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"O secretário extraordinário da Reforma Tributária, do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, disse à imprensa que o novo sistema não vai exigir nada mais do que apenas a simples emissão de nota fiscal", lembra.</p> <p class="texto">"Ora, essa simplificação, mesmo que fosse dessa forma, só começará a valer em 1º de janeiro de 2033. Mas, se fosse simples desse jeito, por que pelo menos três projetos de lei para regulamentar, com centenas de páginas e centenas de artigos?", questiona Ribeiro.</p> <p class="texto">Além disso, na Câmara e no Senado, os textos seguramente vão receber emendas, a acrescentar ainda mais exceções e particularidades. "Serão centenas de novas regras a serem interpretadas e aplicadas por quem, pelo Fisco sozinho? 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<strong>Esportes</strong> <span>Artur Jorge valoriza desempenho contra o Fortaleza</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/cidades-df/2024/05/6855910-pmdf-envia-25-militares-para-forca-tarefa-de-combate-ao-crime-no-rs.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/05/12/img_20240512_wa0083-37020307.jpg?20240512230949" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Cidades DF</strong> <span>PMDF envia 25 militares para força-tarefa de combate ao crime no RS</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/esportes/2024/05/6855891-rafael-paiva-cita-equilibrio-e-projeta-futuro-8216a-disposicao-do-vasco-8217.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/05/12/rafael_paiva_easy_resize_com__610x400-37024415.jpg?20240512215444" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Esportes</strong> <span>Rafael Paiva cita equilíbrio e projeta futuro: ‘À disposição do Vasco’</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/diversao-e-arte/2024/05/6855888-ex-mulher-de-pereio-cissa-guimaraes-lamenta-morte-do-ator-te-amo.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2024/05/12/12-37024384.jpg?20240512215305" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Diversão e Arte</strong> <span>Ex-mulher de Pereio, Cissa Guimarães lamenta morte do ator: "Te amo"</span> </div> </a> </li> <li> <a href="/ciencia-e-saude/2024/05/6855886-jovens-estao-cada-vez-mais-calvos.html"> <amp-img src="https://midias.correiobraziliense.com.br/_midias/jpg/2020/11/11/calvicie-6392447.jpg?20240512213456" alt="" width="150" height="100"></amp-img> <div class="words"> <strong>Ciência e Saúde</strong> <span>Jovens estão cada vez mais calvos</span> </div> </a> </li> </ul> </div><br /></p>", "isAccessibleForFree": true, "image": [ 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Aumento de exceções pode distorcer reforma tributária 84c34 dizem especialistas
Arrecadação

Aumento de exceções pode distorcer reforma tributária, dizem especialistas 2v4a

Especialistas alertam para os lobbies empresariais que começaram no Congresso Nacional pela inclusão de seus produtos na lista de exceções à alíquota do novo IVA. Quando maior o número de itens, maior será a alíquota média 1pz3

Com a entrega do projeto de regulamentação da reforma tributária, foi aberta a temporada de lobbies. Diversos setores da economia começaram uma peregrinação pelos corredores da Câmara dos Deputados e do Senado na tentativa de entrar no regime de exceções, para obter desconto em cima da alíquota base do novo Imposto sobre Valor Agregado (IVA). Especialistas alertam que o aumento do número de exceções pode acabar distorcendo o projeto.

Um eventual aumento da lista de produtos ou serviços isentos, por exemplo, é um risco para a alta da carga para outros setores. Segundo o doutor em direito tributário Fábio Luiz Gomes, alguém vai ter que pagar a conta. "As isenções tributárias, ou a instituição de regimes específicos podem nos colocar em uma situação de fragilidade e tornar o nosso sistema complexo, portanto, quanto menos regimes específicos melhor, lógico, não excluindo aqueles sistemas específicos que sejam realmente imprescindíveis ao sistema brasileiro", afirma.

As discussões sobre o tema foram travadas na última semana, devido às emendas emergenciais destinadas para os desastres no Rio Grande do Sul. O próximo o será a análise do texto pelas comissões, grupos de trabalho que poderão sugerir alterações ao projeto, onde ganhará força a queda de braço.

Vão ser exigidas pelo menos três leis complementares para regulamentar todos os novos temas. Só a primeira delas — a Lei Geral do Imposto sobre Bens e Serviços (IBS), da Contribuição Social sobre Bens e Serviços (CBS) e do Imposto Seletivo (IS), cujo projeto já foi entregue pelo Executivo ao Legislativo — tem 306 páginas e cerca de 500 artigos. As estimativas preveem alíquota de 26,5%, mas pode variar entre 25,7% e 27,3%.

Fora isso, um outro projeto vai tratar da atuação do Comitê Gestor do IBS e da distribuição das receitas do IBS entre os entes federativos, conforme informam o Ministério da Fazenda e a Câmara dos Deputados. O governo planejava entregar esse projeto na primeira quinzena de maio.

  • Projeto que regulamenta a reforma tributária segue para o Congresso Nacional y6f4f

  • Desigualdade no país expõe urgência de reforma tributária 5l4i3g

  • Reforma tributária: todas as compras internacionais serão taxadas 3xmr

Para o advogado tributarista Lucas Ribeiro, CEO da ROIT, empresa de inteligência artificial para área tributária e financeira, está sendo propagada uma "simplicidade" que, na prática, mostra-se impossível de ser concretizada antes de 2033, quando se encerra o período de transição. "O secretário extraordinário da Reforma Tributária, do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, disse à imprensa que o novo sistema não vai exigir nada mais do que apenas a simples emissão de nota fiscal", lembra.

"Ora, essa simplificação, mesmo que fosse dessa forma, só começará a valer em 1º de janeiro de 2033. Mas, se fosse simples desse jeito, por que pelo menos três projetos de lei para regulamentar, com centenas de páginas e centenas de artigos?", questiona Ribeiro.

Além disso, na Câmara e no Senado, os textos seguramente vão receber emendas, a acrescentar ainda mais exceções e particularidades. "Serão centenas de novas regras a serem interpretadas e aplicadas por quem, pelo Fisco sozinho? Como se fosse bem tranquilo combinar mais de 2 bilhões de cenários tributários possíveis para emitir uma nota hoje, somados às centenas de novas regras que estão por vir", avalia.

Alimentos na mira

A isenção da cesta básica acabou se tornando um dos pontos mais polêmicos do novo regime tributário e alvo de embate direto com a indústria de alimentos. "Certamente a cesta básica será uma das principais discussões, especialmente pela exclusão das carnes da isenção de 100%", destacou a advogada Mariana Ferreira, especialista em direito tributário do Murayama, Affonso Ferreira e Mota Advogados.

"O creditamento do IBS e da CBS também deverá ser questionado, em virtude da necessidade de comprovação do pagamento na etapa anterior. Os bens de uso e consumo que não gerarão direito de crédito, como plano de saúde, educação, seguros, também têm um forte apelo das empresas para ser revisto", avaliou.

O governo sugeriu imposto zero para 15 produtos da cesta básica, como arroz, feijão, farinha, leite, açúcar e margarina. A Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA) já afirmou que vai lutar para aumentar o número de produtos isentos. Outra lista teria redução de 60%, incluindo carnes bovinas, suína e de peixe e sal. E uma terceira, com "artigos de luxo", teria alíquota normal. O imposto pago voltaria parcialmente para as famílias de baixa renda com renda per capita de até meio salário mínimo, o chamado "cashback".

A bancada ruralista se posicionou contra o mecanismo de desconto proposto pelo governo e sinalizou que tentará reverter o dispositivo. "Reforçamos nossa posição sobre a desoneração da Cesta Básica, sem cashback, para famílias que necessitam de o à comida barata e de qualidade, como medida urgente e necessária para combater a inflação de alimentos", destaca a FPA, em nota.

Difícil aplicação

Na visão de tributaristas, o cashback, destinado às famílias de baixa renda, é de difícil aplicação na prática, da maneira como foi apresentado. O mecanismo prevê a devolução de parte dos impostos pagos por famílias de baixa renda. Terão direito à devolução famílias que ganham até meio salário mínimo por pessoa, atualmente R$ 706, incluídas no Cadastro Único do governo federal (CadÚnico).

Entre os bens e serviços que contarão com o mecanismo estão a energia elétrica, água e esgoto, com proposta de devolução de até 50% dos tributos. No caso do gás de cozinha, o retorno pode chegar a 100%, e sobre os demais produtos o retorno será de 20%. Os únicos produtos que não contarão com o cashback são aqueles sujeitos ao Imposto Seletivo.

"O sistema é interessante, entretanto o problema será fazer com que ele funcione na prática. A previsão é que seja utilizada alguma base dos programas sociais já existentes tendo, ainda, a complexidade de como será realizado o controle e pagamento do cashback", pondera Francisco Nogueira, sócio-fundador do escritório Gasparini, Nogueira de Lima e Barbosa Advogados.

Há dúvidas sobre o funcionamento do cadastro das pessoas de baixa renda e como e em quanto tempo essa restituição retornará ao contribuinte. "Além disso, deve ser levado em consideração que em muitos locais a informalidade na ponta do consumidor ainda é grande, impossibilitando a aplicação do cashback no mundo real", completa.

Um outro ponto que deve gerar grande debate será a gestão integrada do IBS que será feita por um Comitê Gestor, em linhas gerais, são 27 unidades da Federação e 5.565 municípios, todos na busca de participar dessa gestão. "Existem muitos temas e detalhes que deverão ser discutidos e que, certamente, mobilizarão empresários, entidades de classe, profissionais especializados, governo e parlamentares", diz Nogueira.

Planos de saúde

Outro burburinho na disputa diz respeito aos planos de saúde. O secretário extraordinário da Reforma Tributária do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, dedicou os últimos dias para rebater críticas de que os seguros ficarão mais caros com o novo regime tributário. As novas regras vêm sendo alvo de associações setoriais, porque a regra acabaria com a possibilidade de empresas que contratam estes serviços gerarem créditos para abater tributos — o que poderia desestimular a contratação.

Os planos de saúde terão desconto de 60% do IVA, assim, seu imposto ficaria em 10,6% sobre sua margem, que é a subtração entre o valor cobrado pelos que contratam os serviços e as cifras gastas com hospitais, laboratórios, medicamentos e outros insumos. No entanto, a norma impede que as empresas deduzam do cálculo do IVA os gastos com o plano de saúde corporativo dos funcionários.

O setor de seguros alega que a regulamentação impede que os empregadores aproveitem os créditos que serão gerados na aquisição de planos para os seus funcionários, o que significa que essas empresas não poderão abater o IVA pago na etapa anterior da cadeia.

No entendimento das seguradoras, esse mecanismo pode desestimular a contratação do produto como benefício aos funcionários. Elas ameaçam acabar com os planos de saúde, caso a norma seja mantida. Os funcionários terão a possibilidade de contratar por fora, no entanto o valor deve ser salgado.

"Apareceram notícias completamente equivocadas, não tem nenhum efeito em relação à tributação atual. Vai ficar 1% para cima ou para baixo", rebateu Appy, que já definiu a questão como "tempestade em copo d'água".

 


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