Em meio ao avanço tecnológico e ao consumo crescente de dispositivos eletrônicos, um aspecto frequentemente ignorado é o valor oculto presente nos aparelhos que deixam de funcionar. Pesquisas recentes revelam que muitos equipamentos eletrônicos descartados contêm pequenas quantidades de ouro, especialmente em componentes como placas-mãe e chips. Este fato desperta um novo olhar sobre o destino desses resíduos e abre caminho para soluções inovadoras no campo do reaproveitamento de metais preciosos.
O descarte inadequado de eletrônicos representa não apenas uma perda de recursos valiosos, mas também um desafio ambiental significativo. Estima-se que, em 2025, o volume global de lixo eletrônico ultrae 50 milhões de toneladas por ano, sendo que grande parte desse material não é reciclado de forma eficiente. Diante desse cenário, métodos sustentáveis para a recuperação de ouro e outros metais ganham destaque e relevância.
Como o ouro está presente nos dispositivos eletrônicos?
O ouro é amplamente utilizado na fabricação de aparelhos eletrônicos devido à sua excelente condutividade elétrica e resistência à corrosão. Elementos como celulares, computadores, tablets e televisores possuem pequenas quantidades desse metal em suas conexões, contatos e circuitos internos. Apesar de a quantidade individual ser reduzida, o acúmulo de milhares de dispositivos pode resultar em uma quantidade significativa de ouro recuperável.
Qual é a nova técnica sustentável para extrair ouro de eletrônicos?
Pesquisadores suíços desenvolveram uma abordagem inovadora para extrair ouro de resíduos eletrônicos, utilizando um método mais ecológico em comparação aos processos tradicionais. A técnica consiste no uso de esponjas proteicas feitas a partir de fibrilas de soro de leite, um subproduto da indústria de laticínios. Essas esponjas têm a capacidade de capturar íons de ouro presentes em soluções resultantes da dissolução de componentes eletrônicos.
Após a captura, o ouro é submetido a um tratamento térmico, transformando-se em pequenas pepitas de 22 quilates. Este processo elimina a necessidade de produtos químicos tóxicos, como cianeto e mercúrio, frequentemente empregados em métodos convencionais de extração. Assim, a técnica suíça representa um avanço significativo tanto em eficiência quanto em respeito ao meio ambiente. Vale destacar que esse método foi inicialmente desenvolvido na Suíça, país reconhecido internacionalmente por sua liderança em inovações tecnológicas voltadas para a sustentabilidade.
Quais dispositivos eletrônicos contêm ouro e outros metais valiosos?
Diversos aparelhos presentes no cotidiano armazenam pequenas quantidades de metais preciosos em seus componentes internos. Entre os dispositivos mais comuns que podem conter ouro, destacam-se:
- Celulares e smartphones
- Computadores e notebooks
- Tablets
- Televisores
- Consoles de videogame
- Placas-mãe e chips de memória
- Impressoras, modems e roteadores
- Decodificadores e sintonizadores de TV
Além do ouro, esses equipamentos também podem conter cobre, paládio, níquel e outros metais de alto valor comercial, ampliando as possibilidades de reciclagem e reaproveitamento. Recentemente, estudos da ONU e da Agência Internacional de Energia reforçam a importância de investir em métodos de recuperação desses elementos para reduzir a pressão sobre a extração de novas matérias-primas.

Quais os benefícios ambientais e econômicos dessa inovação?
A adoção de métodos sustentáveis para a extração de ouro e outros metais de resíduos eletrônicos pode gerar impactos positivos em diferentes esferas. Entre os principais benefícios, destacam-se:
- Redução do impacto ambiental: Evita o uso de substâncias tóxicas e diminui a contaminação do solo e da água.
- Recuperação de recursos: Permite o reaproveitamento de metais valiosos, reduzindo a necessidade de mineração.
- Geração de oportunidades econômicas: Cria novos mercados e incentiva a economia circular, transformando resíduos em matéria-prima.
Essas vantagens contribuem para um modelo de produção mais sustentável e para a preservação dos recursos naturais. Países como Japão já utilizam grandes volumes de resíduos eletrônicos como fonte para a extração de metais preciosos, inclusive na fabricação de medalhas olímpicas em Tóquio 2020, ilustrando o potencial prático dessa abordagem.
Como a reciclagem de eletrônicos pode evoluir nos próximos anos?
Com o avanço de técnicas como a desenvolvida pelos pesquisadores suíços, a reciclagem de dispositivos eletrônicos tende a se tornar mais eficiente e ível. A integração de métodos sustentáveis com outras tecnologias, como a pirometalurgia e a hidrometalurgia, pode ampliar ainda mais a recuperação de materiais. O incentivo à coleta seletiva e à conscientização sobre o valor dos resíduos eletrônicos também será fundamental para o sucesso dessas iniciativas.
O futuro aponta para uma economia circular, na qual produtos descartados são reinseridos na cadeia produtiva como fontes de matérias-primas. Essa transformação pode representar um o importante na direção de um consumo mais responsável e de um planeta menos impactado pelo descarte inadequado de eletrônicos. A experiência do Brasil na implementação de pontos de coleta e parcerias com empresas especializadas demonstra que é possível promover a reciclagem e impulsionar a inovação neste setor.