/* 1rem = 16px, 0.625rem = 10px, 0.5rem = 8px, 0.25rem = 4px, 0.125rem = 2px, 0.0625rem = 1px */ :root { --cor: #073267; --fonte: "Roboto", sans-serif; --menu: 12rem; /* Tamanho Menu */ } @media screen and (min-width: 600px){ .site{ width: 50%; margin-left: 25%; } .logo{ width: 50%; } .hamburger{ display: none; } } @media screen and (max-width: 600px){ .logo{ width: 100%; } } p { text-align: justify; } .logo { display: flex; position: absolute; /* Tem logo que fica melhor sem position absolute*/ align-items: center; justify-content: center; } .hamburger { font-size: 1.5rem; padding-left: 0.5rem; z-index: 2; } .sidebar { padding: 10px; margin: 0; z-index: 2; } .sidebar>li { list-style: none; margin-bottom: 10px; z-index: 2; } .sidebar a { text-decoration: none; color: #fff; z-index: 2; } .close-sidebar { font-size: 1.625em; padding-left: 5px; height: 2rem; z-index: 3; padding-top: 2px; } #sidebar1 { width: var(--menu); background: var(--cor); color: #fff; } #sidebar1 amp-img { width: var(--menu); height: 2rem; position: absolute; top: 5px; z-index: -1; } .fonte { font-family: var(--fonte); } .header { display: flex; background: var(--cor); color: #fff; align-items: center; height: 3.4rem; } .noticia { margin: 0.5rem; } .assunto { text-decoration: none; color: var(--cor); text-transform: uppercase; font-size: 1rem; font-weight: 800; display: block; } .titulo { color: #333; } .autor { color: var(--cor); font-weight: 600; } .chamada { color: #333; font-weight: 600; font-size: 1.2rem; line-height: 1.3; } .texto { line-height: 1.3; } .galeria {} .retranca {} .share { display: flex; justify-content: space-around; padding-bottom: 0.625rem; padding-top: 0.625rem; } .tags { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; text-decoration: none; } .tags ul { display: flex; flex-wrap: wrap; list-style-type: disc; margin-block-start: 0.5rem; margin-block-end: 0.5rem; margin-inline-start: 0px; margin-inline-end: 0px; padding-inline-start: 0px; flex-direction: row; } .tags ul li { display: flex; flex-wrap: wrap; flex-direction: row; padding-inline-end: 2px; padding-bottom: 3px; padding-top: 3px; } .tags ul li a { color: var(--cor); text-decoration: none; } .tags ul li a:visited { color: var(--cor); } .citacao {} /* Botões de compartilhamento arrendodados com a cor padrão do site */ amp-social-share.rounded { border-radius: 50%; background-size: 60%; color: #fff; background-color: var(--cor); } --> { "@type": "NewsArticle", "mainEntityOfPage": "/euestudante/2023/03/5080398-quem-foi-paulo-freire-como-o-legado-do-educador-brasileiro-e-visto-no-exterior.html", "name": "Quem foi Paulo Freire: como o legado do educador brasileiro é visto no exterior", "headline": "Quem foi Paulo Freire: como o legado do educador brasileiro é visto no exterior", "alternateName": "EDUCAÇÃO", "alternativeHeadline": "EDUCAÇÃO", "datePublished": "2023-03-15-0310:54:00-10800", "articleBody": "<figure> <figcaption><br /></figcaption> </figure> <p class="texto">O nome do pensador e educador brasileiro Paulo Freire, premiado mundialmente pelos m&eacute;todos educacionais que criou e desenvolveu, est&aacute; comumente associado a pol&ecirc;micas e tem dividido opin&otilde;es em seu pa&iacute;s natal.</p> <p class="texto">Seu sistema de alfabetiza&ccedil;&atilde;o reconhecido mundo afora pela efic&aacute;cia quando aplicado em larga escala principalmente em comunidades carentes, &eacute; ligado pelo espectro pol&iacute;tico mais conservador a ideologias de esquerda. Em consequ&ecirc;ncia, o nome de Paulo Freire vem sendo usado com frequ&ecirc;ncia como um r&oacute;tulo pol&iacute;tico-partid&aacute;rio, um emblema de refer&ecirc;ncia para refor&ccedil;ar argumentos e narrativas tanto dos que o criticam como dos que o defendem.</p> <p class="texto">Agora, nesse come&ccedil;o de 2023, o nome de Paulo Freire volta ao centro de debates, com a inten&ccedil;&atilde;o de mudan&ccedil;a do nome de uma esta&ccedil;&atilde;o do metr&ocirc; de S&atilde;o Paulo, como noticiado pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta ter&ccedil;a-feira (14/03).</p> <p class="texto">Segundo a reportagem, a esta&ccedil;&atilde;o que ainda n&atilde;o foi inaugurada, deixaria de chamar-se Paulo Freire como inicialmente planejado e aria a ser batizada como Fern&atilde;o Dias, em homenagem ao pol&ecirc;mico bandeirante.</p> <p class="texto">A mudan&ccedil;a teria sido feita por dirigentes da empresa que istra o metr&ocirc;, controlada pelo governo de Tarc&iacute;sio de Freitas, um aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, que atacou Freire em diversas ocasi&otilde;es.</p> <p class="texto"><em>Aproveitamos para republicar esta reportagem (publicada originalmente no dia 12 de janeiro de 2019 e republicada em 19 de setembro de 2021, data do anivers&aacute;rio de cem anos do nascimento de Paulo Freire)sobre Paulo Freire, considerado patrono da educa&ccedil;</em><em>&atilde;o</em><em> do Brasil.</em></p> <p class="texto">Tratada pelo <a href="https://correiobraziliense-br.rndiario.com/portuguese/topics/f21d4493-e3bd-47df-b23c-1d57f0e3e818?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">governo Bolsonaro</a> como bode expiat&oacute;rio da m&aacute; qualidade do ensino p&uacute;blico brasileiro, a obra do educador Paulo Freire (1921-1997) pode ser controversa. Mas o trabalho do pedagogo e fil&oacute;sofo, nomeado em 2012 patrono da educa&ccedil;&atilde;o brasileira e autor de um m&eacute;todo de alfabetiza&ccedil;&atilde;o que completou 50 anos em 2013, n&atilde;o deixa de ser bastante relevante nas discuss&otilde;es mundiais sobre pedagogia.</p> <ul> <li><a href="https://correiobraziliense-br.rndiario.com/portuguese/brasil-46655124?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">'Cadete, ides comandar': conhe&ccedil;a a academia militar que formou Bolsonaro e outros seis integrantes do governo</a></li> <li><a href="https://correiobraziliense-br.rndiario.com/portuguese/brasil-46790185?xtor=AL-73-%5Bpartner%5D-%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D-%5Blink%5D-%5Bbrazil%5D-%5Bbizdev%5D-%5Bisapi%5D">Como o apoio evang&eacute;lico ajudou a aproximar Israel e governo Bolsonaro</a></li> </ul> <p class="texto">Freire &eacute; estudado em universidades americanas, homenageado com escultura na Su&eacute;cia, nome de centro de estudos na Finl&acirc;ndia e inspira&ccedil;&atilde;o para cientistas em Kosovo. De acordo com levantamento do pesquisador Elliott Green, professor da Escola de Economia e Ci&ecirc;ncia Pol&iacute;tica de Londres, na Inglaterra, o livro fundamental da obra do educador, <em>Pedagogia do Oprimido</em>, escrito em 1968, &eacute; o terceiro mais citado em trabalhos acad&ecirc;micos na &aacute;rea de humanidades em todo o mundo.</p> <p class="texto">Para especialistas em educa&ccedil;&atilde;o ouvidos pela BBC News Brasil, entretanto, a raiz da controv&eacute;rsia em torno da pedagogia de Paulo Freire n&atilde;o &eacute; sua aplica&ccedil;&atilde;o em si - mas o uso pol&iacute;tico-partid&aacute;rio que foi feito dela, historicamente e, mais do que nunca, nos dias atuais. "Li a maior parte dos livros dele. Minha tese de doutorado foi amplamente baseada em seus ensinamentos. Tenho aplicado seu m&eacute;todo de v&aacute;rias maneiras em minha carreira profissional, na pr&aacute;tica e na pesquisa", afirmou a pedagoga Eeva Anttila, professora da Universidade de Artes de Helsinque, na Finl&acirc;ndia.</p> <p class="texto">"A maior vantagem de sua metodologia &eacute; a abordagem anti-opressiva e n&atilde;o autorit&aacute;ria, a pedagogia dial&oacute;gica e respeitosa que ele promoveu. O problema &eacute; que suas ideias t&ecirc;m sido usadas para fins pol&iacute;ticos - o que, em meu entendimento, nunca foi seu prop&oacute;sito inicial", disse a finlandesa.</p> <p class="texto">Freire tornou-se conhecido a partir do in&iacute;cio dos anos 1960. Ele desenvolveu um m&eacute;todo de alfabetiza&ccedil;&atilde;o de adultos baseado nos contextos e saberes de cada comunidade, respeitando as experi&ecirc;ncias de vida pr&oacute;prias do indiv&iacute;duo. Aplicou o modelo pela primeira vez em um grupo de 300 trabalhadores de canaviais em Angicos, no Rio Grande do Norte. De acordo com os registros da &eacute;poca, a alfabetiza&ccedil;&atilde;o ocorreu em tempo recorde: 45 dias.</p> <h3>Homenagens pelo mundo</h3> <p class="texto">Refer&ecirc;ncia mundial em qualidade do ensino, a Finl&acirc;ndia conta, desde 2007, com um espa&ccedil;o dedicado a discutir a obra do educador brasileiro. O Centro Paulo Freire Finl&acirc;ndia fica na cidade de Tampere. "&Eacute; um hub para os interessados em Paulo Freire e em seu legado para tornar o mundo mais igualit&aacute;rio e justo", de acordo com a defini&ccedil;&atilde;o da pr&oacute;pria institui&ccedil;&atilde;o. Eles publicaram, online, tr&ecirc;s livros com artigos - em finland&ecirc;s - analisando a obra do brasileiro. O material teve 17 mil s.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/11C9F/production/_105136827_mural.jpg" alt="Mural de Paulo Freire na Faculdade de Educa&ccedil;&atilde;o e Humanidades da Universidade do B&iacute;o-B&iacute;o, no Chile" width="976" height="549" /><footer>NEFANDISIMO /CC BY-SA 4.0</footer> <figcaption>Um mural retratando o pedagogo pernambucano na Universidade do B&iacute;o-B&iacute;o, no Chile</figcaption> </figure> <p class="texto">H&aacute; centros de estudos semelhantes, todos batizados com o nome do brasileiro, na &Aacute;frica do Sul, na &Aacute;ustria, na Alemanha, na Holanda, em Portugal, na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Canad&aacute;. Na Su&eacute;cia, Freire &eacute; lembrado em um monumento p&uacute;blico. Localizada no sub&uacute;rbio de Estocolmo, 'Depois do Banho' &eacute; uma obra em pedra-sab&atilde;o esculpida entre 1971 e 1976 pela artista Pye Engstr&ouml;m. Sentadas lado a lado, est&atilde;o retratadas sete personalidades com apelo pol&iacute;tico, como o poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973), a escritora sueca Sara Lidman (1923-2004) e a sex&oacute;loga norueguesa Elise Ottesen-Jensen (1886-1973).</p> <p class="texto">Mas a obra do educador brasileiro est&aacute; longe de ser unanimidade entre os pa&iacute;ses que costumam liderar o ranking Pisa (sigla em ingl&ecirc;s para Programa Internacional de Avalia&ccedil;&atilde;o de Estudantes). Em Cingapura, que apareceu na primeira coloca&ccedil;&atilde;o na edi&ccedil;&atilde;o 2016 da avalia&ccedil;&atilde;o trienal realizada pela OCDE (Organiza&ccedil;&atilde;o para a Coopera&ccedil;&atilde;o e Desenvolvimento Econ&ocirc;mico) com escolas conhecidas por adotar um m&eacute;todo linha-dura, a BBC News Brasil procurou a mais importante institui&ccedil;&atilde;o de ensino superior do pa&iacute;s para saber se algum pesquisador comentaria a obra do brasileiro Paulo Freire.</p> <p class="texto">Professor destacado pela assessoria de comunica&ccedil;&atilde;o da Universidade Nacional de Cingapura para atender &agrave; reportagem, Kelvin Seah disse que "n&atilde;o era a melhor pessoa para comentar sobre Paulo Freire". "Eu n&atilde;o sou familiarizado com seu m&eacute;todo", afirmou.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/0247/production/_105138500_2.jpg" alt="Retrato de Paulo Freire" width="976" height="549" /><footer>INSTITUTO PAULO FREIRE</footer></figure> <p class="texto">Convidado a comentar sobre qual seria o m&eacute;todo mais adequado ao contexto brasileiro, o especialista recomendou que os gestores analisassem caso a caso. "O m&eacute;todo mais apropriado para os alunos em uma escola depende do perfil dos alunos da escola, do treinamento pr&eacute;vio recebido pelos professores, bem como dos recursos de instru&ccedil;&atilde;o e financeiros dispon&iacute;veis para a escola."</p> <h3>Pedagogia do di&aacute;logo nos Estados Unidos</h3> <p class="texto">Em artigo acad&ecirc;mico analisando o legado de Paulo Freire pelo mundo, o professor de filosofia da educa&ccedil;&atilde;o da Universidade da Calif&oacute;rnia, nos Estados Unidos, Ronald David Glass aponta que o m&eacute;rito de Paulo Freire est&aacute; no m&eacute;todo que valoriza a "consci&ecirc;ncia cr&iacute;tica, transformadora e diferencial, que emerge da educa&ccedil;&atilde;o como uma pr&aacute;tica de liberdade".</p> <p class="texto">"Paulo Freire viveu sua vida no espa&ccedil;o desta consci&ecirc;ncia; &eacute; por isso que inspirou e energizou pessoas no mundo inteiro, e &eacute; por isso que seu legado se prolongar&aacute; muito al&eacute;m de qualquer horizonte que possamos enxergar agora", escreveu o professor. "Freire sempre estava buscando se tornar mais humano, tornar poss&iacute;vel que outros fossem mais humanos e, se acolhermos esta busca com tanto amor e determina&ccedil;&atilde;o quanto ele, ent&atilde;o uma maior medida de justi&ccedil;a e democracia estar&aacute; ao alcance."</p> <p class="texto">Professor da Faculdade de Educa&ccedil;&atilde;o da Universidade Crist&atilde; do Texas, Douglas J. Simpson causou certa pol&ecirc;mica no meio acad&ecirc;mico ao publicar, anos atr&aacute;s, um artigo intitulado '&Eacute; Hora de Engavetar Paulo Freire?'. "Na verdade, n&atilde;o acho que suas ideias devam ser arquivadas", esclareceu ele &agrave; BBC News Brasil. "Meu texto foi pensado para atrair a aten&ccedil;&atilde;o daqueles que acham que sempre estamos recorrendo a Freire. Pessoalmente, acho importante descobrir de novo ou pela primeira vez por que precisamos combinar uma forte paix&atilde;o reflexiva 'freireana', de respeito e amor, a pessoas carentes de justi&ccedil;a pessoal."</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/2957/production/_105138501_3.png" alt="Retrato de Paulo Freire" width="521" height="406" /><footer>Instituto Paulo Freire</footer></figure> <p class="texto">Simpson afirma que a pedagogia baseada no di&aacute;logo &eacute; fundamental "para que a educa&ccedil;&atilde;o e a democracia prosperem, ou pelo menos sobrevivam". Ele culpa justamente a falta de di&aacute;logo pelo fato de as sociedades - e as escolas - estarem fortemente polarizadas politicamente. "N&atilde;o temos sido efetivamente ensinados a praticar o di&aacute;logo nas escolas, muito menos nos governos." Para o professor, Paulo Freire ensinou, acima de tudo, que precisamos aprender "a ouvir, a entender e a respeitar uns aos outros" e a "trabalhar juntos nos problemas".</p> <p class="texto">Considerando o contexto brasileiro, Simpson acredita que n&atilde;o deveria haver uma padroniza&ccedil;&atilde;o - ou seja, que as escolas n&atilde;o deveriam seguir todas o mesmo m&eacute;todo pedag&oacute;gico. "As escolas precisam de culturas e responsabilidades que se baseiem em uma &eacute;tica profissional, pol&iacute;ticas e pr&aacute;ticas merit&oacute;rias", disse. Para ele, os m&eacute;todos s&atilde;o necess&aacute;rios, "mas devem ser vistos como revis&aacute;veis, porque as escolas, sociedades, trabalhos e aprendizados s&atilde;o din&acirc;micos". "A padroniza&ccedil;&atilde;o nas escolas muitas vezes leva a uma in&eacute;rcia indevida, de mesmice, de regulamenta&ccedil;&atilde;o est&eacute;ril", complementou.</p> <p class="texto">Nos anos 1970, o pedagogo John L. Elias, ent&atilde;o professor da Universidade de Nova Jersey, escreveu muito a respeito de Paulo Freire. O educador brasileiro foi tema de sua tese de doutorado. Em texto de 1975, Elias apontou "s&eacute;rios problemas no m&eacute;todo" do brasileiro.</p> <p class="texto">"A teoria da aprendizagem de Freire est&aacute; subordinada a prop&oacute;sitos pol&iacute;ticos e sociais. Tal teoria se abre para acusa&ccedil;&otilde;es de doutrina&ccedil;&atilde;o e manipula&ccedil;&atilde;o", afirmou ele. "A teoria de Freire da aprendizagem &eacute; doutrin&aacute;ria e manipuladora?", provocou.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/7777/production/_105138503_1.jpg" alt="A escultura " width="976" height="549" /><footer>bergnt oberger/ CC BY-SA 3.0/ PAULO FREIRE FINLAND</footer> <figcaption>Paulo Freire &eacute; a segunda figura, da esq. para a dir., nesta escultura de 1976 de Nye Engstr&ouml;m. A obra fica em Estocolmo, na Su&eacute;cia</figcaption> </figure> <p class="texto">Elias apontou que o educador brasileiro via "os sistemas educacionais do Terceiro Mundo como o principal meio que as elites opressoras usam para dominar as massas". "Conhecimento e aprendizado s&atilde;o pol&iacute;ticos para Freire, porque eles s&atilde;o o poder para aqueles que os geram, como s&atilde;o para aqueles que os usam", argumentou.</p> <p class="texto">Professora de Educa&ccedil;&atilde;o Internacional e Comparada na Faculdade dos Professores da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, Regina Cortina j&aacute; abordou a metodologia de Paulo Freire em diversos estudos sobre educa&ccedil;&atilde;o na Am&eacute;rica Latina, mas disse &agrave; BBC News Brasil que n&atilde;o se sentia "confort&aacute;vel" em comentar o tema no momento "por causa das mudan&ccedil;as istrativas no Brasil". Cortina afirmou, por meio da assessoria de imprensa da universidade, que n&atilde;o &eacute; poss&iacute;vel vislumbrar com clareza "como as coisas v&atilde;o seguir nas escolas brasileiras".</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/C597/production/_105138505_pedag.png" alt="REPRODU&Ccedil;AO DA CAPA DO LIVRO PEDAGOGIA DO OPRIMIDO, DA EDITORA PAZ E TERRA" width="417" height="485" /><footer>EDITORA PAZ E TERRA/ REPRODUCAO</footer> <figcaption>Principal obra de Freire, "Pedagogia do Oprimido" foi escrito em 1968, mas s&oacute; foi publicado no Brasil anos depois, em 1974</figcaption> </figure> <h3>Quais as ideias de Freire?</h3> <p class="texto">Para Freire, o ensino ocorre a partir do di&aacute;logo entre professor e aluno, desenvolvendo assim capacidade cr&iacute;tica e preparando os estudantes para sua emancipa&ccedil;&atilde;o social. No jarg&atilde;o do meio, o m&eacute;todo Freire &eacute; o oposto ao conceito "banc&aacute;rio" de educa&ccedil;&atilde;o - aquele no qual o professor "deposita" o conhecimento nas mentes dos alunos. Para Freire, a educa&ccedil;&atilde;o &eacute; constru&iacute;da em conjunto.</p> <p class="texto">O m&eacute;todo Paulo Freire chegou a ser adotado pelo governo de Jo&atilde;o Goulart (1919-1976) em esfor&ccedil;os para alfabetiza&ccedil;&atilde;o de adultos. Com a ditadura militar, entretanto, o educador ou a ser perseguido, chegou a ser preso por 70 dias e viveu no ex&iacute;lio na Bol&iacute;via e no Chile. Ap&oacute;s a publica&ccedil;&atilde;o da 'Pedagogia do Oprimido', em 1968, Freire foi convidado para ser professor visitante na Universidade Harvard, nos Estados Unidos.</p> <p class="texto">Reconhecido desde 2012 como o Patrono da Educa&ccedil;&atilde;o Brasileira, Paulo Freire &eacute; considerado o brasileiro mais vezes laureado com t&iacute;tulos de doutor honoris causa pelo mundo. No total, ele recebeu homenagens em pelo menos 35 universidades, entre brasileiras e estrangeiras, como a Universidade de Genebra, a Universidade de Bolonha, a Universidade de Estocolmo, a Universidade de Massachusetts, a Universidade de Illinois e a Universidade de Lisboa. Em 1986, Freire recebeu o Pr&ecirc;mio Educa&ccedil;&atilde;o para a Paz, concedido pela Unesco, a Organiza&ccedil;&atilde;o das Na&ccedil;&otilde;es Unidas para a Educa&ccedil;&atilde;o, Ci&ecirc;ncias e Cultura.</p> <figure><img src="https://c.files.bbci.co.uk/ECA7/production/_105138506_001.jpg" alt="Paulo Freire" width="800" height="588" /><footer>ARQUIVO NACIONAL/ DOMINIO PUBLICO</footer> <figcaption>Paulo Freire em retrato de 1963</figcaption> </figure> <p class="texto">H&aacute; institui&ccedil;&otilde;es de ensino que seguem o m&eacute;todo Paulo Freire em diversos pa&iacute;ses. &Eacute; o caso da Revere High School, escola em Massachusetts que em 2014 foi avaliada como a melhor institui&ccedil;&atilde;o p&uacute;blica de Ensino M&eacute;dio nos Estados Unidos. Em Kosovo, um grupo de jovens acad&ecirc;micos criou um projeto de ci&ecirc;ncia cidad&atilde; inspirado na pedagogia cr&iacute;tica do brasileiro. Os participantes recebem um kit para monitorar as condi&ccedil;&otilde;es ambientais e, assim, juntos, pressionar o governo por melhorias na &aacute;rea.</p> <p class="texto">"Acredito que seria &oacute;timo que a pedagogia em qualquer escola de qualquer pa&iacute;s partisse do pensamento de Freire", comentou a pedagoga finlandesa Anttila. "Especialmente no Brasil, dada a atual situa&ccedil;&atilde;o pol&iacute;tica e a hist&oacute;ria do pa&iacute;s." Ela diz que um m&eacute;todo de ensino, para funcionar bem, precisa levar em conta as situa&ccedil;&otilde;es de vida dos alunos. "N&atilde;o acredito em pedagogia autorit&aacute;ria. As aulas n&atilde;o precisam ser autorit&aacute;rias. &Eacute; preciso di&aacute;logo, discuss&atilde;o, negocia&ccedil;&atilde;o, explora&ccedil;&atilde;o. Construir conhecimento para que haja capacidade de expressar ideias e ouvir os outros. Eis a chave para a democracia. E a educa&ccedil;&atilde;o democr&aacute;tica &eacute; a &uacute;nica maneira de salvaguardar uma sociedade democr&aacute;tica", declarou.</p> <p class="texto"><strong>J&aacute; assistiu aos nossos novos v&iacute;deos no </strong><a href="https://www.youtube.com/channel/UCthbIFAxbXTTQEC7EcQvP1Q">YouTube</a><strong>? Inscreva-se no nosso canal!</strong></p> <p class="texto"><iframe src="https://www.youtube.com/embed/dbl0ZE7i4Co" width="300" height="150" frameborder="0"></iframe><iframe src="https://www.youtube.com/embed/3Hdun3zKJxY" width="300" height="150" frameborder="0"></iframe><iframe src="https://www.youtube.com/embed/m6yRLSqabpI" width="300" height="150" frameborder="0"></iframe><img src="https://a1.api.bbc.co.uk/hit.xiti/?s=598346&amp;p=portuguese.brasil.story.46830942.page&amp;x1=%5Burn%3Abbc%3As%3Acurie%3Aasset%3A46d94048-50e2-464f-939c-080a065e2341%5D&amp;x4=%5Bpt-BR%5D&amp;x5=%5Bhttps%3A%2F%2Fcorreiobraziliense-br.rndiario.com%2Fportuguese%2Fbrasil-46830942%5D&amp;x7=%5Barticle%5D&amp;x8=%5Bsynd_nojs_ISAPI%5D&amp;x9=%5BQuem+foi+Paulo+Freire%3A+como+o+legado+do+educador+brasileiro+%C3%A9+visto+no+exterior%5D&amp;x11=%5B2019-01-12T10%3A53%3A41Z%5D&amp;x12=%5B2023-03-15T10%3A45%3A59Z%5D&amp;x19=%5Bcorreiobraziliense.com.br%5D" /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": { "url": "https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2023/03/15/750x500/1__105138668_campinas-27618437.jpg?20230315105154?20230315105154", "width": 820, "@type": "ImageObject", "height": 490 }, "author": [ { "@type": "Person", "name": "Edison Veiga - De Bled (Eslovênia) para a BBC News Brasil" } ], "publisher": { "logo": { "url": "https://image.staticox.com/?url=http%3A%2F%2Fimgs2.correiobraziliense.com.br%2Famp%2Flogo_cb_json.png", "@type": "ImageObject" }, "name": "Correio Braziliense", "@type": "Organization" } } 5b5b4p

Eu, Estudante 361s45

EDUCAÇÃO

Quem foi Paulo Freire: como o legado do educador brasileiro é visto no exterior 2y3i2z

Referência mundial em qualidade do ensino, a Finlândia conta, desde 2007, com um espaço dedicado a discutir a obra do educador brasileiro 4u4o2l


O nome do pensador e educador brasileiro Paulo Freire, premiado mundialmente pelos métodos educacionais que criou e desenvolveu, está comumente associado a polêmicas e tem dividido opinões em seu país natal.

Seu sistema de alfabetização reconhecido mundo afora pela eficácia quando aplicado em larga escala principalmente em comunidades carentes, é ligado pelo espectro político mais conservador a ideologias de esquerda. Em consequência, o nome de Paulo Freire vem sendo usado com frequência como um rótulo político-partidário, um emblema de referência para reforçar argumentos e narrativas tanto dos que o criticam como dos que o defendem.

Agora, nesse começo de 2023, o nome de Paulo Freire volta ao centro de debates, com a intenção de mudança do nome de uma estação do metrô de São Paulo, como noticiado pelo jornal Folha de S.Paulo, nesta terça-feira (14/03).

Segundo a reportagem, a estação que ainda não foi inaugurada, deixaria de chamar-se Paulo Freire como inicialmente planejado e aria a ser batizada como Fernão Dias, em homenagem ao polêmico bandeirante.

A mudança teria sido feita por dirigentes da empresa que istra o metrô, controlada pelo governo de Tarcísio de Freitas, um aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro, que atacou Freire em diversas ocasiões.

Aproveitamos para republicar esta reportagem (publicada originalmente no dia 12 de janeiro de 2019 e republicada em 19 de setembro de 2021, data do aniversário de cem anos do nascimento de Paulo Freire)sobre Paulo Freire, considerado patrono da educação do Brasil.

Tratada pelo governo Bolsonaro como bode expiatório da má qualidade do ensino público brasileiro, a obra do educador Paulo Freire (1921-1997) pode ser controversa. Mas o trabalho do pedagogo e filósofo, nomeado em 2012 patrono da educação brasileira e autor de um método de alfabetização que completou 50 anos em 2013, não deixa de ser bastante relevante nas discussões mundiais sobre pedagogia.

Freire é estudado em universidades americanas, homenageado com escultura na Suécia, nome de centro de estudos na Finlândia e inspiração para cientistas em Kosovo. De acordo com levantamento do pesquisador Elliott Green, professor da Escola de Economia e Ciência Política de Londres, na Inglaterra, o livro fundamental da obra do educador, Pedagogia do Oprimido, escrito em 1968, é o terceiro mais citado em trabalhos acadêmicos na área de humanidades em todo o mundo.

Para especialistas em educação ouvidos pela BBC News Brasil, entretanto, a raiz da controvérsia em torno da pedagogia de Paulo Freire não é sua aplicação em si - mas o uso político-partidário que foi feito dela, historicamente e, mais do que nunca, nos dias atuais. "Li a maior parte dos livros dele. Minha tese de doutorado foi amplamente baseada em seus ensinamentos. Tenho aplicado seu método de várias maneiras em minha carreira profissional, na prática e na pesquisa", afirmou a pedagoga Eeva Anttila, professora da Universidade de Artes de Helsinque, na Finlândia.

"A maior vantagem de sua metodologia é a abordagem anti-opressiva e não autoritária, a pedagogia dialógica e respeitosa que ele promoveu. O problema é que suas ideias têm sido usadas para fins políticos - o que, em meu entendimento, nunca foi seu propósito inicial", disse a finlandesa.

Freire tornou-se conhecido a partir do início dos anos 1960. Ele desenvolveu um método de alfabetização de adultos baseado nos contextos e saberes de cada comunidade, respeitando as experiências de vida próprias do indivíduo. Aplicou o modelo pela primeira vez em um grupo de 300 trabalhadores de canaviais em Angicos, no Rio Grande do Norte. De acordo com os registros da época, a alfabetização ocorreu em tempo recorde: 45 dias.

Homenagens pelo mundo 584s6e

Referência mundial em qualidade do ensino, a Finlândia conta, desde 2007, com um espaço dedicado a discutir a obra do educador brasileiro. O Centro Paulo Freire Finlândia fica na cidade de Tampere. "É um hub para os interessados em Paulo Freire e em seu legado para tornar o mundo mais igualitário e justo", de acordo com a definição da própria instituição. Eles publicaram, online, três livros com artigos - em finlandês - analisando a obra do brasileiro. O material teve 17 mil s.

NEFANDISIMO /CC BY-SA 4.0
Um mural retratando o pedagogo pernambucano na Universidade do Bío-Bío, no Chile

Há centros de estudos semelhantes, todos batizados com o nome do brasileiro, na África do Sul, na Áustria, na Alemanha, na Holanda, em Portugal, na Inglaterra, nos Estados Unidos e no Canadá. Na Suécia, Freire é lembrado em um monumento público. Localizada no subúrbio de Estocolmo, 'Depois do Banho' é uma obra em pedra-sabão esculpida entre 1971 e 1976 pela artista Pye Engström. Sentadas lado a lado, estão retratadas sete personalidades com apelo político, como o poeta chileno Pablo Neruda (1904-1973), a escritora sueca Sara Lidman (1923-2004) e a sexóloga norueguesa Elise Ottesen-Jensen (1886-1973).

Mas a obra do educador brasileiro está longe de ser unanimidade entre os países que costumam liderar o ranking Pisa (sigla em inglês para Programa Internacional de Avaliação de Estudantes). Em Cingapura, que apareceu na primeira colocação na edição 2016 da avaliação trienal realizada pela OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) com escolas conhecidas por adotar um método linha-dura, a BBC News Brasil procurou a mais importante instituição de ensino superior do país para saber se algum pesquisador comentaria a obra do brasileiro Paulo Freire.

Professor destacado pela assessoria de comunicação da Universidade Nacional de Cingapura para atender à reportagem, Kelvin Seah disse que "não era a melhor pessoa para comentar sobre Paulo Freire". "Eu não sou familiarizado com seu método", afirmou.

INSTITUTO PAULO FREIRE

Convidado a comentar sobre qual seria o método mais adequado ao contexto brasileiro, o especialista recomendou que os gestores analisassem caso a caso. "O método mais apropriado para os alunos em uma escola depende do perfil dos alunos da escola, do treinamento prévio recebido pelos professores, bem como dos recursos de instrução e financeiros disponíveis para a escola."

Pedagogia do diálogo nos Estados Unidos 4w576i

Em artigo acadêmico analisando o legado de Paulo Freire pelo mundo, o professor de filosofia da educação da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos, Ronald David Glass aponta que o mérito de Paulo Freire está no método que valoriza a "consciência crítica, transformadora e diferencial, que emerge da educação como uma prática de liberdade".

"Paulo Freire viveu sua vida no espaço desta consciência; é por isso que inspirou e energizou pessoas no mundo inteiro, e é por isso que seu legado se prolongará muito além de qualquer horizonte que possamos enxergar agora", escreveu o professor. "Freire sempre estava buscando se tornar mais humano, tornar possível que outros fossem mais humanos e, se acolhermos esta busca com tanto amor e determinação quanto ele, então uma maior medida de justiça e democracia estará ao alcance."

Professor da Faculdade de Educação da Universidade Cristã do Texas, Douglas J. Simpson causou certa polêmica no meio acadêmico ao publicar, anos atrás, um artigo intitulado 'É Hora de Engavetar Paulo Freire?'. "Na verdade, não acho que suas ideias devam ser arquivadas", esclareceu ele à BBC News Brasil. "Meu texto foi pensado para atrair a atenção daqueles que acham que sempre estamos recorrendo a Freire. Pessoalmente, acho importante descobrir de novo ou pela primeira vez por que precisamos combinar uma forte paixão reflexiva 'freireana', de respeito e amor, a pessoas carentes de justiça pessoal."

Instituto Paulo Freire

Simpson afirma que a pedagogia baseada no diálogo é fundamental "para que a educação e a democracia prosperem, ou pelo menos sobrevivam". Ele culpa justamente a falta de diálogo pelo fato de as sociedades - e as escolas - estarem fortemente polarizadas politicamente. "Não temos sido efetivamente ensinados a praticar o diálogo nas escolas, muito menos nos governos." Para o professor, Paulo Freire ensinou, acima de tudo, que precisamos aprender "a ouvir, a entender e a respeitar uns aos outros" e a "trabalhar juntos nos problemas".

Considerando o contexto brasileiro, Simpson acredita que não deveria haver uma padronização - ou seja, que as escolas não deveriam seguir todas o mesmo método pedagógico. "As escolas precisam de culturas e responsabilidades que se baseiem em uma ética profissional, políticas e práticas meritórias", disse. Para ele, os métodos são necessários, "mas devem ser vistos como revisáveis, porque as escolas, sociedades, trabalhos e aprendizados são dinâmicos". "A padronização nas escolas muitas vezes leva a uma inércia indevida, de mesmice, de regulamentação estéril", complementou.

Nos anos 1970, o pedagogo John L. Elias, então professor da Universidade de Nova Jersey, escreveu muito a respeito de Paulo Freire. O educador brasileiro foi tema de sua tese de doutorado. Em texto de 1975, Elias apontou "sérios problemas no método" do brasileiro.

"A teoria da aprendizagem de Freire está subordinada a propósitos políticos e sociais. Tal teoria se abre para acusações de doutrinação e manipulação", afirmou ele. "A teoria de Freire da aprendizagem é doutrinária e manipuladora?", provocou.

bergnt oberger/ CC BY-SA 3.0/ PAULO FREIRE FINLAND
Paulo Freire é a segunda figura, da esq. para a dir., nesta escultura de 1976 de Nye Engström. A obra fica em Estocolmo, na Suécia

Elias apontou que o educador brasileiro via "os sistemas educacionais do Terceiro Mundo como o principal meio que as elites opressoras usam para dominar as massas". "Conhecimento e aprendizado são políticos para Freire, porque eles são o poder para aqueles que os geram, como são para aqueles que os usam", argumentou.

Professora de Educação Internacional e Comparada na Faculdade dos Professores da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, Regina Cortina já abordou a metodologia de Paulo Freire em diversos estudos sobre educação na América Latina, mas disse à BBC News Brasil que não se sentia "confortável" em comentar o tema no momento "por causa das mudanças istrativas no Brasil". Cortina afirmou, por meio da assessoria de imprensa da universidade, que não é possível vislumbrar com clareza "como as coisas vão seguir nas escolas brasileiras".

EDITORA PAZ E TERRA/ REPRODUCAO
Principal obra de Freire, "Pedagogia do Oprimido" foi escrito em 1968, mas só foi publicado no Brasil anos depois, em 1974

Quais as ideias de Freire? 2q1r4t

Para Freire, o ensino ocorre a partir do diálogo entre professor e aluno, desenvolvendo assim capacidade crítica e preparando os estudantes para sua emancipação social. No jargão do meio, o método Freire é o oposto ao conceito "bancário" de educação - aquele no qual o professor "deposita" o conhecimento nas mentes dos alunos. Para Freire, a educação é construída em conjunto.

O método Paulo Freire chegou a ser adotado pelo governo de João Goulart (1919-1976) em esforços para alfabetização de adultos. Com a ditadura militar, entretanto, o educador ou a ser perseguido, chegou a ser preso por 70 dias e viveu no exílio na Bolívia e no Chile. Após a publicação da 'Pedagogia do Oprimido', em 1968, Freire foi convidado para ser professor visitante na Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

Reconhecido desde 2012 como o Patrono da Educação Brasileira, Paulo Freire é considerado o brasileiro mais vezes laureado com títulos de doutor honoris causa pelo mundo. No total, ele recebeu homenagens em pelo menos 35 universidades, entre brasileiras e estrangeiras, como a Universidade de Genebra, a Universidade de Bolonha, a Universidade de Estocolmo, a Universidade de Massachusetts, a Universidade de Illinois e a Universidade de Lisboa. Em 1986, Freire recebeu o Prêmio Educação para a Paz, concedido pela Unesco, a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciências e Cultura.

ARQUIVO NACIONAL/ DOMINIO PUBLICO
Paulo Freire em retrato de 1963

Há instituições de ensino que seguem o método Paulo Freire em diversos países. É o caso da Revere High School, escola em Massachusetts que em 2014 foi avaliada como a melhor instituição pública de Ensino Médio nos Estados Unidos. Em Kosovo, um grupo de jovens acadêmicos criou um projeto de ciência cidadã inspirado na pedagogia crítica do brasileiro. Os participantes recebem um kit para monitorar as condições ambientais e, assim, juntos, pressionar o governo por melhorias na área.

"Acredito que seria ótimo que a pedagogia em qualquer escola de qualquer país partisse do pensamento de Freire", comentou a pedagoga finlandesa Anttila. "Especialmente no Brasil, dada a atual situação política e a história do país." Ela diz que um método de ensino, para funcionar bem, precisa levar em conta as situações de vida dos alunos. "Não acredito em pedagogia autoritária. As aulas não precisam ser autoritárias. É preciso diálogo, discussão, negociação, exploração. Construir conhecimento para que haja capacidade de expressar ideias e ouvir os outros. Eis a chave para a democracia. E a educação democrática é a única maneira de salvaguardar uma sociedade democrática", declarou.

Já assistiu aos nossos novos vídeos no YouTube? Inscreva-se no nosso canal!