Violência

UnB e Cepe repudiam ameaças de violência após publicações nas redes sociais

Pelas redes sociais, alunos ameaçaram promover atos violentos na universidade. Polícias Militar e Federal foram acionadas para comparecer ao câmpus

Maria Eduarda Lavocat
Pedro Grigori
postado em 03/04/2025 19:46 / atualizado em 04/04/2025 00:18
istração Superior da UnB garante que forças de segurança pública do DF e a PF foram acionadas para garantir a ordem no câmpus.

 -  (crédito:  Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)
istração Superior da UnB garante que forças de segurança pública do DF e a PF foram acionadas para garantir a ordem no câmpus. - (crédito: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

A Universidade de Brasília manifestou repúdio aos recentes atos de incitação à violência dentro do câmpus. Uma nota foi divulgada na noite desta quinta-feira (3/4), horas depois da convocação de um ato, disseminado em grupos de estudantes de extrema direita, chamado "Make UnB free again", onde foram trocadas mensagens com ameaças de agressão física.

Em nota enviada ao Correio, a istração Superior da UnB informou que tomou ciência da manifestação marcada para sexta-feira e que os sistema de segurança interno da instituição, as forças de segurança pública do DF e a Polícia Federal foram acionados para garantir a ordem no câmpus. 

Na convocação para o ato, feito por mensagens enviadas em grupos de WhatsApp, o organizador (que não foi identificado) afirma que a truculência é o único intuito do movimento. “A nossa intenção aqui não é ‘recuperar a UnB’ que nem a deles, e sim trocar porrada com os vermes”, diz a mensagem. Em outro trecho, reforçam o tom agressivo, citando "cenário de guerra".

O episódio segue na esteira de uma série de protestos, embates ideológicos entre alunos e atos de vandalismo e intimidação. (Relembre os casos em 'Episódios de violência').

Em nota, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (CEPE) da UnB afirma que "os ataques violam os princípios fundamentais da democracia, da liberdade de expressão e do pensamento crítico, além de circularem impunemente nas redes sociais, fomentando o ódio e a intolerância."

A Polícia Militar do DF confirmou ao Correio que foi acionada para comparecer ao câmpus Darcy Ribeiro e evitar que qualquer ato de violência ocorra. 

Na manifestação, o Cepe ainda afirma que "a UnB não será palco para atividades antidemocráticas"  e que tomará "medidas cabíveis contra aqueles que promovem tais atos de violência". "Nossa comunidade não se calará diante da violência. Nossa resposta será sempre mais ciência e tecnologia, mais cultura, mais educação e mais democracia", diz trecho da nota. (Leia a íntegra no final do texto)

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Episódios de violência

No último mês de março, um grupo de jovens de extrema direita apagou mensagens e símbolos pintados em espaços acadêmicos do câmpus Darcy Ribeiro da UnB, alegando realizar uma "limpeza" contra conteúdos que consideravam ofensivos.

A ação foi classificada como vandalismo e intimidação por estudantes e entidades estudantis, que organizaram um protesto com cartazes e palavras de ordem para denunciar o que eles classificaram como "ataques da extrema direita" e cobrar medidas mais rígidas da istração da universidade para prevenir novos episódios.

Manifestação de estudantes na UnB nesta segunda-feira (24/3)
Ato foi organizado por entidades estudantis e centros acadêmicos (foto: Carol Moura/CB/D.A. Press)

Na época, a reitoria da UnB emitiu uma nota de repúdio, reafirmando o compromisso com a diversidade e a liberdade de expressão. O grupo de direita negou qualquer intenção de intimidação e chegou a planejar novas intervenções no câmpus.

Uma dessas manifestações foi organizada pelo estudante de história e youtuber Wilker Leão, que em março teve a suspensão prorrogada por 60 dias pela universidade por gravar aulas sem autorização dos professores e publicar cortes fora de contexto nas redes sociais.

O estudante, que atua como influenciador de extrema direita, disse ser vítima de perseguição na universidade e protestou no câmpus, chegando a entrar em confronto com outros estudantes.

Uma professora chegou a registrar um boletim de ocorrência contra o influenciador pela divulgação dos vídeos. Ele também é acusado de vazar dados pessoais de colegas da universidade e de incentivar os seguidores a praticarem invasões e agressões contra os estudantes.

Confira a íntegra da nota do Cepe

O Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão (Cepe) da Universidade de Brasília, reunido em sua 680ª reunião ordinária, no dia 3 de abril de 2025, no marco dos 40 anos da redemocratização do Brasil, vem a público posicionar-se contra as recentes manifestações de incitação à violência dirigida contra a comunidade acadêmica.

Esses ataques, que atentam contra os princípios fundamentais da democracia, da liberdade de expressão e do pensamento crítico, têm circulado impunemente nas redes sociais, fomentando o ódio e a intolerância contra a comunidade acadêmica.

A UnB não será palco para atividades antidemocráticas. Nossa comunidade não se calará diante da violência. Nossa resposta será sempre mais ciência e tecnologia, mais cultura, mais educação e mais democracia.

A UnB, alicerce perene da Democracia, conclama as instâncias responsáveis pelo combate à incitação à violência (Artigo 286 do Código Penal) a tomarem as medidas cabíveis contra aqueles que promovem tais atos de violência.

 

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