
Dá para misturar rock e xadrez? Em Ceilândia, a resposta é sim! O Tapera Pub, bar que tem como proprietário Santos Tapera, 50 anos, ou a reunir os amantes do jogo todas as terças-feiras, há um ano. Só que a ideia nem veio do dono do estabelecimento, como ele mesmo conta.
"Há pouco mais de um ano, alguns clientes do bar começaram a trazer seu próprio tabuleiro para jogar xadrez. Meses depois, um deles deu a ideia de reservar um dia só para jogar, foi quando criamos a terça do xadrez", lembra. "Acabou dando muito certo e o bar fica muito movimentado, desde jogadores de alto nível até aqueles que estão querendo aprender a jogar", acrescenta.
Mas e a história de Santos Tapera com Ceilândia? Essa teve início há muito mais tempo. "Cheguei aqui aos 10 anos de idade e, aos 37, decidi montar uma lanchonete", recorda. "Só que, por causa das músicas que tocavam, acabou se tornando um bar de rock. Decidi continuar nessa tocada e, graças a Deus, teve uma boa aceitação da galera de Ceilândia", pontua.
Sobre a lembrança mais marcante da região, ele afirma que é a época em que chegou em Ceilândia, nas "casas da Shis". "Eram muito pequenas, sem muros e tinha aquele 'terrão batido'. Estava na minha pré-adolescência e brincava muito com as crianças", afirma.
"Apesar de ser uma região muito pobre, naquele tempo, éramos muito unidos, com os vizinhos chamando para aniversários uns dos outros", comenta. Tapera ressalta que é impressionante ver como a região cresceu. "A parte negativa é que, com o tempo, foi se perdendo essa união, muito pelo fato de Ceilândia ter se tornado uma cidade grande" pondera.
Futuro
Sobre o que mais gosta de fazer na cidade, ele conta que, deixando o grupo de xadrez de lado, adora frequentar outros bares de rock de Ceilândia. "Além disso, tem os flashbacks da cidade, que são muito bons", destaca. Sobre a Ceilândia do futuro, Tapera diz ter a esperança de que o governo do Distrito Federal olhe mais para a região, incentivando o lazer e a cultura local.
O comerciante ressalta que o que mais valoriza em Ceilândia é o espaço e a clientela que conquistou, durante o tempo em que mora na região. "Isso é muito satisfatório para mim. Tenho clientes que vêm de outras regiões, só por causa do bar. Apesar das dificuldades, tenho muita gratidão por Ceilândia, não moraria em outra região istrativa", garante.
Paixão sonora pela cidade
Uma das personagens que faz parte da cena cultural da cidade é Tânia Regina, conhecida como DJ Tânia, 52 anos, que comanda diversas festas de flashback dos anos 1980 e 1990. Antes de se aventurar no mundo dos discos, Tânia era dançarina. Ela conta que, quando se mudou de Sobradinho para Ceilândia, em 2015, foi acolhida nos bailes e festas de que participava. "Quando mudei para cá, comecei a frequentar alguns bailes. As meninas ficaram encantadas quando me viam dançar. Eu ensinava alguns os para elas, e as garotas repetiam com ritmo perfeito", diz.
Ceilândia deu a Tânia duas novas paixões: ser DJ e ter conhecido seu marido, Djsmoogg. "Foi nessa época que tive a curiosidade de aprender a tocar, me casei com o Djsmoog e nossa casa tinha um monte de equipamentos. No início, enfrentei várias dificuldades, mas com ajuda de amigos que já tocavam há um tempo, fui aprendendo aos poucos e começando a me apresentar em festas", completa.
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