
O Brasil ocupa posição estratégica no cenário mundial de mineração, especialmente no fornecimento de minerais críticos para a transição energética, como nióbio, grafita, níquel e lítio. No entanto, existem gargalos que impedem o setor de deslanchar na chamada economia verde.
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O deputado federal Zé Silva (MG), presidente da Frente Parlamentar da Mineração Sustentável (FPMin), destaca que o país possui "elevado potencial geológico" para minerais indispensáveis a essa nova economia, citando que detém 23% das reservas mundiais.
Segundo ele, o momento é de oportunidade, mas também de desafios importantes. É preciso melhorar a infraestrutura logística, ampliar o financiamento ao setor e criar benefícios específicos para os minerais estratégicos. "As cadeias minerais e industriais estão em processo de ajuste, com uma corrida para estruturar essas cadeias fora da China", afirma.
Zé Silva também ressalta os avanços do setor em práticas sustentáveis e tecnológicas, destacando que o Brasil se sobressai na oferta de minério de ferro de alta qualidade. Ele cita iniciativas legislativas em curso no Congresso, como o Projeto de Lei 2780/2024 que cria a Política Nacional de Minerais Críticos e Estratégicos, voltada à transição energética, e outras propostas para aprimorar a rastreabilidade e a segurança jurídica da mineração brasileira.
Em nota ao Correio, o Ministério de Minas e Energia reconheceu que a infraestrutura e a logística são fatores estratégicos para a competitividade da mineração, impactando diretamente os custos e o o a mercados.
Números
O setor mineral brasileiro encerrou o primeiro trimestre de 2025 (1T25) com resultados expressivos. Dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram) apontam um faturamento total de R$ 73,8 bilhões, alta de 8,6% em relação ao mesmo período de 2024, quando a receita foi de R$ 68 bilhões.
O desempenho foi impulsionado, principalmente, pelo minério de ferro, que, apesar da queda nos preços internacionais, manteve-se como o carro-chefe da mineração brasileira, responsável por R$ 38,8 bilhões — o equivalente a 53% do faturamento do setor. No entanto, as exportações das commodities, que correspondem a 63,9% do volume total embarcado, recuaram 26,2% em valor, refletindo o desaquecimento dos preços globais.
A China manteve-se como principal destino das exportações minerais do Brasil, absorvendo 68,3% das vendas externas no trimestre. Em termos de volume, as exportações totais do setor chegaram a 87,7 milhões de toneladas, ligeiro aumento de 0,3% frente ao 1T24, mas com queda de 13% no valor em dólar, totalizando US$ 9,3 bilhões.
Em contrapartida, alguns produtos se destacaram positivamente. O ouro apresentou alta de 16,7% em volume exportado e expressivos 54,5% em valor, beneficiado pela elevação do preço médio trimestral, que atingiu US$ 3.214,8 em maio — um salto de 38,2% na comparação anual. Já minerais como bauxita, caulim e nióbio registraram retração nas exportações.
No plano interno, o setor mineral gerou mais de 223 mil empregos diretos até março, com a criação de mais de duas mil novas vagas apenas no primeiro trimestre. Minas Gerais, Pará e Bahia lideraram o faturamento, com participações de 40%, 33% e 5%, respectivamente.
A arrecadação também apresentou desempenho positivo. A Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais (Cfem) somou R$ 2 bilhões, alta de 1,2% em relação ao mesmo período do ano anterior. Minas Gerais e Pará responderam juntos por 83% desse montante. A previsão de investimentos para o setor no período de 2025 a 2029 é de US$ 68,4 bilhões — incremento de 6,6% sobre a estimativa anterior.
Diante da relevância e complexidade do tema, o Correio promoverá, no dia 3 de junho, o evento "Brasil em Transformação: a mineração no Brasil e no exterior". A iniciativa reunirá especialistas e representantes do governo para discutir os impactos no setor mineral e as perspectivas para o país nesse novo contexto global.
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