
A Semana Distrital de Conscientização e Promoção da Educação Inclusiva aos Alunos com Necessidades Educacionais Especiais, instituída pela Lei Distrital 6.849/2021, tem como objetivo fortalecer a inclusão no ambiente escolar, proporcionando vivências e diálogos sobre conquistas, desafios e direitos das pessoas com deficiência. No Centro de Educação de Jovens e Adultos da Asa Sul (Cesas), a programação da Semana da Inclusão tem reunido alunos, professores e parceiros em atividades diversas, promovendo um espaço de aprendizado e acolhimento.
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O Cesas, que há 50 anos atende um público em situação de vulnerabilidade, tem na inclusão um de seus pilares fundamentais. Além das turmas regulares da Educação de Jovens e Adultos (Eja), a escola conta com salas bilíngues para alunos surdos, salas de recursos para estudantes com deficiência visual e generalistas, além de cursos profissionalizantes voltados a diferentes públicos.
Segundo a vice-diretora da instituição, professora Rita Roriz, a inclusão sempre fez parte da identidade da escola. “Aqui temos atendimento para todas as deficiências. Os alunos são incluídos nas turmas regulares, o que potencializa a inserção social. Nossa comunidade é composta por idosos, pessoas em situação de rua, do sistema prisional e da socioeducação. O Cesas é a última porta da sociedade, e aqui trabalhamos a inclusão social, econômica e educacional”, explica.
Arte e inclusão
A semana contou com diversas atividades, incluindo palestras, oficinas e apresentações artísticas. Nesta quinta-feira (13/3), ocorreu a oficina de artes inclusiva, realizada em parceria com a Associação de Pais, Amigos e Pessoas com Deficiência e funcionários do Banco do Brasil (APBB) e a Comunidade. Durante a oficina, os alunos produziram um mural artístico com a palavra “inclusão”, explorando diferentes técnicas e materiais. No turno da tarde, o grupo utilizou palmas das mãos para criar pinturas coloridas no .
À frente da oficina de arte inclusiva está o professor Carlos Rufino, que há 11 anos desenvolve atividades no Cesas por meio da parceria com a APABB. Seu trabalho vai além da prática artística, envolvendo também um ensino teórico sobre a história da arte e diferentes técnicas. “Quando trabalho com cerâmica, por exemplo, não é só pegar a argila e moldar. Explico a história, como surgiu e para que serve. O mesmo acontece com a xilogravura e a pintura abstrata, onde fazemos releituras de artistas famosos. A oficina não se limita à prática, há um contexto por trás de cada atividade”, destaca.
Além das oficinas na escola, a APABB promove eios externos para os alunos e suas famílias, proporcionando momentos de lazer e interação social. “Levamos os estudantes para eios de barco, clube e balneários, dividindo as vagas entre o Cesas, a APABB e a comunidade”, conta o professor.
Os frutos do trabalho desenvolvido nas oficinas já renderam mais de 28 exposições, incluindo espaços como o Metrô de Brasília e o Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB). Ao final de cada ano letivo, os alunos expõem suas produções, e parte das obras é vendida a preços simbólicos. “Sessenta por cento da renda vai para os alunos, e os outros 40% ajudam a comprar materiais para as oficinas”, explica Rufino.
A programação da Semana da Inclusão segue até esta sexta-feira (14/3), encerrando com uma apresentação da banda Good Time Rock Banda, formada por músicos autistas.
Impacto nos alunos
Para os estudantes, as oficinas de arte vão além do aprendizado técnico, sendo uma forma de expressão e fortalecimento da autoestima. Catarina Brizola, 21 anos, aluna com deficiência e moradora do Jardim Botânico, compartilha sua experiência. “Eu amo aqui. O Carlos foi meu professor no ano ado e me ensinou muita coisa. Ele é minha inspiração na arte, porque quero ser a melhor artista de todas. Mas, além das técnicas, aprendemos sobre amor e carinho. Ele está sempre perto de nós e organiza eios que adoro”, afirma.
Já a aluna surda Rosângela Maria, 44, moradora de Taguatinga, celebrou sua participação ativa na escola. “Gostei muito da atividade. O professor Carlos organizou um eio no ano ado que eu adorei e ensinou língua de sinais. Essa semana também é importante para aprender português. Terça-feira ada eu fui ensinar língua de sinais para os alunos, e hoje foi a pintura, fiquei irada. A primeira vez que ensino língua de sinais para outros alunos foi aqui no Cesas. Estou me desenvolvendo muito e estou muito feliz. Venham para cá!”, disse, empolgada.
Programação
-10/03 – Apresentação de karatê do aluno Saulo Jonas (Síndrome de Down) e seu professor (9h30)
-11/03 – Oficinas de Soroban e Braille (manhã e tarde)
-12/03 – Palestra com a neuropsicopedagoga Márcia Lyra (9h)
-13/03 – Oficina de artes inclusiva em parceria com a APABB (9h e 14h)
Apresentação do grupo de dança cigana inclusivo Namastê (10h30)
-14/03 – Apresentação da banda Good Time Rock Banda (10h30 e 16h)
*Estagiária sob a supervisão de Márcia Machado