
A cantora Lorde, de 28 anos, conhecida por sucessos como Ribs, Buzzcut Season e o icônico Royals, compartilhou em recente entrevista à revista Rolling Stone uma reflexão profunda sobre sua identidade de gênero. A artista, que se prepara para lançar seu próximo álbum intitulado Virgin, revelou que o processo criativo do novo trabalho e conversas com pessoas próximas a levaram a se questionar sobre como se enxerga nesse aspecto.
Em destaque na faixa de abertura de Virgin, Lorde canta: “Alguns dias sou uma mulher / Alguns dias sou um homem”. O verso provocativo chamou a atenção da cantora Chappell Roan, amiga e referência na cena LGBTQIA+, que questionou Lorde diretamente: “Então, você é não binária agora?” A resposta da artista foi espontânea: “Sou mulher, exceto nos dias em que sou homem.” Ela complementa: “Sei que não é uma resposta muito satisfatória, mas há uma parte de mim que resiste muito a rotular isso.”
Apesar de ainda se identificar como mulher cisgênero e usar os pronomes ela/dela, Lorde ite viver um “meio-termo em questões de gênero”. Essa ambiguidade, segundo ela, ou a ganhar forma tanto pessoalmente quanto musicalmente ao longo do desenvolvimento do novo disco.
Outro momento marcante nesse processo de autoexploração ocorreu em uma ida despretensiosa a uma loja de roupas. Ao experimentar uma calça jeans masculina, Lorde enviou uma foto ao produtor do álbum, Jim-E Stack. “Ele disse: ‘Quero ver você, que está nessa foto, representada na música’. Isso foi antes de eu sequer considerar que minha expressão de gênero pudesse estar se expandindo”, relatou.
Virgin tem lançamento marcado para 27 de junho e contará com a turnê promocional Ultrasound, que, para a frustração de muitos fãs, não incluirá o Brasil na rota inicial. A nova fase promete revelar uma Lorde ainda mais íntima, questionadora e em sintonia com nuances que ultraam rótulos tradicionais.
O que se sabe sobre ‘Virgin’ da Lorde
Após quatro anos longe do estúdio e do foco midiático, a artista neozelandesa Lorde marca seu aguardado retorno com Virgin, seu quarto trabalho de estúdio, cuja estreia está programada para o dia 27 de junho pelas gravadoras Universal Music New Zealand e Republic Records. A nova era da cantora começou oficialmente em 24 de abril, quando ela apresentou o single “What Was That” — uma batida vibrante de synth-pop que, com humor e intensidade, revela momentos íntimos vividos nos bastidores de sua ausência pública.
O clipe da faixa, feito de maneira caseira, capturou Lorde se apresentando de forma espontânea diante de uma multidão reunida no Washington Square Park, em Nova York — um evento tão impactante que chegou a ser interrompido pelas autoridades devido ao volume de fãs presentes. Para muitos, esse momento simbolizou a volta triunfal da cantora e acendeu de vez as expectativas para o novo disco.
Ao longo da última década, Lorde consolidou sua identidade musical com trabalhos únicos como Pure Heroine (2013), Melodrama (2017) e Solar Power (2021). Cada um desses projetos explorou sonoridades e temáticas distintas, e Virgin promete seguir essa tradição de reinvenção. Embora detalhes completos sobre o conteúdo do álbum ainda estejam sob sigilo, já se sabe que ele representa uma guinada emocional e conceitual profunda.
Entre os nomes envolvidos na produção estão Jim-E Stack, Fabiana Palladino, Andrew Aged, Buddy Ross, Dan Nigro e Dev Hynes (do projeto Blood Orange). Curiosamente, esta será a primeira vez que Lorde trabalha sem Jack Antonoff desde 2013, sinalizando uma clara ruptura com seus últimos processos criativos.
A arte do álbum também reflete a proposta ousada de Virgin. A capa traz uma radiografia azulada da pelve feminina com um DIU visível — um gesto simbólico que despertou debates e elogios nas redes sociais. A imagem, segundo fãs, evoca transparência, feminilidade e ruptura com convenções.
Mais do que um disco, Virgin é um retrato cru da vida de Lorde nos últimos anos. Em texto publicado em seu site oficial, ela descreve o álbum como uma obra de “transparência total”, onde som e palavra se unem para revelar sua jornada de autoconhecimento. “Eu estava tentando me ver até o fim”, escreveu. “Tudo neste trabalho é visceral — cru, inocente, masculino e espiritual ao mesmo tempo.”
Parte desse processo foi profundamente pessoal. Em entrevista ao Document Journal, Lorde compartilhou experiências com distorção de imagem corporal e transtornos alimentares, revelando que precisou se reconectar fisicamente consigo mesma para conseguir criar novamente. “Foi um processo longo de recuperação e aceitação. Este álbum é o resultado de ter habitado meu corpo de verdade pela primeira vez.”
Além disso, ela destacou como o álbum Brat, de Charli XCX, a impulsionou a buscar autenticidade e clareza conceitual. “Ver colegas fazendo trabalhos tão definidos me inspirou a ir mais fundo”, contou em conversa com a BBC Radio 1.
Com Virgin, Lorde não apenas quebra um hiato criativo — ela apresenta uma versão lapidada, vulnerável e destemida de si mesma. O álbum promete ser um marco em sua trajetória, não só pela sonoridade, mas pelo mergulho emocional e artístico que representa.