SAÚDE

A dança como caminho de superação, conexão e transformação pessoal e social

A dança é uma linguagem universal que une pessoas de todas as idades, proporcionando conexões e alegria. A prática promove a socialização, fortalece os vínculos entre as pessoas e estimula a saúde física e mental

Rodrigo Mena Barreto dá aula de balet na academia Lúcia Toller -  (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)
Rodrigo Mena Barreto dá aula de balet na academia Lúcia Toller - (crédito: Minervino Júnior/CB/D.A.Press)

Muito mais do que os sincronizados ou ritmos contagiantes, a dança é uma linguagem universal que conecta corpo, mente, alma e pessoas de todas as idades. Quando dançamos, não apenas nos movemos. Nós nos libertamos. Cada o, giro ou salto é uma forma de expressão que ultraa as palavras e transforma vidas.  

Aos 72 anos, Ana Lúcia Fleury é um exemplo desse poder transformador. Aluna assídua de forró e bolero, ela não perde um dia de aula e conta como a dança a ajudou a superar um câncer e dois infartos. "Eu achava que estava condenada, mas foi dançando que encontrei força e alegria para viver. Quando entrava nas cirurgias, dizia aos médicos: 'Preciso ficar bem para dançar'. As lembranças dos os me davam vida", relembra.  

Para Ana, os benefícios vão além do físico. "Você pode estar com um problema, mas ouve uma música, dança, e isso te leva de volta a momentos bons. Movimentar-se melhora tudo, te faz acreditar que pode, que sabe, mesmo quando acha que não consegue."  

Do balé clássico ao samba, cada estilo promove equilíbrio, coordenação e resistência, além do fortalecimento muscular e do aumento da flexibilidade. E o melhor: é tão divertido que nem parece exercício. Rodrigo Mena Barreto, 47 anos, coreógrafo e professor com 30 anos de carreira, avalia que a dança tem o poder de unir mundos distantes. "Em uma das minhas turmas, temos meninas de 14 anos dançando junto com mulheres de 55. Não importa o corpo ou a idade, na dança, essas barreiras desaparecem. É uma interação linda", comenta o coreógrafo destacando as lições que a prática trouxe. "Ela mudou minha vida completamente. Aprendi disciplina, pontualidade e a focar no que realmente importa", reflete. 

Todas as quintas-feiras, no Céu das Artes, em Ceilândia, uma turma de apaixonados por flashback se reúne para dançar freestyle e charme e relembrar os embalos das noites dos anos 90
Em Ceilândia, grupo relembra os embalos dos anos 90 (foto: Material cedido ao Correio )

Nostalgia 

Todas as quintas-feiras, no Céu das Artes, em Ceilândia, uma turma de apaixonados por flashback se reúne para dançar freestyle e charme e relembrar os embalos das noites dos anos 90. O projeto, gratuito, é organizado por Lauro Manoel, 45 anos, e atrai cerca de 100 pessoas de 13 a 65 anos. "Ela (a dança) me trouxe felicidade, amizades e a oportunidade de dançar para cantores internacionais, como Ray Guell. Além disso, proporciona raciocínio rápido, condicionamento físico, prazer e felicidade espontânea e duradoura  ", afirma.  

Mais do que um movimento, a dança é uma ferramenta poderosa de socialização. A pequena Jhenifer Navarro, 9 anos, entende bem isso. Aluna de balé e hip-hop desde os 5 anos, ela descreve sua experiência com paixão. "Quando danço, me sinto livre, como um arinho voando". Para Jhenifer, dançar em grupo é ainda mais divertido. "Nos espetáculos, é muito legal porque tem mais gente", compara  

Allan César, 27, encontrou na dança uma forma de refúgio. Indicado por um psicólogo, ele começou a praticar jazz, funk, hip-hop e dancehall e descobriu nos os uma nova terapia
Allan César dança jazz, funk, hip-hop e dancehall: autoconhecimento (foto: Material cedido ao Correio )

Allan César, 27, encontrou na dança uma forma de refúgio. Por indicação de um psicólogo, começou a praticar jazz, funk, hip-hop e dancehall. "Ela me ajudou a enxergar do que sou capaz. A dança não é só movimento — é autoconhecimento e superação", conta. "Mudou a minha vida, hoje, os meus amigos me enxergam de uma forma diferente. Eu me enxergo de uma forma diferente, sinto que ela me deu autonomia para que eu possa existir em plenitude", afirma. 

A dançarina profissional Aline Rossi, 24, apresenta-se em uma companhia de dança contemporânea e urbana. Para ela, as competições que participa são momentos marcantes. "É gratificante ensaiar com o objetivo de competir. Quando ganhamos, é uma alegria imensa, e quando não ganhamos, a experiência é enriquecedora", afirma.  

Para quem quer começar a dançar, ela aconselha valorizar essa vontade. "Se tiver vergonha de ir direto fazer uma aula, uma opção é assistir em plataformas de vídeo e tentar aprender as coreografias, botar músicas que você gosta, dançar sozinho olhando no espelho, e se divertir."

Venha dançar 

A Biblioteca Nacional de Brasília (BNB) está com inscrições abertas para aulas gratuitas de samba de gafieira, ministradas pelo professor Daniel Rivas. O curso oferece 20 vagas, sendo 10 para quem deseja conduzir e 10 para quem prefere ser conduzido. As primeiras 10 vagas serão preenchidas por ordem de inscrição, enquanto as demais serão sorteadas.  

Os interessados devem preencher o formulário disponível nas redes sociais da BNB. É necessário ter, no mínimo, 18 anos. A aula inaugural ocorreu neste mês, marcando o início de um curso com duração de seis meses. As aulas serão realizadas às quartas-feiras, das 12h às 13h30, no foyer do segundo andar da Biblioteca Nacional. De acordo com Daniel Rivas, o objetivo do curso é democratizar o o ao samba de gafieira, um dos gêneros musicais mais tradicionais do Brasil, com raízes no maxixe.

Com inscrições abertas desde 7 de fevereiro, o projeto O samba e elas oferece aulas gratuitas para mulheres interessadas em aprender o ritmo, nos dias 22 e 23 de fevereiro, na Biblioteca Nacional de Brasília. Ao todo, são 60 vagas divididas em duas turmas. O formulário de inscrição está disponível no Instagram da Biblioteca Nacional. As aulas ocorrerão das 10h30 às 12h, na Biblioteca Nacional, e serão ministradas pela professora e coreógrafa Odilia Botelho, bailarina e musa da Águia Imperial, escola de samba de Ceilândia.

  • Aline Rossi
    Aline Rossi Arquivo pessoal
  • Rodrigo Mena Barreto dá aula de balet na academia Lúcia Toller
    Rodrigo Mena Barreto dá aula de balet na academia Lúcia Toller Minervino Júnior/CB/D.A.Press
  • Jhenifer Navarro, 9 anos, é aluna de balé e hip-hop desde os 5 anos, ela descreve sua experiência com paixão
    Jhenifer Navarro, 9 anos, é aluna de balé e hip-hop desde os 5 anos, ela descreve sua experiência com paixão Material cedido ao Correio
  • Jhenifer Navarro é aluna de balé e de hip-hop desde os  5 anos:
    Jhenifer Navarro é aluna de balé e de hip-hop desde os 5 anos: "Eu me sinto livre como um arinho voando" Fotos: Material cedido ao Correio

Mariana Saraiva
postado em 17/02/2025 06:00 / atualizado em 13/03/2025 22:05
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