
Para incentivar o ecoturismo do cerrado e a economia local, o projeto Caminho dos Veadeiros reuniu três trilheiros experientes que se voluntariaram para percorrerem mais de 525 quilômetros a pé. Em 6 de julho, o grupo saiu de Formosa (GO), no Entorno do Distrito Federal, rumo ao destino final: Cavalcante (GO), município na Chapada dos Veadeiros.
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Com 15 a 20 dias de duração, a expedição-piloto e conduzida pelo guia turístico Guilhermy Maso, 37 anos, pelos voluntários Mateus Matos, 31, empresário, e Márcio Chapola, 50, militar da reserva. Até esta quarta-feira (12/7), o trio percorreu 160 quilômetros de cachoeiras, dormiu na beira de rios e caminhou pelo Parque Municipal do Itiquira. No dia seguinte, ou por São João D’Aliança, conhecido como o Portal da Chapada dos Veadeiros.
O guia turístico conta que, em alguns dias, andaram apenas 15km devido às dificuldades apresentadas pelo caminho, como trechos sem trilha. Em outros dias, conseguiram percorrer 32km a pé. Em seguida, o trio andou na Serra Geral do Paranã, em São João D’Aliança, rumo a Alto Paraíso de Goiás.
Guia há um ano e frequentador da Chapada dos Veadeiros há 15, Guilhermy participou de trilhas exploratórias de diversos pontos percorridos com os voluntários. “Mesmo conhecendo alguns trechos, percorrer o caminho todo de uma vez, reunindo o trabalho de anos de muitas pessoas, foi algo muito revelador. Não esperava nem metade de tudo que já aconteceu”, emociona-se.
Mateus conta que o grupo ou por diferentes fitofisionomias do cerrado (tipos de vegetação presentes em um determinado bioma) e identificou mudanças no terreno. “Percebemos que o cerrado está sendo invadido por espécies invasoras, além de muitas plantações e áreas abertas para gado”, assegura.
Colaboradora do Caminho dos Veadeiros, a policial militar ambiental Jussiara Lopes, 32, auxilia os voluntários em contato com donos de pousadas e comerciantes próximos aos trilheiros com a entrega de alguns itens para a trilha, como chinelo, comida e pilha para rastreador.
Esse trabalho mostra uma das propostas da iniciativa colocadas em prática: aquecer a economia local. “O Caminho dos Veadeiros é uma trilha de longo curso que a a pé e de bike por comunidades, muitas vezes, esquecidas”, revela.
Parte da Rede Brasileira de Trilhas, o projeto é uma iniciativa conjunta entre a Associação de Escalada do Planalto Central (AEP), o Ministério do Meio Ambiente (MMA), o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), o Ministério do Turismo (MTur), Goiás Turismo, Prefeituras, associações de guias, empreendedores e outras instituições. Um dos princípios do projeto é a conservação ambiental. “Quanto mais pessoas conscientes am por esses locais, mais o desenvolvimento acontece”, comenta Jussiara.
Confira a rota da caminhada do grupo
Caminho Alto
Composto por estradas estaduais com pouco movimento ligadas por estradas municipais vicinais e trilhas onde o silêncio e a natureza reinam, o Caminho dos Veadeiros segue pela parte alta da Serra do Paranã, começando em Planaltina.
Em seguida, é preciso ar pelo povoado do Córrego Rico, pelo município de Água Fria de Goiás, chegando em São João D'Aliança, dando o ao Morro do Vento, Cachoeira das Andorinhas, Bocaina do Farias e Macaquinhos. Após um curto trecho em asfalto pela BR-010, chega-se a Alto Paraíso de Goiás. Nessa parte, são atingidos aproximadamente 258 quilômetros.
Caminho Baixo
Logo depois, a trilha segue pela parte baixa da Serra do Paranã, começando em Formosa, ando pelo Parque Municipal do Itiquira, São João D'liança e Alto Paraíso. A maior parte do caminho segue pela GO-116, incorporando o Pedal das Pontes, famoso desafio entre os ciclistas da região.
Essa rota dá o à parte baixa da EcoBocaina (parque de Ecoturismo em Formosa), à Cachoeira do Label e à vista dos paredões da Serra do Paranã, até contornar a Serra da Baliza e chegar em Alto Paraíso, onde encontra o Caminho Alto. Esse percurso atinge 266 quilômetros de trilha.
Ciclovia
A partir de Alto Paraíso, a rota segue por uma ciclovia que a aos pés dos morros do Buracão e da Baleia, pelo Jardim de Maytrea, até chegar em São Jorge, antigo povoado garimpeiro localizado na entrada do Parque Nacional da Chapada dos Veadeiros. De lá, segue para Colinas do Sul e Cavalcante. A extensão estimada de Alto Paraíso até Cavalcante é de 204 quilômetros.
Os pontos de pernoite costumam ser nas sedes de propriedades rurais para garantir a segurança do viajante, geração de renda e a gestão de lixo, mantimentos e objetos. Há trechos onde o pernoite é feito em áreas selvagens.
Sinalização
A trilha ainda encontra-se em implementação. Alguns trechos já estão liberados e contam com a sinalização no leito principal com a técnica de sinalização rústica, pintada em rochas, árvores e mourões. No sentido Sul-Norte, o visitante deve seguir as pegadas amarelas em fundo preto. No sentido Norte-Sul, a rota deve seguir as pegadas pretas em fundo amarelo.
Não há placas ou outros itens de direção e a sinalização pode desaparecer devido às intempéries, por isso é recomendado o uso de GPS como apoio ou a contratação de um condutor. Os trechos liberados estão disponíveis no perfil oficial do projeto na plataforma Wikiloc.
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