessárias. Porém, percebo que as empresas dão preferência para ex-estagiários. A ausência de experiência no setor privado pode ter me comprometido”, supõe. Agora, ele tenta usar o tempo livre para aprimorar o perfil profissional e tirar projetos pessoais do papel, como estudar para ingressar em uma segunda graduação. “Entrei em associações, grupos de profissionais que atuam em Brasília, acompanho as mídias, participo de lives e apresento meu perfil quando possível. Estou esperançoso, mas não coloco minha energia somente nisso”, conta.

Falta de oportunidades causa desmotivação 1s1m5w

Arquivo Pessoal - Emanuele precisou largar a faculdade para trabalhar e, agora, sem emprego há quase quatro meses, desistiu de procurar uma vaga


Emanuele Silva, 20 anos, é exemplo da estatística que revela o aumento da desmotivação entre jovens. Desempregada desde maio, ela desistiu de procurar emprego após não receber nenhum retorno das oportunidades em que se inscreveu. “Mandei currículos, me cadastrei em sites de vagas e nenhuma empresa fez contato. Não fui chamada para nenhuma entrevista”, diz. O último trabalho foi como gerente de um lava-jato, do qual Emanuele pediu demissão. Na época, ela morava sozinha, mas hospedava em casa a mãe, que está grávida e ava por dificuldades financeiras, e a irmã de 10 anos.

“Com essa pandemia, não deu para continuar (trabalhando lá). Eu ficava muito exposta e minha mãe está em uma gravidez de risco. Então, estava deixando de ter contato com ela para poder trabalhar”, conta. Emanuele terminou o ensino médio em 2017 e teve diversos trabalhos, incluindo a subgerência de um posto de gasolina. “Trabalho desde muito nova, e o que você me der para fazer eu faço. Fui babá, secretária, trabalhei também em escritório de contabilidade, banca de verduras, vendi bolo no pote na rua”, comenta. Na opinião da jovem, a falta de oportunidades se dá em razão da pandemia e não do currículo, já que ela fez cursos de inglês e informática básica.

“Como uma pessoa que tem esse tanto de experiência não consegue um emprego, nem mesmo um bico? Isso é problemático”, pontua. Agora, desmotivada para buscar uma vaga formal, Emanuele planeja investir em um novo projeto. Há poucos meses, decidiu morar com o namorado, professor de cursinho para concursos e consultor legislativo, e deve ajudá-lo a preparar materiais de estudo. No entanto, as atividades do site só devem começar no fim deste mês e o retorno financeiro, a partir do ano que vem. “Até lá, fico dependendo dele”, conta.

Mesmo com muitos receios, Emanuele se diz empolgada com o projeto. “É um tiro no escuro, pois é um trabalho muito diferente e sem carteira assinada, mas, se der certo, será muito bom para mim, pois terei tempo para voltar para a faculdade”, diz. Em 2018, Emanuele iniciou o curso de saúde coletiva na Universidade de Brasília (UnB), mas precisou trancar para continuar trabalhando. Agora, ela deseja voltar para o ensino superior, desta vez, para cursar letras português e tornar-se professora.

Reprodução - Reprodução


Nem-nem ou sem-sem?
Há instituições e pesquisadores que sugerem trocar a terminologia “nem” por “sem”, usando o termo sem-sem (referindo-se a sem estudo e sem trabalho), já que, para muitos, o que falta é oportunidade. Chamar essa população de nem-nem traz uma falsa sensação de que os jovens estão nessa situação porque querem ou de que são responsáveis por isso, sendo que, muitas vezes, não é essa a realidade e, em vários casos, trata-se de um quadro temporário.

Como ficam os estágios? e5r4q

O estágio é extremamente importante durante a vida acadêmica. No entanto, trabalhar e estudar ao mesmo tempo durante a pandemia é uma tarefa que exige ainda mais força de vontade. Isso porque a oferta de vagas de estagiário, assim como de emprego, caiu durante a crise sanitária em diversas instituições. Antes da pandemia, a média semanal de oportunidades no Núcleo Brasileiro de Estágios era de aproximadamente 5 mil. Entre abril e junho, esse número sofreu uma queda de 80%.

Com a diminuição da oferta de vagas, aumentou, consequentemente, a concorrência. Helenice Accioly, coordenadora de seleção do Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube), diz que não há como prever, com exatidão, como estará o quadro pós-crise. “Houve uma queda brusca no número de postos abertos, alcançando 92% em abril em relação ao mesmo período do ano ado. Contudo, ocorreu uma gradativa melhora no quadro desde então, chegando a 45% no mês de julho. Se a tendência de rápida recuperação perdurar, os estudantes podem ficar esperançosos”, diz.


Pesquisa feita entre 3 e 14 de agosto mostra que quase metade dos jovens está com dificuldade para achar uma vaga de estagiário, enquanto pouco mais da metade está otimista. Confira como os candidatos se sentem nessa busca:

53,68% Sim, estou otimista e devo encontrar uma em breve

40,24% Sim, mas não está sendo fácil

4,16% Depende, até quero, mas tem poucas oportunidades

1,23% Não, estou muito pessimista por conta da pandemia

0,69% Não, parei de procurar, só voltarei quando tudo ar

Fonte: Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube)

Sete os até o primeiro emprego 3e4ro

Hochmuller / Divulgação - Hochmuller / Divulgação

Diante do atual cenário e de uma concorrência que só aumenta, inclusive entre candidatos com ensino superior completo, muitos se perguntam como conseguir o primeiro emprego dentro da área de formação. Confira dicas de Erika Linhares, palestrante e executiva especializada em habilidades comportamentais em organizações e pedagoga.

1. Procure estágio o quanto antes enquanto estiver na faculdade. Assim, poderá adquirir alguma experiência. Pessoas que deixam para procurar emprego após se formarem têm mais dificuldades do que aquelas que estagiaram durante o período de estudo.

2. Cuidado com as altas expectativas. Nem sempre o primeiro emprego é a vaga dos sonhos ou o salário é o imaginado. Regule as expectativas. Quem foca apenas em encontrar cargo e remuneração ideais perde tempo. Continue buscando o que quer, mas não deixe de aproveitar oportunidades que aparecerem no caminho.

3. Saiba muito bem o que quer. Pesquise sobre o cargo que deseja conquistar e sobre as empresas onde deseja trabalhar. Busque informações sobre qual tipo de profissional a instituição procura e com quais qualificações. Sabendo o que quer, trace seu plano e corra atrás desse objetivo. Quem não sabe o que quer acaba não saindo do lugar.

4. Seja uma pessoa antenada. Entenda o mundo ao seu redor, leia notícias, mantenha-se atualizado. Mesmo não tendo experiência profissional, é fundamental mostrar que está inteirado do que tem ocorrido no Brasil e no mundo. Faça cursos, participe de eventos na sua área, vá a feiras e palestras.

5. Faça um bom currículo, mesmo sem ter experiência profissional. Descreva qual é a sua graduação, suas habilidades técnicas e quais línguas fala, por exemplo. Relate experiências acadêmicas notáveis e trabalhos voluntários. Fale sobre monografias, intercâmbios, participação em congressos e seminários. Lembre-se de situações em que se sentiu desafiado e conte como
solucionou problemas.

6. Preocupe-se com a sua marca pessoal. Cuide bem da imagem que está ando aos outros e às empresas. O currículo é uma propaganda de habilidades. Seja você mesmo. Não elabore mentiras para impressionar. Quanto mais sincero e honesto for, mais transmitirá verdade ao entrevistador. Conte também no currículo sobre sua capacidade de resolver problemas, de ter empatia, de saber inovar, etc. Hoje, as empresas contratam, demitem e promovem pessoas de acordo com as habilidades comportamentais.

7. Divulgue a si mesmo. Entre nos sites de empresas que gostaria de trabalhar e cadastre seu currículo. Vá atrás de agências de emprego e ative seu networking. Fale com amigos, pessoas com quem estudou, professores etc. Faça com que os outros lembrem de você e saibam que está procurando uma colocação.

Três perguntas para 65b3f

IBM/Divulgação - IBM/Divulgação


Juliana Nobre, gerente de Cidadania Corporativa da International Business Machine Brasil (IBM) e especialista em responsabilidade social corporativa pela Fundação Getulio Vargas (FGV)

Por que o conhecimento tecnológico é tão importante para os jovens?
Atualmente, as tecnologias avançam em um ritmo muito acelerado, a demanda por profissionais com as habilidades necessárias para atuar nesse mercado só aumenta e um dos grandes desafios nesse cenário é preparar pessoas com essas competências. Acredito que os jovens precisam ter o a um ensino que os tornem aptos a esta nova realidade, que é digital, deixando a experiência educacional mais próxima ao mundo de trabalho, que é bastante dinâmico, e entendendo a aplicabilidade dessas novas tecnologias, como a Inteligência Artificial (IA), na resolução de problemas. Por isso, aqui na IBM, temos a educação como um de nossos pilares e seguimos investindo em iniciativas para fomentar o aprendizado no Brasil e capacitar esses profissionais do futuro.

A formação na área realmente traz mais oportunidades de emprego?
Atualmente, a tecnologia está presente em quase todos os setores. Ela dá às empresas uma vantagem competitiva. Um número crescente de setores antes considerados “não digitais”, agora, adota pelo menos algum aspecto da tecnologia. De acordo com o último relatório do Fórum Econômico Mundial, mais de 42% de todos os empregos sofrerão alterações significativas até 2022 e exigirão novas habilidades, como analítica avançada, design thinking e soft skills. Jovens que têm esse conhecimento saem na frente, pois contam com as habilidades que são disputadas pelo mercado de tecnologia ou qualquer indústria que adote tecnologia em sua transformação digital. Isso os posiciona de forma competitiva em relação a salários e posições de trabalho.

Como funcionam os cursos da IBM? Qualquer um pode se cadastrar?
Sim! O Open P-TECH é uma plataforma que apresenta diferentes tipos de conteúdo de educação digital gratuita e é aberta a todos. Ela foi criada com o objetivo de capacitar jovens e educadores em competências tecnológicas em áreas como segurança cibernética, inteligência artificial e computação em nuvem, além de outras habilidades profissionais valorizadas no mercado de trabalho. Após concluir os cursos, os alunos podem ganhar “badges digitais”, que são certificados. Esse tipo de reconhecimento pode ser incluído no currículo e auxiliar no processo de candidatura a uma vaga de emprego. Open P-TECH está disponível para estudantes, docentes e representantes de instituições de ensino de todo o Brasil no link: www.ptech.org/open-p-tech.

A importância da tecnologia para a carreira 6r2v4j


Especialistas concordam que a especialização é uma grande aliada dos jovens para ingressar no mercado de trabalho. Neste sentido, estar atendo às mudanças tecnológicas é fundamental. Segundo estudo da International Business Machines Brasil (IBM), com a participação de alunos do ensino médio de 14 a 18 anos em diversos países, 66% dos estudantes afirmaram estar interessados em seguir carreira em tecnologia porque consideram que a maioria dos empregos exige inovação. No Brasil, 70% dos entrevistados acreditam na importância da inteligência artificial (IA) para a carreira, mas apenas 41% se sentem equipados para usá-la.

O empreendedorismo como saída 2ew5p

Arquivo Pessoal - Gustavo Cezário, gerente da Unidade Cultura Empreendedora do Sebrae

Devido à falta de oportunidades no mercado de trabalho, o empreendedorismo é visto como saída para driblar desemprego. Para Gustavo Cezário, gerente da Unidade Cultura Empreendedora do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae), mesmo em tempos de pandemia, é possível investir no próprio negócio. “Empreender é transformar ideias e oportunidades em algo de valor para o outro. Então, isso tem muito a ver com capacidade de educação e entrega”, afirma Cezário, mestre em relações internacionais pela Universidade de Brasília (UnB). Segundo ele, o empreendedorismo é um dos propósitos no novo ensino médio e da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que visa alcançar o protagonismo juvenil. “Destaca-se o jovem que escolhe o próprio caminho e itinerário”, diz.

No entanto, um bom empreendimento não nasce da noite para o dia e sem esforços. “Empreender é mais do que abrir um negócio. É uma competência que está relacionada diretamente a saber valorizar ideias, ter leitura de contexto e oportunidade, conseguir mobilizar recursos e colocar a ação em prática”, assegura Cezário. Por isso, continuar estudando tendências do nicho escolhido, as novas técnicas de trabalho e as transformações digitais é essencial. “Não paramos mais de estudar, o mundo muda muito rápido e precisamos aprender não só competências técnicas (como gerir uma empresa), mas também e, sobretudo, competências socioemocionais (como ser mais resiliente ou falar em público com convencimento).”

Construindo uma marca 55u3w

Arquivo Pessoal - "No início, eu não gostava da área do comércio. Entretanto, sabendo que meus pais não tinham condições de pagar minha faculdade, vi que precisava fazer algo" Talyssa Yamane, dona das lojas on-line Naz Pratas e Naz Drinks

Após perder o estágio em uma clínica médica por causa da pandemia, a estudante de nutrição Talyssa Yamane, 19 anos, precisou rapidamente encontrar uma alternativa. Ela usava o dinheiro do estágio para pagar as mensalidades do Centro Universitário Iesb. “Eu fui demitida, não havia previsão para quando voltariam a contratar e o meu currículo era muito cru para procurar outro emprego”, relata. “No início, eu não gostava da área do comércio. Entretanto, sabendo que meus pais não tinham condições de pagar minha faculdade, vi que precisava fazer algo.”

Mesmo com pouco experiência, a jovem abriu não só uma, mas duas lojas virtuais durante a crise sanitária. No Instagram, ela istra os perfis @nazdrinks e @nazpratas. O primeiro vende joias em prata e velas aromáticas, enquanto o segundo é voltado a especiarias para drinks e destilados, além de caixas e copos personalizados da marca. Talyssa tinha certa experiência por causa do brechó da mãe dela, onde ajudava com as finanças. Mesmo assim, não se sentia preparada para empreender. “Eu tinha muito medo. Era eu sozinha, muito nova e sem entendimento nenhum sobre nada. Eu mal sabia ar um cartão”, revela.

Arquivo Pessoal - Arquivo Pessoal

Por isso, o primeiro o foi estudar, assim como sugere Gustavo Cezário, gerente do Sebrae. Sem dinheiro para investir em cursos, ela pesquisou por conta própria questões de engajamento da rede social em que trabalharia, design e marketing. “Nem tudo dá para pagar para alguém fazer. Então, eu tive que colocar a cara a tapa e aprender sozinha”, afirma. Em abril, a loja on-line de pratas estava pronta e, rapidamente, vendeu toda a coleção. Meses depois, em agosto, incentivada pelos amigos, a apaixonada por drinks lançou o segundo perfil.

O movimento ainda não é forte, mas a ajuda a pagar as despesas. Agora istrando o próprio tempo, Talyssa conta que consegue dedicar-se mais aos estudos e a si mesma. Ela pensa em continuar investindo nas lojas para, no futuro, conciliar o empreendimento com a carreira que deseja seguir, que, muito provavelmente, será ligada ao setor istrativo da nutrição. “Hoje, gosto muito do que faço. É muito bom criar sua marca, ter ideias próprias e ver as pessoas elogiarem sua autenticidade”, diz.

Quatro os para empreender 27271z

Segundo Gustavo Cezário, gerente da Unidade Cultura Empreendedora do Sebrae, o ciclo DIMI (Descoberta, Ideação, Modelagem e Implantação) é essencial para quem deseja empreender. Entenda:

Descoberta: nesse primeiro momento, deve-se explorar novas ideias e analisar oportunidade. A pergunta a ser feita é: para o que quero empreender?

Ideação: após descobrir qual será seu empreendimento, é importante ter autoconsciência da motivação do negócio e entender qual o propósito e como ele se encaixa na sua ideia.

Modelagem: essa é uma fase de planejamento. Deve-se definir qual a proposta de valor do empreendimento e estabelecer qual modelo de negócio será seguido.

Implantação: o empreendedorismo não pode ser apenas teórico e requer o exercício do fazer. Esse é o momento de errar e aprender com os erros. Afinal, são eles que nos permitem tentar novamente e iniciar uma nova fase.

Os desafios de quem continua trabalhando 3sse

Arquivo Pessoal - Lyvia retornou ao trabalho presencial nesta semana

Segundo pesquisa do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), 73% dos jovens continuaram trabalhando. Entre eles, 30% tiveram alteração na carga horária desde o início da pandemia, seja por aumento da jornada seja por redução. Para a assistente técnica da Fundação de Amparo ao Trabalhador Preso do Distrito Federal (Funap/DF), Lyvia Hana Santos, 21, a carga horária no teletrabalho tornou-se ainda maior do que quando atuava de modo presencial. “Estamos na nossa casa, é mais confortável e não tem tanto isso de horário para iniciar e terminar. Então, enquanto tem trabalho, nós estamos fazendo”, relata a jovem comissionada que está há um ano do órgão. Com a implementação do home office, Lyvia viu a rotina mudar completamente.

“Eu tive de me dividir em várias funções porque, além de prestar serviços para o meu trabalho, tenho de cuidar dos afazeres domésticos, ajudar a minha irmã, que recentemente deu à luz a gêmeas, e do meu irmão mais novo, que está estudando on-line. Está sendo bem difícil”, conta. Depois de quase cinco meses trabalhando de casa, a jovem voltou às atividades presenciais na última terça-feira (1º/9). Segundo ela, o retorno físico assusta. “Estávamos isolados, tendo contato apenas com nossos familiares e, de repente, nos vemos em um mar de gente, com pessoas que tiveram contato com o novo coronavírus e estão à deriva do medo e da incerteza. Nas ruas, também, a gente percebe que as pessoas não respeitam tanto o distanciamento e o uso de máscaras”, observa Lyvia.

Conciliando atividades 465t10

Arquivo Pessoal - Geisa concilia faculdade, emprego e estágio de modo remoto

Imagine cursar faculdade, precisando dedicar tempo a projetos de pesquisa e o TCC, além de estagiar numa escola de ensino médio particular, ter um emprego fixo como professora de um curso pré-vestibular e atuar numa plataforma de correção de questões. Essa é a rotina da estudante de letras da UnB Geisa de França, 21. Com horários variados ao longo da semana, é um pouco difícil detalhar o que ela faz ao longo do dia. A jovem tem conciliado diversas atividades de modo remoto desde o início da pandemia.

ando o dia inteiro em casa trabalhando sentada, Geisa ou a sentir mais dores na coluna. Por isso, tenta sempre iniciar o dia com alongamentos ou exercícios que ajudem a minimizar a dor. “Quando não estou estudando, estou trabalhando, e vice-versa. Só eu consigo entender minha rotina”, diz. “Eu sempre fiz muitas coisas e preciso continuar fazendo, porque tenho minhas contas, estou me organizando para tentar um mestrado ano que vem. Então, devo poupar dinheiro”, justifica. “O que intensificou mais a rotina acabou sendo a necessidade de adaptar as aulas para o modo on-line. Tive de pensar em novas metodologias”, explica.

De acordo com ela, um dos maiores desafios de conciliar as atividades remotamente é fazer a mente entender que o trabalho está dentro de casa, ambiente que antes simbolizava o descanso. “No começo, eu não estava dando conta de fazer tudo. Agora consigo, mas o planejamento é completamente diferente.” Geisa voltou a fazer acompanhamento psicológico durante a pandemia. “Eu tive crises de ansiedade muito fortes, faço terapia on-line e tomo calmantes. Eu sou muito energizada. Então, minha psicóloga trabalha com métodos de relaxamento. Isso tem sido muito bom e me ajudado bastante”, revela.

O momento pede calma. A psicóloga e coordenadora do Nube, Helenice Accioly, lembra que a crise é ageira. Para manter o foco, ela aconselha traçar objetivos de curto e longo prazo, sempre pensando nas possíveis adaptações e flexibilizações impostas pela situação atual. “Apesar de não sabermos exatamente quando, tudo isso vai ar. O importante é aprender a lidar com as emoções e evitar exigir muito de si mesmo agora. É hora de buscar apoio entre amigos, familiares e não desistir. Enfim, continuar em frente, não deixar de correr atrás, mas conhecer seus limites e, se necessário, dar alguns os para trás para manter a saúde mental”, indica.

 

*Estagiária sob a supervisão da subeditora Ana Paula Lisboa