Cidades

Caso Carlos Mota: delegado diz não ter dúvida de autoria do crime

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postado em 11/02/2009 14:32
O delegado-chefe da 35ª Delegacia de Polícia de Sobradinho II, Márcio Michel, responsável pelas investigações da Polícia Civil sobre o assassinato do professor Carlos Ramos Mota, 44 anos, diretor do Centro de Ensino Fundamental Lago Oeste (CEF-LO), foi a quinta e última testemunha de acusação ouvida nesta quarta-feira (11/02) durante o julgamento do caso. Contundente, disse não ter dúvida da participação dos quatro acusados no crime. Márcio Michel relatou ao juiz Daniel Mesquita Guerra, do Fórum de Sobradinho, e aos sete jurados que, durante as investigações, ouviu que o professor estava batendo de frente com as pessoas que ficavam na cercania das escolas, seja traficando ou bebendo. Ao localizar Gilson Oliveira, 31 anos, principal suspeito do homicídio, chegou aos acusados que estão sendo julgados hoje: Carlos Lima do Nascimento (conhecido como Gabiru), 22 anos, Benedito Alexandro do Nascimento, 20, e Alessandro José de Sousa, 19. Os três são réus confessos. Segundo ele, os quatro andavam sempre juntos. Ao ser detido, Gabiru, que já era conhecido pela polícia por realizar furtos na região, teria dito que encontrou Gilson e os outros dois na noite do crime. Ele estaria chateado por ter sido proibido de entrar no colégio e queria mostrar quem era o dono do pedaço. Após ar a noite bebendo no bar, eles teriam ido até a residência da vítima, de acordo com o depoimento. Gabiru era o único que conhecia a chácara porque já tinha trabalhado como jardineiro de uma casa próxima. Michel também afirmou que, na reconstituição, os três deram detalhes minuciosos do crime. Gilson foi o único que se recusou a participar. "O professor Mota era um idealista. Foi vítima dele mesmo. Pensou que pudesse coibir esse tipo de coisa por conta própria", disse o delegado. Além de dar como certa a autoria do homicídio, ele disse esperar que a justiça seja feita. Testemunha legítima No início da participação do delegado Márcio Michel, o advogado de defesa, Wandecir Ferreira, questionou o fato do investigador do caso ser testemunha de acusação. O representante dos acusados queria que Michel não fosse ouvido, mas o pedido foi negado pelo juiz. Antes do delegado, testemunharam contra os acusados a filha do dono do bar onde eles teriam ado a noite bebendo; um aluno da escola; um pedreiro que trabalhava com Gilson há sete anos; e uma mulher que morava na mesma chácara que Gabiru. Após a fala dos cinco, o magistrado pediu um recesso. Por volta das 15h30, a audiência deve ser retomada, e 10 testemunhas defenderão três dos quatro acusados. Gilson Oliveira, 31 anos, recorreu da sentença e teve o processo desmembrado. A data do juri do principal acusado ainda não está definida, porque o recurso ainda terá que ser analisado. a previsão é que os depoimentos durem até o início da noite, e só então os acusados devem sentar no banco dos réus. A sentença está prevista para sair já na madrugada. O crime Os acusados foram denunciados pelo Ministério Público por homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e sem dar chance de defesa à vítima), crime cuja pena varia de 12 e 30 anos de prisão. Carlos Mota foi assassinado em casa, em uma chácara do Lago Oeste, em junho de 2008. O professor combatia o tráfico de drogas na escola e, segundo a polícia, o crime foi motivado por uma discussão entre ele e Gilson de Oliveira, que teria ido ao colégio cobrar dívidas de drogas de estudantes. Comoção popular A comunidade escolar do Lago Oeste se mobilizou, na manhã desta quarta-feira, para acompanhar o julgamento de três acusados de matar o diretor Carlos Mota. Professores, alunos, parentes e amigos sairam em carreata da porta do centro de ensino, no Lago Oeste, até o Fórum de Sobradinho, onde a audiência teve início por volta das 9h. Vestidos com camisetas brancas, com um foto da vítima estampada, eles lotaram o auditório, com capacidade para 150 pessoas. Muita gente aguarda do lado de fora, com faixas e cartazes pedindo justiça e paz.

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