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Ciência e Saúde

Lâmpada mal escolhida ou instalada pode criar problemas de visão 4q1g5

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Quem tem problemas para enxergar sabe bem como é a rotina de cuidados com os olhos. Lentes sempre por perto, exames periódicos e um monitoramento constante do grau de dificuldade são medidas obrigatórias. Donos de uma visão perfeita, entretanto, também precisam estar atentos ; inclusive, a coisas banais do cotidiano. Uma lâmpada mal instalada ou horas consecutivas em frente a um computador, por exemplo, podem provocar cansaço ocular, irritação e dores de cabeça. Os especialistas recomendam minutos de repouso a cada par de horas de exposição à luz das máquinas e, acima de tudo, atenção aos sinais enviados pelo corpo.A luminosidade, natural ou artificial, chega aos olhos como uma onda visível, captada pelo complexo sistema da visão. Os raios atravessam a córnea e vão para a retina, que forma uma imagem invertida da cena. Células especializadas enviam essa informação visual ao cérebro por meio do sistema nervoso. Já na mente, ocorre a correção do quadro, o que faz com que a imagem seja vista da forma original. Embora boa parte do trabalho fique com o cérebro, o olho, antes disso, cumpre uma série de tarefas. Mais ou menos como uma câmera fotográfica, o músculo ocular precisa regular o foco e a entrada de luz. É justamente nesse ponto que pesam as condições de iluminação dos ambientes.;A pupila dilata e contrai conforme a situação. Assim, a luz não pode estimular o olho demasiadamente, nem o contrário. Se você está em um local muito iluminado, isso pode acabar gerando desconforto, porque o olho faz força para que a pupila fique mais fechada;, explica o oftalmologista Juscelino de Oliveira, do ICB Oftalmologia. Do lado de fora, isso parece óbvio, uma vez que a luz solar é muito forte, mas o mesmo fenômeno acontece com lâmpadas artificiais ; sejam elas incandescentes ou fluorescentes. O ideal, afirma Oliveira, é que lustres, abajures e luminárias não lancem seus raios diretamente sobre o rosto das pessoas ou sobre o objeto observado (veja infografia). ;É preciso haver um equilíbrio entre o que vai para o foco e para o rosto do indivíduo;, recomenda.Para Marco Antônio Alves, da Sociedade Brasileira de Oftalmologia (SBO), o mais indicado é o uso de lâmpadas incandescentes para a leitura. ;Se não houver luz natural, as incandescentes são a melhor opção. Sua luminosidade é contínua, enquanto as fluorescentes, por vezes, apresentam uma oscilação que pode provocar cansaço nos olhos, principalmente, entre pessoas mais sensíveis;, esclarece. A intermitência, porém, tem sido, cada vez mais, reduzida. ;Antigamente, algumas tinham um starter (mecanismo que ajuda a ligar a lâmpada), que a deixava piscando. Hoje, isso já está bastante amenizado;, diz Juscelino de Oliveira.O especialista também ressalta que as fluorescentes não provocam qualquer problema de saúde. Há algum tempo, circularam boatos na internet afirmando que essas lâmpadas liberavam radiação nociva aos olhos e à pele. ;A excitação do fósforo dentro da lâmpada (que é provocada por radiação ultravioleta) não causa qualquer dano e não chega até as pessoas. A luz do sol de Brasília, ao meio-dia, sem óculos escuros, é muito mais agressiva;, compara o oftalmologista. As fluorescentes também não exigem a aplicação do filtro solar. ;A luz visível não causa câncer nem qualquer outra doença;, garante Marcus Maia, coordenador da campanha nacional contra o câncer de pele.agem controladaO ajuste da absorção de luz pela pupila também é feito diante de computadores, aparelhos de televisão e, até mesmo, telefones celulares. Nesses casos, a tela não deve estar com brilho excessivo. Se a intenção é permanecer em frente à máquina por horas, é preciso estabelecer uma distância mínima. ;Isso varia conforme a pessoa, o tamanho da fonte e a mesa sobre a qual o equipamento está apoiado, mas eu costumo indicar uma distância de, pelo menos, um braço;, aponta Juscelino Oliveira.Pessoas que trabalham por muito tempo em frente a computadores também podem ter ressecamento nos olhos. ;Se o usuário fica muito tenso, com o olhar fixado na tela, acaba piscando menos. Consequentemente, ele resseca a região, já exausta pelo esforço de focar as imagens;, descreve o oftalmologista Marco Antônio Alves. Os adultos são os que mais sofrem com esse tipo de problema, mas também é preciso estar atento à reação de crianças que utilizam as máquinas por longos períodos. ;Elas têm um poder de adaptação enorme, muito maior do que o dos mais velhos. Mesmo assim, é recomendável uma consulta com um especialista diante de queixas como ardência e dor de cabeça.;Além disso, os oftalmologistas aconselham minutos de descanso a cada duas horas de exposição à tela de um computador. Nesse intervalo, é bom que a pessoa caminhe e procure olhar para cenas amplas, sem forçar o foco da visão. Diante de todas as medidas preventivas, quem continuar sentindo desconforto deve procurar ajuda médica. Em alguns casos, a istração de colírios e o uso de óculos diminuem o incômodo.Perto do fimEm janeiro deste ano, o governo brasileiro editou duas portarias que determinam a substituição gradual de todas as lâmpadas incandescentes por fluorescentes ; com as justificativas de que elas não fazem mal à saúde, são mais econômicas e ambientalmente sustentáveis. Consideradas mais econômicas e duráveis, elas serão dominantes no país até junho de 2016, quando termina o prazo para a troca. A mesma exigência já foi adotada em diversos lugares, entre os quais a Índia e a União Europeia.Raras manifestaçõesEmbora a maioria das pessoas não tenha qualquer problema de saúde provocado por luzes artificiais, há algumas doenças que podem ser desencadeadas por fatores genéticos associados à exposição a esse tipo de iluminação. O lúpus erimatoso é uma delas, assim como a urticária, uma alergia grave. A única lâmpada que, comprovadamente, faz mal ao organismo é a que está presente em cabines de bronzeamento, já banidas no Brasil. Esses artefatos liberam radiação ultravioleta, uma das principais responsáveis pelo aparecimento de melanomas.Palavra do especialista:Cuidados necessários;A preocupação com a luminosidade dos ambientes sempre existiu entre os profissionais, mas, em geral, as pessoas não ligam muito para isso. Elas vão a uma loja e escolhem as luminárias pelo aspecto estético e pelo preço. O problema é que uma iluminação errada pode gerar um grande desconforto.Por exemplo: se a ideia é criar um ambiente relaxante, não adianta colocar uma luz branca estimulante. Em um local assim, se houver uma televisão, a pessoa pode até ficar com os olhos avermelhados. Em vitrines de loja ou ambientes de trabalho, é o contrário: é preciso colocar luzes estimulantes. Tudo precisa estar em sinergia com o ambiente, e o melhor é procurar a ajuda de um especialista. O resultado, certamente, será mais conforto, bem-estar, economia e saúde.;Everton Luís Silka, engenheiro de iluminação 5416x