
Em mais um dia turbulento no mercado financeiro, o dólar manteve a trajetória de alta observada nos últimos dias e chegou perto da barreira dos R$ 6, nesta terça-feira (8/4), algo que não ocorria desde o último dia 22 de janeiro. Ao final do dia, o câmbio encerrou o pregão em alta de 1,46%, e a moeda fechou em R$ 5,997.
O real sofreu novamente os impactos da incerteza que ronda os mercados globais. Em períodos assim, os investidores optam por mercados considerados mais seguros, como é o caso dos Estados Unidos. Diante disso, a moeda brasileira foi na direção contrária ao resto do mundo, visto que o Índice DXY, que mede a força do dólar em relação às principais moedas, teve queda de 0,28% na sessão.
Já a bolsa de valores fechou mais um dia em queda, desta vez com baixa de 1,32%, aos 123.931 pontos. As maiores ações listadas no Ibovespa voltaram a operar no vermelho e puxaram o principal índice da B3 para o negativo. Os papeis da Vale (VALE3) desabaram 5,48%, com o minério de ferro perdendo força mais uma vez na Bolsa de Dalian, na China, enquanto as ações preferenciais da Petrobras (PETR4) recuaram 3,52%.
Apesar do contexto desfavorável, uma parcela dos economistas acredita que o Brasil pode se beneficiar da situação. Para o analista e head do departamento de análises quantitativas e sócio da Equus Capital, Felipe Uchida, o governo brasileiro pode redirecionar produtos destinados ao mercado americano e expandir as exportações agrícolas a outros países, visto que a China também impôs tarifas retaliatórias.
“O Brasil terá que adotar estratégias para aproveitar as oportunidades no setor agrícola, principalmente com a alta do dólar, que torna seus produtos mais competitivos no mercado internacional. Com isso, o país pode ampliar sua presença em mercados que estão perdendo produtos chineses devido às tarifas de Trump, especialmente em áreas como soja, carne e café, que são fortemente demandadas", avalia Uchida.