Uma pesquisa inovadora conduzida por cientistas da Universidade de São Paulo (USP) revelou que a Elevação do Rio Grande, localizada no Atlântico Sul a cerca de 1.200 quilômetros da costa brasileira, era uma vasta ilha tropical entre 45 e 40 milhões de anos atrás. Esta descoberta foi possível graças à análise de argilas vermelhas e minerais típicos de alterações tropicais em rochas vulcânicas, indicando que a região foi emersa e coberta por vegetação densa.
Os pesquisadores utilizaram navios de pesquisa oceanográfica, como o Alpha Crucis da USP e o Discovery da realeza britânica, para coletar amostras de argila vermelha a uma profundidade de aproximadamente 650 metros. A expedição fez parte de um projeto apoiado pela FAPESP, com a colaboração de cientistas do Instituto Oceanográfico da USP e da University of Southampton, na Inglaterra.
Qual a importância geológica da elevação do Rio Grande?
A Elevação do Rio Grande é de grande interesse geológico devido à sua formação única e potencial para ser incluída na plataforma continental brasileira. Estudos indicam que as argilas se formaram após as últimas atividades vulcânicas, há cerca de 45 milhões de anos, em condições tropicais. A pesquisa liderada pelo professor Luigi Jovane, do IO-USP, destaca a importância de uma equipe multidisciplinar para compreender os impactos ambientais e a viabilidade de exploração da região.
O trabalho de Jovane, apoiado pela FAPESP, resultou em várias publicações científicas que exploram as características das rochas vulcânicas e crostas de ferromanganês da Elevação do Rio Grande. Essas descobertas são cruciais para entender a formação geológica e os recursos minerais presentes na área.

Como foi realizada a pesquisa na elevação do Rio Grande?
Os cientistas focaram seus estudos na parte oriental da Elevação do Rio Grande, utilizando mapeamento batimétrico de alta resolução para reconstruir a região. Com o auxílio de veículos submarinos autônomos (AUV) e operados remotamente (ROV), foram coletadas amostras, dados magnéticos e imagens do fundo do mar. Esses equipamentos permitiram uma análise detalhada da topografia e dos sedimentos da área.
A parceria com o National Oceanography Centre (NOC) de Southampton foi essencial, pois o Brasil não possui esse tipo de equipamento. A pesquisa, no entanto, é totalmente brasileira, com contribuições significativas para o entendimento da geologia e ecossistemas marinhos da Elevação do Rio Grande.
Quais são os desafios e potenciais da exploração na elevação do Rio Grande?
A Elevação do Rio Grande apresenta desafios significativos para a exploração de seus recursos minerais, como cobalto, níquel, lítio e terras-raras. Esses minérios são essenciais para indústrias de energia de alta eficiência, que buscam alternativas aos combustíveis fósseis. No entanto, a exploração deve ser cuidadosamente planejada para minimizar impactos ambientais.
Entender os serviços ecossistêmicos e processos naturais da região é fundamental para avaliar os impactos ambientais e desenvolver estratégias de preservação. A pesquisa contínua é vital para garantir que qualquer exploração futura seja sustentável e respeite a biodiversidade local.