Futebol

Seleção em Brasília: Bruno Guimarães diz sonhar acordado com o hexa

Meio-campista expõe objetivo em coletiva de imprensa prévia ao confronto diante da Colômbia, na próxima quinta-feira (20), no Mané Garrincha; "Importante para a nossa população"

Bruno Guimarães é um dos cinco meio-campistas convocados por Dorival Júnior para o compromisso diante da Colômbia, na próxima quinta-feira (20), em Brasília, pelas Elimatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026 -  (crédito: Arthur Ribeiro / CB / DA Press)
Bruno Guimarães é um dos cinco meio-campistas convocados por Dorival Júnior para o compromisso diante da Colômbia, na próxima quinta-feira (20), em Brasília, pelas Elimatórias Sul-Americanas para a Copa do Mundo de 2026 - (crédito: Arthur Ribeiro / CB / DA Press)

“Sonho acordado com isso”. É dessa forma como se refere o meio-campista da Seleção Brasileira Bruno Guimarães à tentativa de tirar a Canarinho da fila de 24 anos sem um título Mundial. Convocado para os dois compromissos do time verde-amarelo contra Colômbia, na noite desta quinta-feira (20), e Argentina, na próxima terça-feira (25), pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo, o jogador do Newcastle foi questionado pelo Correio Braziliense acerca do sentimento por estar envolvido na missão.

O carioca tem experiência de sobra quando o assunto é acabar com jejuns. Em 2018, fez parte do elenco do Athletico-PR responsável por conquistar o primeiro título internacional da história do clube. Diante do Junior Barranquilla-COL, venceu a Copa Sul-Americana. No último domingo (16), ajudou o Newcastle a vencer a Copa da Liga Inglesa, diante do Liverpool. A vitória por 2 x 1 trouxe o primeiro título oficial para os Magpies após 70 anos de seca. Há, de acordo com ele, esperança para que o feito seja repetida, dessa vez, pelo Brasil.

“É algo que eu sonho todas as noites, pra ser sincero. Desde que eu cheguei na Seleção Brasileira, meu maior objetivo é ganhar uma Copa do Mundo. Mas enfim, até a Copa ainda falta bastante coisa. De qualquer forma, é algo que eu sonho todas as noites. Espero que junto com os meus companheiros a gente possa conseguir esse feito enorme”, esperançou Bruno.

“Eu lembro, em 2002, eu era bem pequeno, quando a Seleção chegou. Eu fui um pouco, na festa de recepção, e vi tudo o que trás para um país, a união, o que representa vestir a camisa do Brasil. Nós estamos ando por muitas coisas em termos de país, e, sem dúvidas, um título Mundial seria muito importante para a nossa população”, complementou o jogador.

Prestes a entrar em campo com a camisa amarela pela 33ª vez, Bruno é um dos cinco homens de meio-campo convocados por Dorival Júnior para os próximos dois compromissos do Brasil. Além dele, também foram incluídos Gerson, do Flamengo; Matheus Cunha e André, do Wolverhampton; e Joelinton, companheiro de Newcastle. Na tabela de classificação, a Seleção é quinta colocada, com 18 pontos. A líder Argentina, a efeito de comparação, tem 25. A próxima adversária, Colômbia, está em quarto, com 19. 

Veja outros pontos pontos da coletiva:

Como foi entrar para a história do Newcastle, com o título da Copa da Liga Inglesa?

Foi um feito marcante para a gente, pela história do clube, por tudo que representou, principalmente para os torcedores. Foi legal demais e estou muito feliz de realizar isso.

Como está a preparação para dois confrontos importantes nas Eliminatórias?

A gente sabe que são dois jogos cruciais para a gente e estamos tentando focar jogo a jogo. Contra a Colômbia é fundamental em questão de tabela. Queremos iniciar bem, com os três pontos, para depois pensar na Argentina. Estamos muito animados e esperançosos de fazer dois grandes jogos e já encaminhar bem nossa classificação.

Há um senso de urgência de que a Seleção não tem mais margem de erro nas Eliminatórias?

Acho que todo mundo que veste a camisa da Seleção Brasileira está acostumado com pressão, é normal, o cotidiano, você tem que matar um leão por dia. Não importa se é aqui ou no clube, não é diferente. Nós vestimos a maior camisa do cenário do futebol mundial e temos que estar prontos para isso. Estamos pensando jogo a jogo, o mais importante para gente agora é a Colômbia, para fazer um grande jogo dentro de casa, conquistar três pontos e dar um respiro. Sabemos que não tem margem, está tudo próximo, duas vitórias encaminham a classificação e duas derrotas nos colocam em uma posição que a gente não quer estar. Como disse, somos acostumados com a pressão e não podemos levar isso para dentro de campo. Temos que jogar o nosso futebol leve e livre para tentar fazer o melhor com a camisa da Seleção.

O quanto o momento ruim da Colômbia pode ajudar ou atrapalhar o Brasil?

Temos que pensar no nosso, não nos outros. Acho que o nosso maior adversário é a gente mesmo. Temos um dos melhores elencos, no meu ponto de vista, grandes jogadores em todos os setores. A Colômbia é uma grande seleção, deu trabalho para a gente na Copa América, então temos que saber jogar o jogo. É uma seleção que pressiona bastante, está um pouco pressionada pelos resultados, mas isso não pode afetar o nosso. Temos que fazer nossa parte, independente do adversário e das circunstâncias.

O status do futebol brasileiro mudou tendo grandes jogadores em grandes clubes?

Acredito que sim, temos grandes jogadores. Tem o Gabriel Magalhães, que para mim é uma referência da Premier League, jogadores em grandes clubes, jogadores que buscam para ser melhor do mundo, então é sempre grandioso. Temos que tentar, apesar da falta de tempo de treinar, tentar consertar tudo. Podemos jogar melhor do que a gente vem jogando, óbvio que é uma reformulação, tem muita coisa pela frente, mas a gente tem que ser protagonista no clube e na Seleção.

Como é ser um dos líderes do elenco e dar uma resposta para a torcida?

Quanto mais você ganha, mais responsabilidade você tem. Isso é normal. Vestir essa camisa por si só já é muito pesada e as pessoas muitas das vezes não têm paciência, ainda mais em se tratar de Seleção Brasileira. É tentar jogar o nosso melhor, tentar dar o melhor que a gente vem fazendo no clube aqui para a Seleção. Sentimos muito a falta de tempo de treinar, é uma realidade aqui e outra totalmente diferente do que eu faço no meu clube, que o Raphinha faz no dele, que o Vini faz no dele. Temos pouco tempo para combinar as ideias, mas estamos conversando para estar melhorando. Quando a gente tiver um tempo maior, vai se ajeitar. Vestir a camisa da Seleção é uma pressão por si só, eu sei que todo mundo espera muita gente, queremos retribuir esse carinho e sabemos que tem que melhorar.

Como jogador que mais atuou nesse ciclo, você vê uma espinha dorsal formada para a Copa do Mundo?

Acredito que está se formando. Minha primeira convocação pela Seleção foi em 2020, de lá para cá muita coisa mudou, mas está se criando. O Dorival está criando um jeito de jogar e estamos cada vez mais próximos do melhor que a gente pode entregar. Obviamente que ainda pode melhorar e muito, é o que queremos. Sabemos que é um dever nosso honrar essa camisa de tantos grandes ídolos e estamos trabalhando bastante, mas vejo que já melhoramos bastante da Copa América para cá. Sem dúvidas, com mais jogos, com mais boas atuações e com vitórias, vai dando confiança, principalmente para os mais jovens, para desempenhar o seu melhor futebol com a camisa da Seleção.

Como foi a expectativa de ter o Neymar de volta?

Sentimos falta. Acho que não só os jogadores, como a torcida e o país. É um jogador fundamental para a gente, um líder, o nosso camisa 10, o melhor jogador que a gente acompanhou nos últimos dez anos. Torcemos pela pronta recuperação dele, ele pertence aqui. Vamos tentar dar o nosso melhor, mas sem dúvida é uma perda grande.

A média de idade da Seleção baixou bastante. Como é essa troca com os mais jovens?

É importante demais fazer com eles o que os outros fizeram comigo, como o Thiago (Silva), o próprio Alex Sandro, que está voltando agora. Vamos abraçar eles, fazer com que eles se sintam bem, felizes de estar aqui, mostrar que vestir essa camisa não é uma obrigação, é um privilégio para poucos. Que se sintam em casa e possam fazer o que fazem no clube, que é o verdadeiro motivo deles estarem aqui. Acho que é muito importante a gente conseguir abraçar, porque não temos muito tempo aqui, então é no dia a dia, no hotel, brincando, trazer para perto, para que se sintam em casa e que tenham o prazer de vestir essa camisa, porque é algo surreal.

O que achou dos comentários do presidente da Conmebol, no qual ele diz que a Libertadores sem times brasileiros é como Tarzan sem a macaca Cheeta?

Para mim, o presidente da Conmebol tem muito mais coisas a se preocupar do que em fazer piada. A gente viu agora o que aconteceu com o Luighi. A punição dada ao Cerro Porteño foi uma falta de respeito tremenda. Vou tentar não me alongar, porque vestir a camisa da Seleção e falar da Conmebol pode acarretar em alguma punição, mas acho que eles têm coisas mais importantes a se preocupar e finalmente cumprir a lei.

Seu estilo de liderança é o mesmo na Seleção e no Newcastle?

Aqui a gente consegue expor melhor, por ser nossa primeira língua, me sinto mais à vontade. Na Inglaterra é mais diferente, é uma função nova que estou desempenhando no clube. É algo que sempre foi parte do Bruno, ter muita emoção, jogar com o coração, como um torcedor. Sempre fiz isso e espero conseguir trazer o que faço no clube para a Seleção.

Hoje faz um ano do trabalho do Dorival. Por que a Seleção ainda não encanta?

Eu não sabia que ia fazer um ano, realmente ou muito rápido, muitas coisas acontecem. Aqui estamos em uma parte de reformulação enorme. É um ciclo que vinha com o Tite, de duas Copa América, duas Copa do Mundo, então leva tempo. Sei que para vocês é difícil entender, mas não é do dia para a noite.

Você disse que “nosso maior adversário somos nós mesmos”. Como você traduz essa frase?

Temos sempre que ser melhor do que fomos ontem. Não adianta a gente chegar aqui e achar que está bom, porque realmente não está, dá para melhorar. Temos melhorado, apesar de tudo. Podemos sim ser uma Seleção mais compactada, isso não tem a ver com o adversário. A gente pode defender melhor, atacar melhor, e isso não depende se a gente vai jogar com a Colômbia ou com a Bolívia. Isso depende da Seleção Brasileira. Temos que ter nosso jeito de jogar, assim como é no clube. Se vai ser no 4-4-2, no 4-3-3, temos que fazer o nosso melhor para jogar melhor, independente do adversário.

Você acredita que a Seleção tem que se comunicar com o torcedor e ter a postura que o momento exige?

Acredito que sim. Fico feliz que já esgotaram todos os ingressos. No último jogo, vimos que ficaram lugares vazios. Conversamos entre a gente, para que pudéssemos encher mais os estádios, porque quando vamos jogar fora é sempre lotado. Quando a gente for jogar em casa, queremos sentir o torcedor do nosso lado também. Sabemos que eles podem fazer a diferença, principalmente sendo a Seleção Brasileira. Quando começamos a cantar o hino e todo mundo vai junto, já começa 1 x 0 para a gente. A torcida faz diferença e jogando em casa precisamos dar essa resposta, o orgulho do torcedor ir ao estádio torcer.

*Estagiário sob a supervisão de Marcos Paulo Lima 

Gabriel Botelho*
postado em 18/03/2025 14:49 / atualizado em 18/03/2025 15:59
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