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Mudanças climáticas: Instituto Unibanco alerta sobre falta de infraestrutura nas escolas

Dados tabulados pelo Observatório de Educação do Instituto Unibanco, com base no Censo Escolar 2023, apontam para a necessidade de adaptação das instituições de ensino para proteger estudantes, professores e funcionários

Lara Costa*
postado em 02/04/2025 12:06 / atualizado em 03/04/2025 17:05
Análise indica que os problemas de infraestrutura nas escolas tem relação com mudanças climáticas -  (crédito: Joel Rodrigues/Agência Brasília)
Análise indica que os problemas de infraestrutura nas escolas tem relação com mudanças climáticas - (crédito: Joel Rodrigues/Agência Brasília)

Análise do Instituto Unibanco, realizada a partir dos dados do Censo escolar de 2023, afirma que escolas brasileiras não estão preparadas para os efeitos das mudanças climáticas. Das 134.770 escolas públicas nacionais, mais da metade (54%) não têm quadra de esportes coberta, e mais de um terço (36%) não conta com pátios protegidos. "As escolas e os estudantes são profundamente afetados por isso, porque são eventos que interferem na dinâmica educacional e na aprendizagem", diz Raquel Souza dos Santos, coordenadora de pesquisa e avaliação do Instituto.

“O que os dados mostram é que as escolas públicas brasileiras ainda não têm infraestrutura básica para lidar minimamente com eventos climáticos extremos. Atualmente, todas as regiões do país estão sujeitas a situações, como enxurradas, ondas de calor e períodos prolongados de seca. Nos últimos anos, vimos a pior queimada em décadas na região do Pantanal, seca agravada na Amazônia, enchentes que provocaram enormes perdas no Rio Grande do Sul e calor extremo no Rio de Janeiro. Estes são apenas exemplos de situações que já ocorreram e que ainda podem ocorrer em diversos lugares do território nacional", explica a coordenadora. 

Infraestrutura nas regiões

A falta de infraestrutura externa está ligada ao problema do calor nos ambientes escolares internos. No caso dos pátios cobertos, o levantamento aponta que a maioria dos estados brasileiros têm a estrutura em, pelo menos, metade das escolas públicas. 

Nos recortes por região, nenhum dos nove estados do Nordeste apresentam, ao menos, 50% da rede pública com quadra coberta, somando escolas estaduais e municipais. Dos sete estados do Norte do Brasil, apenas dois têm quadra coberta em metade das escolas públicas. Já as outras cinco unidades de Federação apresentam índices menores nesse quesito.

Na região Centro-Oeste, três estados têm entre 50% e 75% de escolas com quadra coberta, enquanto apenas um estado tem mais de 75%. No Sudeste, todos os estados contam com entre 50% e 75% de escolas com quadra coberta; e no Sul, dois dos três estados têm entre 50% e 75% de escolas com a estrutura.

Além disso, das 27 unidades da Federação, somente 12 têm salas de aula climatizadas em mais da metade das escolas públicas, sendo seis estados no Norte do Brasil, três no Centro-Oeste, dois no Nordeste e um no Sudeste. No entanto, os outros 15 estados estão abaixo de 50% de cobertura.

Medidas 

Segundo o instituto, os eventos climáticos extremos afetam a aprendizagem, a saúde mental e o convívio escolar dos estudantes em diversas dimensões, levando, inclusive, à suspensão de atividades e, em alguns casos, ao fechamento de escolas por períodos prolongados.

“É necessário adaptar as estruturas, repensar dinâmicas em dias de calor extremo ou chuvas nas áreas de socialização, incluir o tema das mudanças climáticas no currículo e adotar medidas intersetoriais que tornem as escolas mais resilientes, entre outras ações. O governo brasileiro tem que desenvolver mecanismos e políticas públicas no âmbito federal que orientem e apoiem estados e municípios a implementarem ações na direção da mitigação dos efeitos negativos das mudanças climáticas e da adaptação das escolas”, defende o Instituto.

Para isso, o Instituto Unibanco acredita na necessidade incluir estratégias de circulação de ar, iluminação, armazenamento e reuso de água e cobertura vegetal, além de climatização, áreas de circulação, pátios e quadras cobertos e com ventilação adequada, entre outras.

Nesse sentido, a equipe técnica identifica que programas federais de destinação de recursos para infraestrutura em educação, a exemplo dos editais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), deveriam ser uma oportunidade para as redes públicas melhorarem suas escolas considerando esses pontos.

*Estagiária sob a supervisão de Marina Rodrigues

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