
Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) estão investigando uma espécie de fungo que pode servir como modelo para compreender a possibilidade de existência de vida em ambientes extraterrestres.
O estudo, conduzido por Alef dos Santos durante o doutorado no Programa de Pós-Graduação em Química, analisou o material genético do fungo Rhinocladiella similis. Foram identificados genes e algumas características que podem explicar a sobrevivência do microrganismo em condições adversas.
Os fungos capazes de sobreviver em ambientes extremos, como no deserto, regiões polares, e até mesmo em reatores nucleares, são chamados de extremófilos. Eles podem ser encontrados em locais com altos níveis de radiação, temperaturas extremas e baixa disponibilidade de água.
"O fungo investigado na pesquisa foi isolado de um frasco de âmbar contendo uma solução de ácido clorídrico, armazenado no nosso laboratório no Departamento de Química da UFSCar, o Laboratório de Bioquímica Micromolecular de Microrganismos. Foi nesse momento que percebi o potencial desse microrganismo para ser estudado. Imagine encontrar um fungo sobrevivendo em uma solução de ácido clorídrico, é algo extremamente curioso", conta Alef dos Santos.
Os cientistas identificaram genes que dão resistência ao fungo a condições extremas semelhantes às de Marte, como alta exposição à radiação ultravioleta e baixa disponibilidade de água. Segundo a pesquisa, os resultados reforçam o potencial dos extremófilos como chaves para entender os limites da vida e as possíveis manifestações em outros planetas.
Para testar a resistência, os pesquisadores cultivaram o fungo em um substrato que simula a camada de poeira e rochas que recobre a superfície de Marte. Os resultados surpreenderam: Rhinocladiella similis não apenas sobreviveu, mas também produziu metabólitos únicos, como oxilipinas e sideróforos, que podem funcionar como sinais químicos que indicam a possível presença de vida.
"Estudar extremófilos nos ajuda a enxergar novas possibilidades de onde e como a vida pode existir no Universo", cita Alef.
O estudo foi publicado no periódico JACS Au e pode ser ado na íntegra neste link.
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