Jornal Correio Braziliense 4y3m40

MÚSICA

Brasiliense consegue bolsa na prestigiada Julliard School, em Nova York 6yj4y

Cantora lírica, Manuela Korossy ou pelas três etapas necessárias para conseguir uma bolsa de 90% na instituição de ensino superior. Agora, ela tenta arrecadar o necessário para completar a matrícula e conseguir viver na cidade norte-americana 2244s

Foi durante uma participação no coro lírico infantil de uma apresentação de Carmem, no Festival de Ópera do Teatro Nacional, que Manuela Korossy teve a certeza de que queria seguir a carreira de cantora lírica. Aos 11 anos, ela percebeu que o palco e a música lírica eram as coisas com as quais mais se identificava. Na época, a menina estudava canto há quatro anos e integrava uma das turmas de musicalização infantil da Escola de Música de Brasília (EMB). “Foi a primeira vez que participei de uma montagem de ópera profissional e essa experiência me fez decidir que queria seguir carreira na ópera”, conta. 3u5a43

Os os seguintes seriam de muito estudo, mas o talento de Manuela fez com que pulasse algumas etapas. Fez prova para o curso básico de canto aos 15 anos e foi aprovada. Uma vez matriculada e com três semestres cursados, metade da formação básica completa, a jovem cantora decidiu fazer prova para um nível superior e ou para o curso técnico, que também não terminou, porque foi aceita na Universidade de Brasília (UnB). Agora, aos 19 anos, Manuela se deparou com a possibilidade de realização de um sonho para muitos estudantes de canto lírico: foi aprovada nas três etapas de seleção da Julliard School, a escola superior de música de Nova York, uma das mais prestigiadas no mundo quando se trata da formação em música.

A brasileira conseguiu aprovação com bolsa de 90%, que paga quase todas as despesas de mensalidade e matrícula na escola, mas, mesmo assim, precisa de ajuda para conseguir se manter na cidade americana durante os quatro anos do curso de canto lírico. Para realizar o sonho, Manuela está montando uma vaquinha e começou uma campanha, pelas redes sociais para receber doações. Em duas contas no Instagram (@manuela_korossy_soprano e @primobaciodaprile), ela apresenta o próprio trabalho e conta como foi a seleção para a Julliard. As contribuições podem ser feitas pelo pix manuelat.korossy@gmail.com. Manuela precisaria de R$ 180 mil para completar a matrícula na escola e viver em Nova York.

O caminho para a Julliard apresentou-se pelas redes sociais. Após fazer uma aula pelo Facebook com a professora Rachel Willis Sorensen, a brasiliense foi procurada por uma das alunas, que ficou encantada com a performance da menina, e ouviu que devia se candidatar à escola americana. Daí em diante, foi uma correria para preparar repertório com os professores de Brasília, Vilma Bittencourt e Irene Bentley, e com o americano Darrell Babidge, professor na Julliard. Ela gravou peças de Claudio Santoro, Johann Sebastian Bach, Edward Elgar e Georg Friedrich Haendel. “Mandei, morrendo de medo, mas chegou a notícia de que tinha ado”, lembra.

A segunda etapa também foi um vídeo gravado no estúdio da UnB, mas foi a terceira e última fase que trouxe o desafio para a cantora. Em recuperação, após contrair a covid-19 e sentir muita dor de garganta, ela não sabia se conseguiria segurar a voz em uma performance ao vivo, em chamada de vídeo. “Achei que não teria sintomas, mas tive dor de garganta e outros que afetam a capacidade respiratória”, explica. Depois de acompanhamento fonoaudiológico no Hran e com a ajuda dos professores, Manuela realizou a prova e acabou aceita.

A concorrência na carreira e a entrega corporal do cantor lírico são semelhantes à do bailarino: há muitas sopranos como Manuela no mercado que aspiram aos palcos internacionais, mas poucas chegam lá. A exigência vocal é uma demanda física que, se não for bem cuidada e trabalhada, pode inviabilizar a voz. A brasiliense sabe disso, mas não se intimida: “A carreira de cantor lírico é semelhante à de um bailarino, você vai dedicar sua vida para isso”.