processo seletivo

Cearense conquista primeiro lugar na Ilum em curso mais concorrido que medicina na USP

Estudante de 17 anos foi aprovada em ciência e tecnologia na Ilum — Escola de Ciência, um dos cursos mais disputados do país, superando a relação candidato/vaga de medicina na Universidade de São Paulo (USP)

Fabio Nakashima*
postado em 09/02/2025 06:00
"Vários amigos meus fizeram o processo seletivo comigo. Tenho certeza que muitos podem ar também", diz a caloura - (crédito: Arquivo pessoal)

Aos 17 anos, Lívia Maria Barbosa de Aragão conquistou um sonho: ser aprovada em primeiro lugar na Ilum — Escola de Ciência, em Campinas (SP). O bacharelado que a espera é em ciência e tecnologia, oferecido pela instituição de ensino superior do Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) e um dos cursos mais concorridos do Brasil, superando até mesmo a relação candidato/vaga de medicina na Universidade de São Paulo (USP).

O resultado da seleção foi divulgado um dia antes do previsto, pegando Lívia de surpresa. "Descobri por uma postagem da Ilum no Instagram que o resultado estava disponível no site. Abri a lista e, olhando do último até o primeiro colocado, vi que tinha ado no curso que mais queria — e em primeiro lugar!", conta. No momento, estava acompanhada da mãe e da irmã. "Ligamos imediatamente para o meu pai, todos nos emocionamos bastante."

Aprovação

Diferentemente das universidades tradicionais, a Ilum adota um processo seletivo único, dividido em três etapas: manifestação de interesse, análise da nota do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) e entrevista. "Na manifestação de interesse, respondi perguntas sobre minha trajetória acadêmica, atividades extracurriculares e meu interesse por ciência e tecnologia. Depois, veio a avaliação da nota do Enem, com pesos diferenciados para cada área. Por fim, ei por uma entrevista, que avaliou tanto aspectos pessoais quanto minha capacidade de raciocínio em biologia, física e química", explica Lívia.

A jovem já possuía uma trajetória de envolvimento com ciência, participando de diversas olimpíadas estudantis e aprofundando seus conhecimentos em temas específicos. Durante o último ano do ensino médio, manteve uma rotina de estudos focada no Enem, conciliando aulas regulares no colégio com um curso de redação — que a ajudou a conquistar 960 pontos na prova. "Não tinha um número exato de horas de estudo por dia, mas sempre focada nas minhas dificuldades e tentava entender como o conteúdo seria cobrado na prova. Uma técnica que me ajudou muito foi absorver o máximo das aulas, fazer exercícios e só depois voltar à teoria para revisar o que não compreendi."

Apoio da família

Lívia, que fez o ensino médio no colégio Ari de Sá Cavalcante, em Fortaleza (CE), conta que a família teve um papel fundamental na jornada. "Foram meus pais que me apresentaram a Ilum. Eles descobriram a instituição por meio de uma reportagem na TV, e, a partir daí, começamos a pesquisar mais sobre o curso. Como não é uma faculdade muito divulgada, acredito que muitos alunos se interessariam se conhecessem a proposta inovadora do curso", ressalta.

Além do incentivo emocional, Lívia também contou com e prático para a preparação. "Minha madrinha e meu pai, que trabalham na área, me ajudaram na revisão das respostas para a entrevista. Foi um processo diferente do tradicional no Brasil, mais parecido com o modelo americano, então ter esse apoio foi essencial." 

Oportunidade 

Criada em 2022, a Ilum oferece um curso interdisciplinar que combina física, química e biologia, permitindo que os alunos desenvolvam projetos de pesquisa desde o primeiro semestre. Além da formação acadêmica diferenciada, os estudantes recebem benefícios, como moradia, transporte, alimentação, laptop e curso de inglês gratuito. Com apenas 40 vagas por ano e um processo seletivo altamente competitivo, a instituição tem atraído jovens talentos de todo o Brasil.

Para Lívia, a Ilum representa não apenas uma conquista pessoal, mas também uma oportunidade de fortalecer a pesquisa científica no país. "Muitos estudantes acabam indo para o exterior por falta de estrutura no Brasil. A Ilum veio para provar que essa estrutura existe e que podemos formar grandes cientistas aqui". Para quem deseja seguir o mesmo caminho, Lívia deixa um conselho: "Mais do que estudar por horas, é importante entender como o conteúdo pode ser cobrado. Isso vale para qualquer prova." 

*Estagiário sob a supervisão de Marina Rodrigues

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