
O mercado de trabalho começa a colocar o pé no freio em dia indicadores do setor bem na véspera do feriado do dia do trabalhador e da trabalhadora. Conforme dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), divulgados nesta quarta-feira (30/4), o ritmo de geração de vagas com carteira assinada em março recuou para 71.576 – tombo de 83,6% em relação ao saldo positivo ajustado de 437.111 em fevereiro.
O saldo de vagas com carteira assinada criadas no terceiro mês de 2025 é resultado da diferença entre as 2.235.662 issões e os 2.163.086 desligamentos registrados no Cadastro de Empregados e Desempregados (Caged) no mês de março.
Ao apresentar os dados do Caged aos jornalistas, o ministro Luiz Marinho atribuiu essa forte queda "a questões sazonais", uma vez que o carnaval não ocorreu no mês de fevereiro e, sim, em março, e, com isso, e muitas empresas acabaram antecipando as contratações.
“Em fevereiro, o número foi excepcionalmente bom e poderia ser uma antecipação de março, porque este ano é muito atípico, levando a um processo eventual de antecipação para o enfrentamento do calendário vigente”, disse Marinho. Ele acrescentou que, na divulgação dos dados do Caged de fevereiro, no mês ado, ele adiantou que o número de março seria menor.
De acordo com o ministro, esse recuo na geração de emprego formal pode ser um sinal para que o Banco Central coloque o pé no freio do aperto da política monetária e comece a reduzir a taxa básica da economia (Selic) atualmente em 14,25% ao ano.
“Está na hora de parar de aumentar a taxa Selic e falar em reduzir a taxa Selic. Acho que o sinal (dos dados de março do Caged) é que está na hora de reduzir os juros”, afirmou.
Dia do trabalhador e balanço do governo
Ao comentar sobre as negociações do governo com as centrais sindicais, Marinho afirmou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está “entregando a maioria da pauta” de reivindicações das entidades trabalhistas.
O ministro garantiu que o governo já vem tratando em parte e os itens da pauta que não estão sendo atendidos dependem do Congresso, como a proposta de aumento da isenção do Imposto de Renda (IR) para quem ganha até R$ 5 mil.
“O governo está tratando, de uma forma ou de outra, e, outros itens, em parte. A gente espera que o Congresso venha a aprovar a proposta do IR no prazo necessário, até o fim deste ano”, afirmou.
Em relação ao feriado de amanhã, Marinho fez questão de corrigir o nome da data. “Amanhã é Dia do Trabalhador e da Trabalhadora. Dia do Trabalho é todos os dias”, frisou.
Marinho fez um balanço sobre os dois anos e quatro meses de governo. Disse que o número de geração de emprego nesse período é de “pouco mais de 3 milhões”.
“Certamente temos que comemorar, com certeza, os dados, porque temos responsabilidade e buscamos ajudar a manter a atividade econômica, produzindo e gerando emprego”, afirmou.
Em relação ao programa de crédito consignado para o trabalhador da iniciativa privada, uma das medidas recentes de estímulo ao consumo do governo com juros subsidiados, Marinho adiantou que, em 40 dias, foram registrados quase R$ 10 bilhões de empréstimos. “Isso leva à seguinte conclusão: o governo tem a sensibilidade de observar o endividamento das famílias de trabalhadores de faixas de baixo salário e elas estão conseguindo trocar uma dívida mais cara, reduzindo a parcela dos financiamentos. Isso, portanto, é a melhora da capacidade do poder de compra”, afirmou.
Marinho ainda declarou que o juro do rotativo do cartão de crédito “é uma armadilha” e, portanto, é preciso fugir desse tipo de empréstimo. “A gente espera, com isso, que as famílias possam planejar melhor e substituir dívida cara por dívida barata”, adicionou.
Desempenho no mês
Marinho destacou que três dos cinco grandes grupamentos de atividade econômica registraram saldos positivos no mês de março na geração de emprego: serviços, de 52.459, construção, de 21.946, e indústria, de 13.131. Enquanto isso, comércio e agropecuária registraram queda na geração de emprego, com saldos negativos de 10.310 e 5.644, respectivamente.
De acordo com Marinho, em março deste ano, foram registrados saldos positivos em 19 das 27 Unidades Federativas (UF), com destaque para São Paulo (+34.864 postos), Minas Gerais (+18.169) e Santa Catarina (+9.841). Entre os oitos entes federativos que apresentaram saldos negativos, os destaques foram Mato Grosso (-3.544 postos), Rio de Janeiro (-6.758) e Alagoas (-8.492 postos)
Conforme os dados do Caged, dos postos de trabalho gerados, 73,5% podem ser considerados típicos e 26,5% não típicos, majoritariamente 30 horas ou menos (+26.213), aprendizes (+12.531) e intermitentes (+11.511).
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No acumulado dos últimos 12 meses até março, o saldo de geração de emprego formal no no cadastro do MTE foi de 1.613.752 postos de trabalho, dado 1,8% abaixo do registrado no mesmo período de 2024. Já o estoque de trabalhadores celetistas somou 47.857 vínculos nos setores público e privado, “o maior da série histórica”, segundo Marinho.
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