A vida dos músicos em turnê é um eterno movimento em busca da novidade. Os discos são pensados para ir para a estrada, mas quando começam os shows e as viagens, a cabeça já está em um próximo disco. Dessa forma, o ciclo vai se repetindo. Com o duo francês Air, pelo menos, sempre foi assim. Porém, neste C6 Fest a escolha foi por fazer diferente. Eles trazem o repertório de celebração ao Moon Safari, disco de 1998 que será executado na íntegra para os fãs brasileiros no Parque do Ibirapuera em São Paulo, neste sábado (24/5).
A dupla formada por Nicolas Godin e Jean-Benoît Dunckel é uma das atrações principais da terceira edição do festival paulista focado em jazz e música indie com uma curadoria especializada em novos talentos. Os dois trazem a turnê mais recente que já havia ado pela América do Sul no ano ado sem parada no Brasil.
O Air é muito cultuado no meio da música indie, mas há anos está também no chamado mainstream. Considerados inovadores da música eletrônica, Nicolas e Jean viram o próprio trabalho chegar a um público mais amplo justamente com o álbum que estão fazendo a turnê comemorativa. “A gente não imaginava que o disco seria um sucesso tão grande. Era um trabalho longe do mainstream, era muito artístico”, lembra Jean em coletiva de imprensa que contou com a presença do Correio.
O músico confidencia que, apesar de usarem o inglês nas músicas por ser uma língua mais universal e atingir mais gente, nunca foi uma pretensão da banda chegar ao grande público. “Nós nunca pensamos em chegar até as pessoas. Queríamos fazer a música certa e que nós gostávamos”, explica o artista. “Era difícil para uma banda sa alcançar o mundo, então não tínhamos exatamente expectativas e sim esperanças”, recorda.
Dessa forma, o Air retorna para um lugar de alegria. Voltam para o disco que trouxe a possibilidade de dialogar com o um público mais amplo e variado. Se não fosse o Moon Safari, talvez a banda jamais chegasse ao cargo de headliner de um festival brasileiro. “Estamos muito felizes de rebobinar esses sucessos para o público”, diz Nicolas que aproveita para elogiar o Brasil. “É uma cultura que conversa muito com a nossa. Amamos o Brasil”, comenta.
O integrante do duo classifica a experiência de sair em turnê com esse álbum como: “uma das mais empolgantes da carreira”. Isso, porque, finalmente sente que está fazendo jus às músicas que gravaram em 1998. “Essa é a primeira vez que aceitamos esse disco como ele era em 1998, tem sido uma boa sensação tocar as músicas como elas são. Chega ser um alívio e relaxante aceitar as canções como elas são e não tentar ficar encaixando novas versões de nós nelas”, reflete.
As músicas da época trazem consigo uma sensação boa de estar de volta em um período que ou. “É como se a gente entrasse numa máquina do tempo e acordássemos em 1998 de novo. Assinamos os vinis do Moon Saffari e usamos os mesmos instrumentos da época. Eu queria que todo mundo tivesse essa experiência”, conta Nicolas. “É legal e estranho, porque parece que você está vivendo um sonho”, complementa.
O Air, portanto, quer levar o público nessa viagem no tempo que os dois integrantes vivem durante a turnê e prometem que a experiência será melhor do que no ado. “Acho que vai ser melhor assistir a gente agora do que há 30 anos”, acredita Nicolas.
Inteligência artificial 3q6rw
Sempre muito antenados em tecnologia e buscando novas formas de adaptar instrumentos e ferramentas para fazerem novos sons, os dois artistas poderiam ser defensores da inteligência artificial. No entanto, tomaram um caminho contrário. “Nós ainda não temos IAs fazendo músicas tão boas quanto as dos grandes artistas, talvez um dia consigam, mas agora ainda não”, analisa Nicolas.
O artista lembra de quando gravavam os primeiros discos nos anos 1990 e como precisavam se virar com mesas de apenas 8 canais de áudio. E a dificuldade de pesquisar e achar soluções. “Essas limitações nos faziam muito criativos. Com a IA é tudo ilimitado, deve ser difícil saber o que quer fazer”, afirma. “Limitação é criação, acredito eu”, completa.